sábado, 9 de outubro de 2010

( JN)


A cantilena do malmequer

A cantilena do malmequer é a banda-sonora do PSD na discussão do Orçamento. Passos Coelho sabe o que quer, mas Passos Coelho também não sabe o que quer.

Viabiliza, não viabiliza, viabiliza, não viabiliza. A cantilena do malmequer é a banda-sonora do PSD na discussão do Orçamento de Estado (OE), de um partido que se move aos solavancos numa sinuosa auto-estrada de posições, dúvidas, esclarecimentos, "soundbites", ameaças e demais géneros de expressão dramática. Passos Coelho sabe o que quer, mas Passos Coelho também não sabe o que quer. É como se o líder da Oposição em Portugal padecesse de dupla personalidade. Ora o presidente do PSD que quer ser primeiro-ministro e, como tal, deve agir com responsabilidade; ora o líder da Oposição que anseia ser primeiro-ministro e, como tal, é obrigado a agir com tacticismo. Viabiliza, não viabiliza.

[…]

Mas de nada vale a Passos Coelho endurecer, agora, o discurso e voltar a desembainhar a espada que vai rasgar ao meio o que se previa ser um acordo entre os dois maiores partidos se, no final, for forçado a aceitá-lo, seja por imperativos patrióticos ou tão somente por vergar ante pressões externas.

[…]

Passos Coelho tem dois caminhos para acabar com a cantilena do malmequer. Opção A: aprovar um "mau orçamento" e ficar para a História como o líder da Oposição que caucionou uma estratégia que pode arrastar Portugal para uma recessão. Opção B: não aprovar o Orçamento e ser lembrado como o irresponsável líder da Oposição que cravou o último prego no caixão do país. Tic-tac, tic-tac.

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