(JN)
Uma estimável instituição vocacionada para a defesa dos consumidores mostrava há dias que na factura da electricidade, cada vez mais gorda, mais de 40 por cento não se referem ao que consumimos. Se bem entendi, estaremos aí a falar de "extras" variados, entre os quais (estou certo disso) não deixarão de ter o seu peso os salários e prémios milionários pagos aos gestores e, também, aos assessores (originários exactamente daqueles sítios em que o leitor está a pensar), bem como cátedras de luxo em universidades americanas...
Mas esses expedientes, hoje mais vulgares do que o "doce da Teixeira" nas romarias, não se ficam pela electricidade. Essas habilidades, que visam entrar nos bolsos dos cidadãos com aparências de seriedade, estão presentes noutros bens de primeira necessidade e prestados em regimes de monopólio ou parecidos.
É o caso da água: mais de metade da factura nada tem a ver com o consumo, antes se dispersa por rubricas como a recolha de lixo (que grande negócio vai por aí!), o saneamento e outras criatividades semânticas, entre as quais se destaca a "disponibilidade".
Mas há muito mais, a começar pelas gasolinas e a terminar... nunca. E coisas novas vêm a caminho sem o menor pudor: em breve estaremos a pagar uma "taxa de protecção civil", como se entre as obrigações públicas não estivesse precisamente a protecção das populações.
Cabe perguntar, aqui chegados, para que servem, afinal, os impostos que nos cobram!
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