segunda-feira, 18 de abril de 2011

Vergonha



Está na moda dizer mal de Portugal e dos portugueses e eu, que há anos digo que precisamos é de trabalhar mais, não quero estar fora de moda. Na semana passada escrevi que os principais dirigentes do país estavam doidos e hoje quero voltar à carga. Não são apenas os dirigentes que estão doidos, é o país inteiro.


Não está ninguém a pensar mudar de vida, está todo um povo à espera que o pesadelo termine e seja de novo tempo de gastar à tripa forra, acumulando dívidas. Não aprendemos com os erros do passado e não estamos disponíveis para aprender com o sofrimento que sobre milhões de pessoas hoje se abate.

Somos pobres que invejam a riqueza dos ricos e clamam por justiça apenas até ao momento em que de pobres passamos a ricos. Não nos incomoda a injustiça com os outros. Somos egoístas. Falta-nos ambição para lutar por uma sociedade mais justa, que só existirá no dia em que cada um dos portugueses estiver disponível para dar um pouco do que tem a quem falta tudo.

Temos uma elite que utiliza o descontentamento da sociedade civil para cavalgar a hierarquia do Estado. Foi assim com Manuel Alegre e volta a ser assim com Fernando Nobre. A política, coisa nobre em que se combate por ideais, foi transformada em escola profissional onde o que conta são as ambições pessoais.

Não choro pelo país que tenho, mas envergonho-me. Na hora em que unidos deveríamos estar a trabalhar para garantir o sustento e a dignidade de todos e de cada um dos portugueses, andamos a ver se nos safamos e se a desgraça calha apenas ao vizinho do lado.

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