A NÃO PERDER...
"A educação, objecto de tanto palavrório, passa moeda falsa: promete o mundo e não dá saber e trabalho" - Vasco Pulido Valente.
Do Caderno do Público, “O Inimigo Público” (n.º 369, 29.Out.2010), transcrevo, na íntegra, este saboroso e suculento naco de prosa, intitulado “Estudo revela que 1 em cada 3 adultos está satisfeito por ter frequentado o programa Novas Oportunidades porque passaram a entender muito melhor a carta de despedimento”:
“Segundo a Universidade Católica, 1 em cada 3 alunos das Novas Oportunidades considera que o programa foi positivo na sua vida profissional, uma vez que passaram a entender porque foram despedidos, enquanto antes achavam que ‘justa causa’ era um programa sobre advogados da Fox.
‘Se ainda fosse ignorante estaria optimista e pensaria, baseando-me nos ditados populares, que ‘depois da tempestade vem a bonança’. Mas, como agora estou dotado de qualificações literárias e valências pedagógicas, concluí analiticamente que nunca mais vou encontrar emprego na vida. Obrigado, Novas Oportunidades!, explicou um português de 45 anos de idade. VE”.
Regressando, uma vez mais, a Eça, meu escritor de declarada eleição e profunda estima, da prosa queirosiana transcrevo: “O riso é a mais antiga e ainda mais terrível forma de crítica. Passe-se sete vezes uma gargalhada em volta de uma instituição, e a instituição alui-se; é a Bíblia que no-lo ensina sob a alegoria geralmente estimada, das trombetas de Josué, em torno de Jericó”. A quantas gargalhadas mais da opinião pública, que soam a anunciar a sua desgraça e o seu logro, resistirão as estivais muralhas de areia de praia das Novas Oportunidades ?
Rui Baptista, in De Rerum Natura
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