(do blogue http://dareitoria.blogspot.com/)
O senhor professor Nogueira Leite está a ser mimoseado, ao que parece, com uns e-mails carinhosos que circulam entre a "classe dos professores do básico e secundário". E a coça deve ser tanta que o senhor professor doutor resolveu esclarecer a sua posição sobre a avaliação dos professores.
A negro o que diz o senhor professor doutor; a encarnado alguns comentários que me suscitam as suas palavras:
1) Todos os professores devem ser sujeitos a avaliação.
Todos os professores devem ser sujeitos a avaliação, tal qual são sujeitos todos os magistrado e todos os médicos, só para dar dois exemplos.
2) A avaliação que existia até ao tempo de Maria de Lurdes Rodrigues não era, de facto, nada.
A avaliação que existia até ao tempo de MLR era a que estava prevista na lei e regulamentos, tal como as que passaram a existir durante e após o mandato de MLR. Classificar como "nada" as avaliações previstas nos diplomas legais é passar um atestado de incompetência aos governos que legislaram/regulamentaram sobre esta matéria..
3) Maria de Lurdes Rodrigues tentou moralizar o sistema mas fê-lo através de uma solução pouco eficaz e extremamente burocrática.
Maria de Lurdes Rodrigues tentou moralizar o sistema de avaliação dos professores, só que não tinha, nem ela nem o Governo a que pertencia, moral que pudesse servir de exemplo a qualquer português. Ou, dito de outra forma, Maria de Lurdes Rodrigues e o Governo a que pertencia criaram um modelo de avaliação, não para responsabilizar os professores, não para moralizar e melhorar o sistema de ensino, como apregoavam, mas apenas e só para pouparem os recursos financeiros de que precisavam para obterem votos no futuro, nomeadamente como contrapartida pela oferta indiscriminada de computadores a muitos preguiçosos das novas oportunidades e de subsídios a eito a todos os jovens cujos pais fugiam aos impostos.
4) A praxis dos senhores professores tornou o sistema ainda mais burocrático, lento e passível de produzir injustiças (como qualquer sistema de avaliação pode produzir. Os próprios senhores professores praticam-no regularmente, ainda que sem dolo (em regra)).
A praxis dos "senhores" professores (para quem não percebeu logo, o termo "senhores" serve, nas declarações do senhor professor doutor Nogueira Leite, para menorizar e não para respeitar), serviu para mostrar à saciedade a extrema burocracia do modelo de avaliação, as profundas injustiças que geraria e, no fundo, no fundo, serviu para comprovar a sua inexequibilidade.
(A prova de que o senhor Prof. Dr. Nogueira não percebe nada do que está a dizer, é trazida pelo próprio que se dá ao luxo de comparar o sistema de avaliação dos alunos com o sistema de avaliação dos professores!
5) A oposição tinha o direito de suspender a aplicação do actual sistema; mas
6) ao fazê-lo tinha a obrigação de propor outro, suprindo as deficiências do que até aí tinha vigorado.
Nestas duas últimas asserções, o professor doutor Nogueira Leite mostra ao povo a razão que o impede de alguma vez poder assumir qualquer pasta da governação: como ainda não percebeu as regras do jogo democrático, também não percebeu que a oposição não governa e que apenas quando for governo e deixar de ser oposição, é que poderá propor modelos de gestão e administração dos funcionários públicos.
Cada macaco no seu galho senhor professor doutor.
Alguém explique ao senhor professor doutor Nogueira Leite que a avaliação dos professores há muito deixou de ser um problema técnico (e que, por conseguinte, não carecerá de soluções técnicas para ser resolvido) e passou a ser um problema político.
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