sábado, 27 de novembro de 2010

Hipocrisias

(JN)

Vamos falar curto e grosso, sem perder tempo com a precisão das palavras utilizadas no relatório do FMI. Os senhores dizem que a causa maior da crise que estamos a viver é a desigualdade de rendimentos e apontam o dedo à má distribuição de riqueza feita pelos estados. Os senhores do FMI dizem isto, como podiam dizer outra coisa qualquer, porque estes relatórios têm uma lógica "professor Marcelo" e provam o que for preciso ou o seu contrário.


Adiante. É de uma extrema hipocrisia que os senhores do dinheiro nos digam que é preciso distribuir melhor a riqueza e tenham como receita única para as suas intervenções cortar na despesa pública, mesmo naquela que funciona como terapia social.


Estamos a chegar à época do Natal e as hipocrisias saltam mais à vista. Pode parecer demagogia, mas o que eu vejo é a lógica de "olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço".


Esta semana houve uma greve geral contra as políticas públicas de recessão, contra o acordo do PS com o PSD para pôr de pé os PEC da nossa tristeza. Os que pararam perderam um dia de salário, mas no Parlamento lá estavam comunistas e bloquistas a ganhar o deles. Alegam que os órgãos de soberania não podem fazer greve. Mas quem falta tantas vezes não poderia ter deixado nesse dia o PS a falar sozinho com o PSD. Pelos vistos não. Um dia de salário de deputado é coisa que se nota na carteira.


Sem hipocrisias, sou a favor da vinda do FMI e de uma correcção séria dos nossos desequilíbrios. Todo o tempo que perdermos sem acertar o passo é tempo que estamos a roubar às gerações futuras.

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