segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Cultura da mentira

(JN)


José Sócrates mentiu-nos, mais uma vez. É a principal conclusão que se retira desta novela negocial em torno do Orçamento. Uma acusação leviana? Sugiro um esforço de memória. Recordo, em particular, uma das frases lapidares com que o primeiro-ministro justificou o ataque fiscal aos portugueses, a 29 de Setembro passado, no final da reunião do Conselho de Ministros: "São medidas que só se tomam quando não há alternativa". Continuando, Sócrates acabara de anunciar medidas como a taxa de IVA nos 23%; corte de 5% nos salários dos funcionários públicos; congelamento de pensões; fim do abono de família; aumento encapotado do IRS, penalizando as deduções fiscais.

E onde está a mentira? Foi destapada ontem, quando se anunciaram os termos do acordo entre o PS e o PSD. Afinal, ao contrário do que nos garantira o primeiro-ministro, com um "aperto no coração", há alternativa e até está contabilizada: são 500 milhões de euros que o Governo de José Sócrates cortará na despesa do Estado, em alternativa aos aumentos de IRS ou à inclusão do cabaz alimentar no escalão dos 23% de IVA. Voltemos à conclusão inicial: José Sócrates mentiu-nos, mais uma vez. Havia alternativa, mas preferiu, com enorme "coragem", o caminho mais fácil: aumentar os impostos e cortar benefícios sociais.

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