Ante a perspectiva (mais que provável) de não resultar das próximas eleições maioria absoluta de um partido, implicando isso a necessidade - face às regras impostas pelo FMI a este seu protectorado à beira-mar plantado - de uma coligação pós-eleitoral, as posições de Passos Coelho podem parecer contraditórias mas, na verdade, são é dinâmicas.
Numa primeira fase, Passos Coelho defendeu que o PSD estava disposto a governar com o PS, mas nunca com Sócrates. Entretanto a coisa evoluiu e ontem Passos Coelho repetiu (segunda fase) o que já dissera uns dias antes: "Comigo não contarão para fazer um Governo com o PS".
Se as regras das progressões aritméticas se aplicarem às progressões lógicas, a posição de Passos Coelho irá agora evoluir para uma terceira e última fase em que o PSD fará governo com Sócrates, mas nunca com o PS.
Como se vê, há aqui progresso de sentido. Já as posições de Sócrates quanto a governar ou não com o FMI anulam-se entre si deixando um vazio total de sentido. Primeiro garantiu que nunca os portugueses o veriam a governar com o FMI (o que tanto pode ter sido uma declaração de princípios como um palpite quanto ao resultado das eleições de 5 de Junho). A seguir não só negociou a intervenção do FMI como vai a votos disputar a honra de governar com a benemérita instituição. Talvez alguém encontre diferenças. Mas, como diz o taoista, quem vê diferenças caminha de morte em morte.
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