quarta-feira, 9 de março de 2011

Puxões de orelhas "made in USA"




Bem sei que a Providência colocou sobre os ombros dos Estados Unidos a pesada e extenuante tarefa de serem os polícias do Mundo; o que ignorava é que também lhes tinha atribuído a tarefa de serem verificadores de contas, fiscais de gestão ou coisa que o valha. Mas só assim se explicam os despachos do anterior embaixador para Washington, apontando um inflexível dedo acusador a certas coisas criticáveis do Governo português.


Refere-se o diplomata a quê? A Portugal não cumprir as suas obrigações com a NATO, onde pontificam os EUA? Às relações amistosas com Hugo Chávez, que não é propriamente pró-americano? Não, o que o levou a «queixar-se» a Washington foi o facto de Portugal ter comprado submarinos, em vez de navios-patrulhas (eu concordo com ele, mas por aqui me fico, antes de que me caia em cima o furor da Marinha). Ou o facto de ter 39 aviões de combate, em vez de aparelhos que ajudam a apagar incêndios ou transportam sinistrados (eu concordo com ele, mas por aqui me fico antes de que me caia em cima o furor da Força Aérea). Ou o facto de ser desproporcionado o ratio generais e almirantes/soldados (eu concordo com ele, mas por aqui me fico antes de que me caia em cima o furor das Forças Armadas por inteiro). Mas quem paga esses luxos não são os EUA, somos nós!

Se a tarefa das embaixadas é andar a meter-se na gestão dos dinheiros alheios, então fico com uma péssima ideia da diplomacia - e em vez de lhe chamar diplomacia passo a chamar-lhe coscuvilhice. Já basta o eng.º Sócrates ter a Oposição a encher-lhe os ouvidos por gastos tão sumptuários como aparentemente inúteis que fazemos e ainda por cima têm de vir os Estados Unidos e puxar-lhe as orelhas? Para isso já lhe bastaria a sr.ª Merkel!...

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