quinta-feira, 7 de abril de 2011

O Estado do Conselho



Um conselheiro de Estado declarou publicamente que determinado assunto (que, no caso, é o que menos interessa) não fora falado na última reunião do Conselho.

Saltou logo para jornais e TV outro conselheiro acusando-o de mentir, pois o assunto teria, sim, sido falado na tal reunião.

Um terceiro conselheiro pulou então as cordas e, como nos espectáculos de "wrestling", atirou-se ao segundo em defesa do primeiro. Seguiu-se-lhe um quarto (conselheiro de Estado, repita-se) que, "entrando com tudo", como se diz no futebol, designadamente com as chancas, se foi sem piedade ao segundo dirigindo-lhe simpatias como "delator" e "desonra do Conselho".


E a coisa só não acabou em KO técnico porque, em socorro do segundo, um quinto conselheiro entrou por sua vez no ringue a garantir que o primeiro, o terceiro e o quarto mentiam e o segundo é que falava verdade.

A assistência ululava de entusiasmo, pois, como o outro dizia, "é disto que o meu povo gosta": insultos, murros, pontapés, golpes baixos (enfim, e de golos na baliza adversária também).

Ora não é preciso ser muito perspicaz para concluir que pelo menos dois conselheiros de Estado, ou então três (mas o espectáculo ainda vai no primeiro "round"...), mentem. Em público, e descaradamente.

O Conselho de Estado é o órgão de consulta do presidente da República. É suposto os seus membros manterem sigilo sobre o que lá se passa. E serem pessoas respeitáveis.

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