(JN de hoje)
Algo que me enternece (falta-me melhor palavra para identificar sentimento tão confuso) são as preocupações sociais do nosso patronato.
As empresas portuguesas constituem, com efeito, um capítulo à parte na teoria económica capitalista pois que, a crer nas declarações públicas dos nossos empresários, o que os move é sempre a criação de postos de trabalho e não o lucro (só que, para criar postos de trabalho, se vêem obrigados a ter lucro).
Portugal tem, ao lado de um Estado Social, um Empresariado Social, facto que justifica que, ao mesmo tempo que reclamam "menos Estado", os empresários portugueses peçam ao Estado tantos subsídios, apoios, isenções e benefícios fiscais.
Veja-se o recente e exemplar caso do patronato farmacêutico. O Governo baixou o preço dos medicamentos em 6% e isso gerou "muita apreensão" na Apifarma pois "1500 a 2000 postos de trabalho poderão estar em causa" (também "poderão estar em causa" uns milhões de euros de lucros, mas isso é, obviamente, secundário).
Já no que toca ao facto de o preço dos medicamentos deixar de constar das embalagens, a Apifarma concorda. "Estamos a falar de pôr etiquetas em embalagens que estão em armazéns, em paletes, e estamos a falar de desmontar paletes, embalagem por embalagem, para andar a colar etiquetas. Era um trabalho de loucos", diz o seu presidente. Não lhe ocorreu é que isso poderia criar "1500 a 2000 postos de trabalho".
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