quarta-feira, 6 de abril de 2011

Os ricos da Europa que paguem a crise



Talvez seja porque já quase vomito de cada vez que me falam da crise. Talvez possa ser porque a minha actividade profissional me obriga a viajar muito pela Europa e vejo o que eles também fazem e são capazes de fazer. Talvez seja porque trabalho de mãos dadas com a indústria têxtil há mais de vinte anos e sei o que a virtuosa Europa lhe fez e o que nos ficou a dever por causa das cedências feitas.

Talvez possa ser porque ainda vou conservando boa a memória e me lembro das promessas feitas pelos dirigentes europeus nos momentos da abertura das fronteiras em nome da globalização e sou testemunha do que na verdade aconteceu desde que escancarámos as portas aos chineses e companhia.

Talvez seja porque estou farto de receber mails nunca desmentidos das mordomias, reformas e regalias sumptuosas dos burocratas europeus, que no mínimo remetem para uma época muito diferente da crise badalada.

Talvez possa ser porque não esqueço os milhões que a Europa sempre se tem disposto a gastar em países terceiros com argumentos que vão da mais pura solidariedade com os mais desfavorecidos à responsabilidade que é preciso honrar naqueles territórios que já foram antigas colónias, por mais falta de agradecimento que exista.

Talvez seja só por isto (talvez também possa ser por muito mais do que isto...) mas devo confessar que estou farto de pertencer a um país que se orgulha e insiste em ser o melhor aluno da Europa.

Por arrogância, por falta de solidariedade ou pura e simplesmente por incompetência, a dita Europa não tem sido capaz de dar conta do recado connosco.

Como acontece em muitos casamentos, durante os primeiros tempos do noivado eram só rosas e agora, anos depois, parece que só restam espinhos.

Se me dão licença para desabafar, como aluno da Europa só me apetece fazer traquinices, zombar dos professores e não pagar as propinas.

A Europa dos ricos que tanto nos encantou com os seus cantos de sereia, agora também tem o que merece.

Na verdade julgo que nem os seus melhores especialistas sabem o que os espera, a avaliar pela ligeireza com que trataram das nossas contas e dos nossos PEC s nos últimos anos.

A Europa e os seus ricos que paguem a crise!

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