(JN de hoje)
O Governo parece estar por um fio. Pode não passar de hoje. E daí? Para nós pagadores impostos, que vamos ao supermercado, que abastecemos o carro, enfim, que sentimos a crise todos os dias, o que vai mudar? Talvez nada, ou quase nada.
Conhecemos bem a alternância à portuguesa. Graças a ela, à alternância do costume, chegamos onde chegamos. Com um país imerso na crise - crise múltipla, diga-se - seria uma boa oportunidade para os políticos do arco da alternância olharem pelos interesse dos cidadãos. Os seus próprios interesses, enfim, ficariam para depois.
A meio de Fevereiro, Pedro Passos Coelho, numa metáfora infeliz - mas que não deverá andar longe da verdade dizia: o PSD não estava com "pressa de ir ao pote". Bem, o pote agora surge mais perto do que podia parecer. A metáfora do líder do maior partido da oposição é elucidativa. O homem que se perfila como possível primeiro-ministro vê o poder, o exercício do cargo, como o João Ratão: um pote.
(imagem retirada de http://crianiolndia-analuz.blogspot.com/ )
É o festim que se adivinha. Em vez dos líderes dos principais partidos preocupados à procura de um consenso, de uma solução para sair do beco, vemo-los preocupados em chegar ao pote.
O que nos espera, para já, parece ser um vazio político, pelo menos durante três meses, com tudo o que isso pode significar. A não ser que o Presidente da República resolva sair a terreiro e cumprir aquilo que anunciou: exercer uma magistratura activa. Os apelos têm surgido de vários quadrantes, nomeadamente os seus antecessores Soares e Sampaio.
Talvez Sócrates não mereça permanecer no cargo. Portou-se, por várias vezes, como um menino mimado e arrogante. Mas a corrida ao pote, mesmo dentro do partido do Governo, promete ser tão descarada, que neste momento era isso que os portugueses menos mereciam - assistir a tal espectáculo, onde a falta de pudor nem sequer licença pede para entrar.
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