(Expresso)
Concedo que, em 2009, o PS não estava a mentir. Estava só iludido, pobrezinho.
Concedo que, vá, o PS foi apenas irresponsável e irracional do ponto ideológico quando desprezou o problema da dívida.
A Ferreira Leite era uma velhinha, coitadinha, que não sabia o que estava a dizer, burrinha, o endividamento não era um problema, ora-essa-queremos-a-nossa-modernidade, o PS podia continuar a pedir dinheiro emprestado para fazer as suas estradas e TGVs.
Ora, em 2011, o PS já não está na ilusão, está na mentira pura e dura.
O PS está a mentir aos portugueses, e é bom que isso fique escrito na pedra.
Isto não é uma questão de opinião. É uma questão de facto.
E não, não é marketing político (o que raio é isso de marketing político, já agora? O nome antigo era mais honesto: propaganda). O nome epistemológico da coisa é mentira. Existe uma linha na areia que divide o marketing da mentira. E essa linha é ultrapassada quando alguém nem sequer respeita a sua própria assinatura, como é o caso deste PS.
Neste momento, os líderes do PS falam como se o documento da troika não existisse. O tal documento que Sócrates assinou, o tal documento que Sócrates considerou como bom.
Em 2009, os socialistas falavam como se a realidade não existisse.
Problema sério, sem dúvida, mas em 2011 o problema é ainda maior: o PS não está a respeitar a sua própria palavra.
O PS assinou um documento que é bem claro sobre as medidas que têm de ser tomadas pelo próximo governo.
E - usando a linguagem do PS - essas medidas são todas "neoliberais", são todas de "dirrrreita" (carregar nos R's, como faz Louçã).
Nos comícios, o PS diz que a "dirrrrreita" portuguesa quer privatizar tudo. Só falta dizer que a "dirrrreita" quer privatizar a luz de Lisboa.
Mas, no documento, podemos ler que o PS também aceitou um vasto programa de privatizações.
Nos comícios, o PS diz que "ai, jesus, que querem privatizar a CGD".
No documento, podemos ler que o próximo governo tem de privatizar a área de seguros da CGD (tal como Passos tem defendido).
O PS fala dos despedimentos selvagens da "dirrrreita".
Pois, no documento podemos ver que o PS se comprometeu a "preparar uma proposta que visa introduzir ajustamentos aos casos de despedimento individual por justa causa".
O PS está a fazer um discurso à BE, à Manuel Alegre quando acabou de assinar um documento que o compromete com uma política à Blair, à liberalismo social-democrata nórdico.
O PS está a mentir aos portugueses, porque não acredito que tenha mentido à troika. Ou mentiu?
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