sexta-feira, 20 de maio de 2011

Jogar às eleições

Para mim, a popularidade das sondagens continua a ser um mistério maior, que nenhuma ficha, por mais técnica que seja, consegue elucidar.

É certo que as sondagens não prometem exactidão. É uma atitude sensata, já que até a física só à condição é que promete que a água ferva a 100 graus centígrados. No entanto as fichas técnicas reclamam "margens de erro" reduzidíssimas, o que, sendo compreensível do ponto de vista da credibilidade comercial do produto (pois as sondagens são um negócio), suscita mais interrogações que respostas.

A mais recente sondagem da Intercampus para o "Público" e a TVI sobre as intenções de voto (só esta expressão, "intenções de voto", é um mundo) nas próximas eleições põe o PSD com 0,7% de vantagem sobre o PS. Há três dias, em outra sondagem da mesma empresa, era o PS que tinha 2,9% de vantagem sobre o PSD e, quatro dias antes, tinha o PSD 1,1% de vantagem.




Todos estes resultados foram obtidos ouvindo pouco mais de mil pessoas "com telefone fixo" (em tempos em que o telefone fixo é quase uma raridade arqueológica). E nenhum deles poderá ser confirmado nem desmentido.

Não os conhecendo bem, não ponho em dúvida os métodos estatísticos que, a partir de uma tal amostragem, permitem anunciar resultados, quaisquer que sejam. Mas pergunto-me se alguém se meteria a comprar um carro em segunda mão (e quem diz um carro em segunda mão diz uma estratégia política) confiando neles.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Este blogue é gerido por Zé da Silva.
A partilha de ideias é bem vinda, mesmo que sejam muito diferentes das minhas. Má educação é que não.