Manuel António Pina, no seu (habitual) melhor:
O deputado do PS Ricardo Gonçalves quer que a cantina da AR abra "à hora de jantar" para acudir aos deputados, que "são de longe os mais atingidos na carteira" pelas medidas de austeridade, já "quase não [tendo] dinheiro para comer". [Ah! Ah! Ah! Desculpem a interrupção da leitura, mas não me pude conter como a Joaquina]
Ao CM, Ricardo Gonçalves queixou-se de que, além de uns miseráveis 3700 euros de vencimento, apenas recebe mais "60 euros de ajudas de custos por dia" para "viagens, alojamento e comer fora".
Compreende-se o seu desalento. O deputado Gonçalves deixou uma próspera carreira de professor para, respondendo ao chamamento cívico, passar a deputar na AR, e agora tem que se governar com 3700 euros por mês mais 60 euros por dia para "viagens, alojamento e comer fora". [Ah! Ah! Ah! Continuo a não me puder conter!...]
Não surpreende que Teixeira dos Santos ande a "dormir mal" e que Sócrates tenha, como confessou na AR, "apertos de coração".
Deputados esfomeados é coisa horrível de ver (dir-se-á que Ricardo Gonçalves não representa a deputação, mas o facto de Maria José Nogueira Pinto lhe haver em tempos chamado "palhaço" confere-lhe desde logo ampla representatividade).
Justifica-se que, no próximo PEC, o Governo poupe um pouco mais no subsídio de desemprego e no Rendimento Social de Inserção. Ou nas pensões, cujo valor médio já anda pelos 397,17 euros, o que faz dos pensionistas "de longe os menos atingidos na carteira".
Com essa redução da despesa poder-se-á servir uma ceia de Natal condigna na cantina da AR
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