Um facilitismo alastrante
O que se passa na Nação? Falta de coragem aos políticos e aos empresários? Há inércia nos jovens? A culpa é dos professores desses jovens ou dos seus pais, que nunca souberam o que era poupar ou fazer sacrifícios.Tenho colocado essa questão a mim próprio, pois sou professor há uma eternidade, desde 1965. Primeiro, verifico a evidência de um «facilitismo alastrante». Este termo, que inventei para lhe responder, nunca tinha dito isto na minha vida, sintetiza a sua questão. Considero este facilitismo absolutamente inaceitável, como pai, avô – bisavô não chegarei lá. Há, por outro lado, uma incapacidade ou uma vontade colectiva de não transmitir exigência, disciplina e rigor. Como se fosse algo errado, quando é a única coisa certa. Um sistema ou uma pessoa que, quando está a transmitir conhecimento e a educar, rejeita transmitir a exigência está a auto-negar-se. Nega-se a si próprio e perante os alunos. O aluno com o tempo, vai verificar que foi enganado e nunca perdoará aos seus professores. Eu não sei o que faria se me lembrasse de os meus professores me terem enganado.
Ensinar é saber dar aulas?
Ensinar é dar-se. É dar-se a si próprio, é algo irrepetível. Esta noção é inseparável do acto de ensinar e de aprender. Caso contrário, é mentira; os professores vão ficar com uma má consciência até morrerem e os alunos vão descobrir mais tarde que foram enganados e não vão perdoar… Por outro lado, os exemplos negativos abundam. Temos de valorizar os professores de qualidade e que vivem a vida nesse acto de transmitir e de se darem e, ainda, de perceber que é a actividade mais nobre do ser humano. Importa referir que há muita gente boa em Portugal, mas que não se vê…
Essas pessoas não se vêem por que razão?
Porque se vê, sobretudo, o facilitismo alastrante que é transmitido ao longo da carreira de comando. Este é um quadro que dura há décadas e cujo custo irá projectar-se para várias décadas
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