Na Finlândia, só três por cento dos estabelecimentos têm mais de 600 alunos
Ao contrário de Portugal, lá fora aposta-se no regresso a escolas mais pequenas
Por Clara Viana (in Publico de hoje)
Em Nova Iorque, a taxa de sucesso entre os alunos que foram transferidos para escolas mais pequenas é superior à dos que permanecem nos velhos estabelecimentos.
Os primeiros grandes agrupamentos nascem no próximo ano lectivo.
A criação de grandes agrupamentos escolares que irá começar a tomar forma em Portugal no próximo ano lectivo está em queda noutros países, que já viveram a experiência e tiveram maus resultados.
Na Finlândia, a pequena dimensão é apontada como uma das marcas genéticas de um sistema de ensino que se tem distinguido pelos seus resultados de excelência.
Em Portugal, para já, os novos agrupamentos, que juntam várias escolas sob uma mesma direcção, terão uma dimensão média de 1700 alunos, indicou o secretário de Estado da Educação, João Trocado da Mata.
O número limite fixado foi de três mil estudantes.
Em Nova Iorque, o mayor Michael Bloomberg tem vindo a fazer precisamente o oposto.
[...]
... O estudo, desenvolvido pelo centro de investigação MDRC, abrangeu 21 mil estudantes, dos quais cerca de metade está já a frequentar as novas escolas. Uma das conclusões: entre estes, a taxa de transição ou de conclusão dos estudos é superior em sete pontos à registada entre os alunos inquiridos que frequentam outros estabelecimentos de ensino
Uma escala mais humana
Até 2014 terão passado à história dez por cento dos estabelecimentos com piores resultados.
[...]
No âmbito do novo programa Race to the top, lançado para combater o insucesso escolar, aos estados com melhores estratégias e resultados serão garantidos mais fundos para a educação.
Mas o objectivo não é só fechar as escolas com milhares de alunos e substituí-las por unidades com uma dimensão mais humana - embora este enfoque na "personalização" seja considerado vital.
A mudança de escala está também a ser acompanhada pela implementação de novos currículos, pela fixação de um corpo docente mais qualificado e por uma maior autonomia das escolas.
Esta aposta em escolas mais pequenas, mais bem qualificadas e com maior autonomia faz também parte das prioridades do novo primeiro-ministro conservador britânico, David Cameron, o que, a ser levado por diante, constituirá uma profunda inversão da tendência registada na última década no Reino Unido.
O número de escolas com mais de dois mil estudantes quase quadruplicou e cerca de 55 por cento das secundárias têm mais de 900 alunos. Com esta dimensão, a função dos docentes passou frequentemente a ser mais a de "apagar fogos" do que a de ensinar, constata-se num documento elaborado pela organização de professores Teach First.
Aumentar permite poupar
Um estudo elaborado há uns anos pelo EPPI-Centre, de Londres, com base nas experiências dos países da OCDE, concluía que os alunos tendem a sentir-se menos motivados nas escolas maiores e que os professores se sentem menos felizes com o ambiente vivido nestas.
Ao invés dos resultados obtidos em Nova Iorque, no que respeita às escolas secundárias concluía-se, em contrapartida, que os resultados dos alunos tendem a ser melhores em escolas maiores.
O que era justificado pela existência nestes estabelecimentos de corpos docentes com mais valências.
Por outro lado, o aumento da dimensão traduz-se numa redução do que o Estado tem de despender por cada aluno.
Em Portugal, no ensino não superior, esta factura rondará os três mil euros por ano.
Em Portugal, a par com a concentração de agrupamentos, irão também ser encerradas as escolas do 1.º ciclo com menos de 20 alunos.
A lista das que fecharão no próximo ano lectivo deverá ser conhecida esta semana.
Desde 2000 já fecharam portas 5172 escolas deste nível de ensino.
A ministra da Educação justificou esta medida dizendo que se pretende garantir que todas as crianças beneficiem "de escolas com os requisitos que a educação do século XXI exige".
Na Finlândia, quase não existem escolas com menos de 21 alunos, mas 40 por cento têm menos de 50 estudantes e são apenas três por cento as que vão além dos 600.
Outra norma obrigatória: para chegar à sua escola, as crianças não podem ser obrigadas a deslocar-se mais do que cinco quilómetros.
Por cá, serão cada vez mais os alunos que terão de percorrer uma distância quatro vezes superior a esta.
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Faço um apelo principalmente aos meus amigos do PS: Não deixem morrer a Escola Pública!!!
segunda-feira, 19 de julho de 2010
domingo, 18 de julho de 2010
O homem é parvo (Anda MST! Processa-me!)
Hoje no Expresso, no seu estilo truculento habitual, que já fez o seu sucesso quando as suas causas não eram o fumo, a caça e o marialvismo fora de moda:
"Na escola pública, teria o melhor ensino do mundo, os professores não faltariam com a impunidade com que faltam aqui e não se perpetuariam no lugar e na categoria, sendo incompetentes."
Pois… caro Miguel… num mundo ideal, os opinadores regiamente pagos não debitariam vacuidades com a impunidade generalista com que aqui o fazem, falando do que não percebem, só porque no passado alguém não estava disponível para tomar conta da prole alheia, quando fazia falta…
Paulo Guinote (in A Educação do Meu Umbigo)
Ai! Sophia: eu sei que não tem culpa!
"Na escola pública, teria o melhor ensino do mundo, os professores não faltariam com a impunidade com que faltam aqui e não se perpetuariam no lugar e na categoria, sendo incompetentes."
Pois… caro Miguel… num mundo ideal, os opinadores regiamente pagos não debitariam vacuidades com a impunidade generalista com que aqui o fazem, falando do que não percebem, só porque no passado alguém não estava disponível para tomar conta da prole alheia, quando fazia falta…
Paulo Guinote (in A Educação do Meu Umbigo)
Ai! Sophia: eu sei que não tem culpa!
sábado, 17 de julho de 2010
O universo paralelo de Sócrates
O primeiro-ministro ficou de olhos esbugalhados quando Miguel Macedo o acusou de "ter muita lata" por citar os dados da pobreza. Mas se a palavra "lata" pode não estar à altura de um debate sobre o estado da Nação, podemos sempre falar em descaramento.
Porque é disso que se trata quando ouvimos José Sócrates dizer que "Portugal alcançou a mais baixa taxa de pobreza de sempre" ou acenar com o "crescimento da economia e a diminuição do desemprego registado".
Um primeiro--ministro que "guia o Governo pelo valor da responsabilidade" devia aplicar esse mesmo princípio às leituras macroeconómicas.
No que à pobreza concerne, os dados do INE referem-se aos rendimentos de 2008, ainda a crise económica estava a levantar voo dos EUA para a Europa. E de pouco me adianta ouvir o primeiro-ministro dizer que a "redução foi particularmente significativa" no grupo dos idosos - mantendo, aliás, a tendência registada desde 2006. Porque não disse aos portugueses que o mesmo estudo coloca em 22,9% o risco de pobreza nas crianças, valor que atinge os 42,8% se analisarmos os agregados constituídos por dois adultos com três ou mais crianças. Imagine agora o leitor quando fizermos as contas com os rendimentos de 2010.
O que nos remete para uma experiência próxima da recuperação - a "retoma" económica. Essa sensação de viajar através de um túnel iluminado no fundo. Mas, como deixa claro o Banco de Portugal, essa luz esfuma-se já em 2011. Porque se é verdade que, este ano, o PIB deverá crescer quase 1%, Sócrates sabe que no ano seguinte voltamos à estaca (quase)-zero.
Com crescimentos de 0,2% não há retoma, há estagnação. No emprego - o primeiro-ministro tem toda a razão quando diz que "os efeitos do crescimento económico sobre o emprego são diferidos no tempo". No rendimento das famílias, que vai cair este ano 1,3% e 0,8% em 2011. No Estado social, porque as condições de vida dos portugueses vão piorar.
Sócrates está cada vez mais isolado na defesa do seu Estado social (onde pára a ideologia socialista?). Porque enquanto o apregoa, os seus ministros-chave - Vieira da Silva e Teixeira dos Santos - delapidam-no.
Joana Amorim (JN)
Porque é disso que se trata quando ouvimos José Sócrates dizer que "Portugal alcançou a mais baixa taxa de pobreza de sempre" ou acenar com o "crescimento da economia e a diminuição do desemprego registado".
Um primeiro--ministro que "guia o Governo pelo valor da responsabilidade" devia aplicar esse mesmo princípio às leituras macroeconómicas.
No que à pobreza concerne, os dados do INE referem-se aos rendimentos de 2008, ainda a crise económica estava a levantar voo dos EUA para a Europa. E de pouco me adianta ouvir o primeiro-ministro dizer que a "redução foi particularmente significativa" no grupo dos idosos - mantendo, aliás, a tendência registada desde 2006. Porque não disse aos portugueses que o mesmo estudo coloca em 22,9% o risco de pobreza nas crianças, valor que atinge os 42,8% se analisarmos os agregados constituídos por dois adultos com três ou mais crianças. Imagine agora o leitor quando fizermos as contas com os rendimentos de 2010.
O que nos remete para uma experiência próxima da recuperação - a "retoma" económica. Essa sensação de viajar através de um túnel iluminado no fundo. Mas, como deixa claro o Banco de Portugal, essa luz esfuma-se já em 2011. Porque se é verdade que, este ano, o PIB deverá crescer quase 1%, Sócrates sabe que no ano seguinte voltamos à estaca (quase)-zero.
Com crescimentos de 0,2% não há retoma, há estagnação. No emprego - o primeiro-ministro tem toda a razão quando diz que "os efeitos do crescimento económico sobre o emprego são diferidos no tempo". No rendimento das famílias, que vai cair este ano 1,3% e 0,8% em 2011. No Estado social, porque as condições de vida dos portugueses vão piorar.
Sócrates está cada vez mais isolado na defesa do seu Estado social (onde pára a ideologia socialista?). Porque enquanto o apregoa, os seus ministros-chave - Vieira da Silva e Teixeira dos Santos - delapidam-no.
Joana Amorim (JN)
quarta-feira, 14 de julho de 2010
A propósito dos exames... e o PAM
O problema dos exames entre nós é que não existe uma cultura de exames, mesmo que eles existam.
E porque parecem excêntricos e paradoxais em relação ao modelo de avaliação dos alunos ao longo da escolaridade obrigatória.
Porque os exames, mesmo no nosso sistema educativo em que as fórmulas matemáticas surgem nos enunciados dos exames, servem para avaliar conhecimentos e a aplicação prática desses mesmos conhecimentos.
Enquanto durante o ano lectivo, os anos lectivos, o ciclo de escolaridade, grande parte das preocupações dos professores se centram nas atitudes, no saber fazer teórico, no caderninho actualizado e em miríades de detalhes que os professores contabilizam - quantas vezes são obrigados a contabilizar! – para garantir sucesso ao aluno, raspando todo o tacho, de cima abaixo, mesmo que ele pouco perceba da matéria em apreço.
E lá se dá o trêzinho ou – horror dos horrores para mim – aquela coisa que dá pelo nome de trêsmenos (e que para mim é um trêsmenosum ou seja um dois real), que significa que o aluno merecia ficar no mesmo ano mas – hélas! – vamos obedecer ao critério do direito ao sucesso ou então caem-nos em cima as duas faces da mesma moeda: os eduqueses fofinhos e os economistas da educação.
Chega-se ao exame e é o descalabro porque – e aqui temos um outro paradoxo – o fracasso começa na atitude.
Os alunos do 9º ano não estão habituados aos exames, não percebem bem para que servem na maior parte dos casos e estão habituados a ouvir dizer que os exames, enfim, não se percebem bem para que existem se a ideia é baixar o insucesso e passa toda a gente, como aprenderam ao longo de nove anos de escolaridade.
No caso da Matemática, a situação de regresso dos resultados à infeliz normalidade (um dia se fará a devida contextualização da bolha de 2007-08) tem diversas razões, mas uma das principais é uma questão de atitude. E de falta de competências essenciais.
Curiosamente da falta daquilo que, durante o ano, se usa para mascarar que os alunos não estão em condições de enfrentar com sucesso um teste aos seus conhecimentos.
Eu sei que a atitude de ir à aula e levar o caderno deve ser valorizada.
E a competência de levar o material e fazer contas com a máquina de calcular sem a partir na cabeça do vizinho deve ser tida em conta.
Mas é dessa atitude e dessa competência que precisamos mesmo?
Ou precisamos de uma atitude positiva em relação ao trabalho e da competência para o fazer correctamente?
Ou chega-nos que, com simpatia, tentem fazer, mas não façam?
Enquanto se pensar que o insucesso real em Matemática (mas não só…) se resolve com mais tempo a usar métodos que se percebe terem resultados duvidosos e a aplicar parafernálias teóricas e tecnológicas que raquitizam o raciocínio, estaremos sempre no mesmo ponto de atraso relativo, com mais ou menos excitações estatísticas pontuais.
Enquanto não se perceber que o essencial passa por mudar a atitude geral de complacência desculpabilizadora perante o insucesso e por fomentar a competência efectiva para aprender e aplicar conhecimentos básicos, estamos feitos num oito, mas dos negativos.
O sucesso a Matemática, construído entre 2007 e 2008 para efeitos políticos, esgotou-se.
O legado do PAM rodriguista está agora à vista de todos.
Esta é a avaliação real de uma política errada.
Quem tanto gosta de accountability, tem aqui um belo case-study de péssima alocação de recursos.
Enquanto o PAM for um projecto de gabinete, muito (pre)ocupado em imensas reuniões, relatórios e outras coisas papelentas e ignorar que é desde o 1º ano de escolaridade (ou antes) que se deve incutir nos alunos uma atitude de rigor, esforço e trabalho, andam(os) a enganar-nos.
Só que os enganadores nunca estão à mão de semear quando é necessário confrontá-los com o seu legado.
Ou então aparecem, com a presidência de uma fundação debaixo do braço, para investigadores que supunhamos minimamente letrados em coisas educativas apresentarem como o livro mais sólido que leram, algo que não passa de um monólogo de alguém muito contentinho(a) consigo mesmo(a).
Paulo Guinote (A Educação do Meu Umbigo)
E porque parecem excêntricos e paradoxais em relação ao modelo de avaliação dos alunos ao longo da escolaridade obrigatória.
Porque os exames, mesmo no nosso sistema educativo em que as fórmulas matemáticas surgem nos enunciados dos exames, servem para avaliar conhecimentos e a aplicação prática desses mesmos conhecimentos.
Enquanto durante o ano lectivo, os anos lectivos, o ciclo de escolaridade, grande parte das preocupações dos professores se centram nas atitudes, no saber fazer teórico, no caderninho actualizado e em miríades de detalhes que os professores contabilizam - quantas vezes são obrigados a contabilizar! – para garantir sucesso ao aluno, raspando todo o tacho, de cima abaixo, mesmo que ele pouco perceba da matéria em apreço.
E lá se dá o trêzinho ou – horror dos horrores para mim – aquela coisa que dá pelo nome de trêsmenos (e que para mim é um trêsmenosum ou seja um dois real), que significa que o aluno merecia ficar no mesmo ano mas – hélas! – vamos obedecer ao critério do direito ao sucesso ou então caem-nos em cima as duas faces da mesma moeda: os eduqueses fofinhos e os economistas da educação.
Chega-se ao exame e é o descalabro porque – e aqui temos um outro paradoxo – o fracasso começa na atitude.
Os alunos do 9º ano não estão habituados aos exames, não percebem bem para que servem na maior parte dos casos e estão habituados a ouvir dizer que os exames, enfim, não se percebem bem para que existem se a ideia é baixar o insucesso e passa toda a gente, como aprenderam ao longo de nove anos de escolaridade.
No caso da Matemática, a situação de regresso dos resultados à infeliz normalidade (um dia se fará a devida contextualização da bolha de 2007-08) tem diversas razões, mas uma das principais é uma questão de atitude. E de falta de competências essenciais.
Curiosamente da falta daquilo que, durante o ano, se usa para mascarar que os alunos não estão em condições de enfrentar com sucesso um teste aos seus conhecimentos.
Eu sei que a atitude de ir à aula e levar o caderno deve ser valorizada.
E a competência de levar o material e fazer contas com a máquina de calcular sem a partir na cabeça do vizinho deve ser tida em conta.
Mas é dessa atitude e dessa competência que precisamos mesmo?
Ou precisamos de uma atitude positiva em relação ao trabalho e da competência para o fazer correctamente?
Ou chega-nos que, com simpatia, tentem fazer, mas não façam?
Enquanto se pensar que o insucesso real em Matemática (mas não só…) se resolve com mais tempo a usar métodos que se percebe terem resultados duvidosos e a aplicar parafernálias teóricas e tecnológicas que raquitizam o raciocínio, estaremos sempre no mesmo ponto de atraso relativo, com mais ou menos excitações estatísticas pontuais.
Enquanto não se perceber que o essencial passa por mudar a atitude geral de complacência desculpabilizadora perante o insucesso e por fomentar a competência efectiva para aprender e aplicar conhecimentos básicos, estamos feitos num oito, mas dos negativos.
O sucesso a Matemática, construído entre 2007 e 2008 para efeitos políticos, esgotou-se.
O legado do PAM rodriguista está agora à vista de todos.
Esta é a avaliação real de uma política errada.
Quem tanto gosta de accountability, tem aqui um belo case-study de péssima alocação de recursos.
Enquanto o PAM for um projecto de gabinete, muito (pre)ocupado em imensas reuniões, relatórios e outras coisas papelentas e ignorar que é desde o 1º ano de escolaridade (ou antes) que se deve incutir nos alunos uma atitude de rigor, esforço e trabalho, andam(os) a enganar-nos.
Só que os enganadores nunca estão à mão de semear quando é necessário confrontá-los com o seu legado.
Ou então aparecem, com a presidência de uma fundação debaixo do braço, para investigadores que supunhamos minimamente letrados em coisas educativas apresentarem como o livro mais sólido que leram, algo que não passa de um monólogo de alguém muito contentinho(a) consigo mesmo(a).
Paulo Guinote (A Educação do Meu Umbigo)
terça-feira, 6 de julho de 2010
O PRÉMIO CONFISCADO

Muito gosta o estado português de tirar com uma mão o que dá com a outra. Por vezes não se coíbe de tirar com a mesma mão que deu.
Exemplo recente é o Prémio que o Ministério da Cultura, com a Associação Internacional de Críticos de Arte, decidiu atribuir ao fotógrafo português Paulo Nozolino.
Teria de desembolsar logo de imediato dez por cento do Prémio para efeitos de IRS e assinar uma nota de honorários (honorários?!).
Com a manipulação dos escalões recentemente efectuada, poderia até o artista subir de escalão com o dinheiro do prémio, e ter de pagar mais ao Estado do que pagaria se não fosse a recompensa, isto é, o Prémio ser, de facto, um prejuízo.
Afirmou o artista em comunicado que encontrei no blogue Arte Photographica:
“Recuso na sua totalidade o Prémio AICA/MC 2009 em repúdio pelo comportamento obsceno e de má fé que caracteriza a actuação do Estado português na efectiva atribuição do valor monetário do mesmo. O Estado, representado na figura do Ministério da Cultura (DGARTES), em vez de premiar um artista reconhecido por um júri idóneo pune-o! Ao abrigo de “um parecer” obscuro do Ministério das Finanças, todos os prémios de teor literário, artístico e científico não sujeitos a concurso são taxados em 10% em sede de IRS, ao contrário do que acontece com todos os prémios do mesmo cariz abertos a candidaturas. A saber: Quem concorre para ganhar um prémio está isento de impostos pelo Código de IRS. Quem, sem pedir, é premiado tem que dividir o seu valor com o Estado!"
Não é só a injustiça de pagar imposto por conta do prémio (não seria mais simples o Estado dar um prémio menor, mas dá-lo livre de impostos?).
É também a completa arbitrariedade fiscal que consiste em taxar uns prémios e outros não.
Há premiados e premiados.
Como eu compreendo Nozolino...
Muitos parabéns por ter recusado o prémio!
Carlos Fiolhais em http://dererummundi.blogspot.com/
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Manuel António Pina no seu melhor
O dia de todos os prodígios
(JN de hoje)
Apartir de hoje, tudo custará mais 1% (porque ou há moralidade ou tudo paga o mesmo, o pão como as trufas e o champanhe francês).
Mas não aumenta apenas o IVA, aumenta também, para quem não tiver trabalho, o tempo de descontos necessário para ter direito a subsídio de desemprego.
Ao menos nesse campeonato, o da destruição do Estado Social, não só ganhamos à Espanha como lhe estamos a dar uma abada pois, a partir de hoje, além de ser preciso descontar mais tempo para se ter subsídio, este será mais reduzido e os desempregados serão obrigados a trabalhar por menos dinheiro.
E - já que, como diria o outro, isto de destruir direitos sociais é como o "ketchup" - quem, acabado o subsídio, não tiver como sobreviver não sobrevive pois acaba também o prolongamento extraordinário do subsídio social de desemprego.
E é com um subsídio mais baixo e durante menos tempo, ou sem subsídio nenhum, que milhares e milhares de portugueses terão que pagar, a partir de hoje, mais 1% pelo pão nosso de cada dia.
É justo, alguém tinha que pagar o descontrolo orçamental e o preço do champanhe já está pela hora da morte.
(JN de hoje)
Apartir de hoje, tudo custará mais 1% (porque ou há moralidade ou tudo paga o mesmo, o pão como as trufas e o champanhe francês).
Mas não aumenta apenas o IVA, aumenta também, para quem não tiver trabalho, o tempo de descontos necessário para ter direito a subsídio de desemprego.
Ao menos nesse campeonato, o da destruição do Estado Social, não só ganhamos à Espanha como lhe estamos a dar uma abada pois, a partir de hoje, além de ser preciso descontar mais tempo para se ter subsídio, este será mais reduzido e os desempregados serão obrigados a trabalhar por menos dinheiro.
E - já que, como diria o outro, isto de destruir direitos sociais é como o "ketchup" - quem, acabado o subsídio, não tiver como sobreviver não sobrevive pois acaba também o prolongamento extraordinário do subsídio social de desemprego.
E é com um subsídio mais baixo e durante menos tempo, ou sem subsídio nenhum, que milhares e milhares de portugueses terão que pagar, a partir de hoje, mais 1% pelo pão nosso de cada dia.
É justo, alguém tinha que pagar o descontrolo orçamental e o preço do champanhe já está pela hora da morte.
Uma braçadeira de chumbo no braço de Ronaldo
Nova polémica reforça teoria de que CR7 não tem perfil para liderar a equipa das quinas
JOÃO FARIA (JN de hoje)
Pior do que as suas exibições, Ronaldo mostrou mau perder, ao remeter para Queiroz as explicações sobre o afastamento luso do Mundial. Com o seu carácter de novo em xeque, a solução pode passar por lhe retirar a braçadeira de capitão.
A aparente disposição de Cristiano Ronaldo pretender resolver tudo sozinho, como se tivesse essa obrigação moral quando joga com a camisola portuguesa prejudica o seu rendimento, com reflexos no próprio comportamento, fora das quatro linhas. A perspectiva é defendida, ao JN, por João Nuno Coelho, sociólogo atento ao fenómeno desportivo. "É um peso que, em regra, limita as suas actuações por Portugal, e que é acentuado pela discutível opção de lhe entregar a braçadeira de capitão", prossegue o especialista.
"Estamos a falar de um futebolista à escala mundial, que é idolatrado em todo o lado, com a responsabilidade acrescida de ser o capitão da selecção, quando se percebe, facilmente, que não tem perfil de líder", frisa, por sua vez, Jorge Silvério, psicólogo desportivo e provedor do adepto da Liga de Clubes.
O episódio de anteontem, quando, após o jogo, na zona mista do Estádio Green Point, na Cidade do Cabo, remeteu para Carlos Queiroz as explicações sobre o afastamento de Portugal do Mundial, agravou a imagem de mau perder que lhe é frequentemente atribuída. O craque rapidamente se retractou, no site da empresa que o representa, mas os estilhaços do desabafo perduraram, reavivando a discussão sobre a legitimidade do jogador em ser capitão de equipa, situação iniciada na era Scolari e que manteve com Queiroz.
"Ele dá mostras de não ter estrutura para aguentar a fama e vacila. Já teve reacções negativas com colegas e com o público. Amua com facilidade e não vai ser fácil resolver esta problema", perspectiva João Nuno Coelho.
Como dizia ontem a Imprensa espanhola, o CR9 (do Real Madrid), parece valer mais do que o CR7 (da selecção). "O Ronaldo pode ser um jogador de excelência se realmente quiser", defende o sociólogo, lembrando que, depois de muito se ter falado na juventude do avançado, aos 25 anos "começa a parecer uma questão estrutural, difícil de gerir".
"Se ele não tivesse ido para o Manchester United, poderia ser agora outro Quaresma", acrescenta João Nuno Coelho.
Já Jorge Silvério defende que a Federação Portuguesa de Futebol devia ter nos seus quadros alguém que ajudasse Ronaldo. "Teve o gesto bonito de oferecer a Tiago o prémio de melhor em campo, com a Coreia do Norte. Isso é próprio de quem se quer afirmar, mas não se deve ser líder só às vezes. É verdade que foi escolhido para ser capitão, mas não foi treinado para isso e os reflexos estão à vista", conclui o psicólogo.
JOÃO FARIA (JN de hoje)
Pior do que as suas exibições, Ronaldo mostrou mau perder, ao remeter para Queiroz as explicações sobre o afastamento luso do Mundial. Com o seu carácter de novo em xeque, a solução pode passar por lhe retirar a braçadeira de capitão.
A aparente disposição de Cristiano Ronaldo pretender resolver tudo sozinho, como se tivesse essa obrigação moral quando joga com a camisola portuguesa prejudica o seu rendimento, com reflexos no próprio comportamento, fora das quatro linhas. A perspectiva é defendida, ao JN, por João Nuno Coelho, sociólogo atento ao fenómeno desportivo. "É um peso que, em regra, limita as suas actuações por Portugal, e que é acentuado pela discutível opção de lhe entregar a braçadeira de capitão", prossegue o especialista.
"Estamos a falar de um futebolista à escala mundial, que é idolatrado em todo o lado, com a responsabilidade acrescida de ser o capitão da selecção, quando se percebe, facilmente, que não tem perfil de líder", frisa, por sua vez, Jorge Silvério, psicólogo desportivo e provedor do adepto da Liga de Clubes.
O episódio de anteontem, quando, após o jogo, na zona mista do Estádio Green Point, na Cidade do Cabo, remeteu para Carlos Queiroz as explicações sobre o afastamento de Portugal do Mundial, agravou a imagem de mau perder que lhe é frequentemente atribuída. O craque rapidamente se retractou, no site da empresa que o representa, mas os estilhaços do desabafo perduraram, reavivando a discussão sobre a legitimidade do jogador em ser capitão de equipa, situação iniciada na era Scolari e que manteve com Queiroz.
"Ele dá mostras de não ter estrutura para aguentar a fama e vacila. Já teve reacções negativas com colegas e com o público. Amua com facilidade e não vai ser fácil resolver esta problema", perspectiva João Nuno Coelho.
Como dizia ontem a Imprensa espanhola, o CR9 (do Real Madrid), parece valer mais do que o CR7 (da selecção). "O Ronaldo pode ser um jogador de excelência se realmente quiser", defende o sociólogo, lembrando que, depois de muito se ter falado na juventude do avançado, aos 25 anos "começa a parecer uma questão estrutural, difícil de gerir".
"Se ele não tivesse ido para o Manchester United, poderia ser agora outro Quaresma", acrescenta João Nuno Coelho.
Já Jorge Silvério defende que a Federação Portuguesa de Futebol devia ter nos seus quadros alguém que ajudasse Ronaldo. "Teve o gesto bonito de oferecer a Tiago o prémio de melhor em campo, com a Coreia do Norte. Isso é próprio de quem se quer afirmar, mas não se deve ser líder só às vezes. É verdade que foi escolhido para ser capitão, mas não foi treinado para isso e os reflexos estão à vista", conclui o psicólogo.
terça-feira, 29 de junho de 2010
Portugal perdeu... ou talvez não!
Agora que Portugal foi (bem) eliminado do Campeonato do Mundo de Futebol e nos deixou menos distraídos, convém não esquecer que:
-Sócrates continua a ser o 1º ministro de Portugal!
-A culpa da chamada crise não é de ninguém, muito menos do supradito Sócrates!
-Nós, os pobres e os da dita classe média, vivemos cada vez pior e não consta que os sacrifícios que nos são impostos sejam universais (por exemplo, não consta que o supradito Sócrates tenha que fazer muito cálculo mental para ver se o seu dinheiro chega ao fim do mês…)!
-A alternativa que se avizinha não parece melhor. Pedro Passos Coelho parece pouco preocupado com os pobres e os da dita classe média.
-E, no entanto, quer Sócrates, quer Passos Coelho, estão onde estão com o voto livre (graças a Deus!) dos portugueses. Pois… a esmagadora maioria dos que votam nestes dois artistas são os que mais sofrem com as suas políticas…
-Não é politicamente correcto e o inarrável Santos Silva se, porventura, ler esta mensagem, dará urros, mas Hitler também ganhou democraticamente as eleições (desculpem, mas eu não gramo o Santos Silva há muitos anos: nunca lidei muito bem com os meninos queques do Porto…)
-Pois é! E que alternativas temos nós?
-Sócrates continua a ser o 1º ministro de Portugal!
-A culpa da chamada crise não é de ninguém, muito menos do supradito Sócrates!
-Nós, os pobres e os da dita classe média, vivemos cada vez pior e não consta que os sacrifícios que nos são impostos sejam universais (por exemplo, não consta que o supradito Sócrates tenha que fazer muito cálculo mental para ver se o seu dinheiro chega ao fim do mês…)!
-A alternativa que se avizinha não parece melhor. Pedro Passos Coelho parece pouco preocupado com os pobres e os da dita classe média.
-E, no entanto, quer Sócrates, quer Passos Coelho, estão onde estão com o voto livre (graças a Deus!) dos portugueses. Pois… a esmagadora maioria dos que votam nestes dois artistas são os que mais sofrem com as suas políticas…
-Não é politicamente correcto e o inarrável Santos Silva se, porventura, ler esta mensagem, dará urros, mas Hitler também ganhou democraticamente as eleições (desculpem, mas eu não gramo o Santos Silva há muitos anos: nunca lidei muito bem com os meninos queques do Porto…)
-Pois é! E que alternativas temos nós?
terça-feira, 22 de junho de 2010
Democracia?!
É certo que os partidos A e B obtiveram resultados eleitorais que lhes permitiram eleger um número confortável de deputados embora sem maioria absoluta.
A minha grande dúvida neste momento é: vivemos numa democracia=governo do povo?
Será que somos todos masoquistas para votar em partidos que proclamam o nosso bem estar em troca do nosso voto e depois ficamos todos (desculpem, mas só me ocorre uma palavra começada por F) ... porque eles não querem saber de nós?...
Vivemos ou não numa democracia?
A minha grande dúvida neste momento é: vivemos numa democracia=governo do povo?
Será que somos todos masoquistas para votar em partidos que proclamam o nosso bem estar em troca do nosso voto e depois ficamos todos (desculpem, mas só me ocorre uma palavra começada por F) ... porque eles não querem saber de nós?...
Vivemos ou não numa democracia?
domingo, 20 de junho de 2010
Morreu José Saramago. E depois?
As mais altas figuras do Estado não vão participar nas cerimónias fúnebres de hoje.
Porque se não o admiravam em vida, não é depois de morto que devem aparecer no retrato.
Pode haver quem ache que é mesquinho, mas eu acho que é coerente. Afinal, na inversa, duvido que Saramago fosse a algum dos funerais destas personagens/personalidades.
Isto disse o Paulo Guinote, de que sou fiel seguidor sem rede social.
Descobri Saramago com o “Memorial do Convento”, absorto com o frasco das vontades de Blimunda e, talvez, porque o meu livro da 4ª classe tinha um desenho da “passarola”; eu, católico convicto, gostei de ler “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” e senti e vivi o ambiente do “Ensaio sobre a cegueira”. Depois cansei-me. Do escritor e do homem. Sem deixar de reconhecer as suas qualidades. Mais daquele do que deste.
Abominei o Sousa Lara quando o impediu de se candidatar a um prémio literário, mas não acuso (de quê?) Cavaco Silva de não ir ao funeral. Nisto estou com o Paulo Guinote.
Morreu José Saramago. E depois?
Porque se não o admiravam em vida, não é depois de morto que devem aparecer no retrato.
Pode haver quem ache que é mesquinho, mas eu acho que é coerente. Afinal, na inversa, duvido que Saramago fosse a algum dos funerais destas personagens/personalidades.
Isto disse o Paulo Guinote, de que sou fiel seguidor sem rede social.
Descobri Saramago com o “Memorial do Convento”, absorto com o frasco das vontades de Blimunda e, talvez, porque o meu livro da 4ª classe tinha um desenho da “passarola”; eu, católico convicto, gostei de ler “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” e senti e vivi o ambiente do “Ensaio sobre a cegueira”. Depois cansei-me. Do escritor e do homem. Sem deixar de reconhecer as suas qualidades. Mais daquele do que deste.
Abominei o Sousa Lara quando o impediu de se candidatar a um prémio literário, mas não acuso (de quê?) Cavaco Silva de não ir ao funeral. Nisto estou com o Paulo Guinote.
Morreu José Saramago. E depois?
sábado, 19 de junho de 2010
D. José Policarpo está em campanha
por RUI HORTELÃO (no DN)
Selecção e realces de minha autoria
Devíamos ter desconfiado quando o ouvimos criticar tão frontalmente Cavaco Silva, pela aprovação do casamento homossexual.
Devíamos ter percebido que D. José Policarpo podia ter sublinhado a sua desilusão sem a centrar apenas num político tão católico como Cavaco e que, se não o fez, alguma razão terá.
Devíamos, à parte das movimentações de bastidores que surgiram, excluir a hipótese de as declarações terem sido precipitadas ou pouco reflectidas.
Quanto mais não fosse quando, na quarta-feira, indiferente ao aproveitamento político entretanto feito das suas palavras, o cardeal-patriarca voltou ao tema.
Desta vez já não personalizando no Presidente, é certo, mas lembrando que a Igreja é muito mais do que a sua hierarquia e que "os cristãos leigos (...) devem ser porta-vozes, no seio da sociedade, dos autênticos valores cristãos". Nova a crítica a Cavaco Silva? Parece pouco para tão firme e invulgar posição.
Só um objectivo maior do que o mero ataque pessoal ao mais católico dos chefes de Estado desde 1974 ou do que o desafio a Santana Lopes e a todos os que não gostam de Cavaco Silva pode justificar a determinação com que o cardeal-patriarca tem abordado o tema das presidenciais.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, tentou arrefecer a polémica, mas o impacto - e consequências - das palavras de D. José Policarpo é irreversível. No mínimo, condicionará toda a acção futura de Cavaco Silva - mesmo depois de uma eventual eleição -, em particular na gestão dos temas mais delicados para a Igreja.
[...]
"A Igreja pode meter-se não na pequena política partidária mas nas questões que dizem respeito ao bem comum."
[...]
Fica assim confirmado que D. José Policarpo está em campanha. Mas não numa campanha recente, apontada contra Cavaco Silva ou contra o islão. O cardeal- -patriarca está, isso sim, em campanha por uma Igreja mais activa na defesa da moral e dos dogmas católicos, mesmo que nem sempre seguindo uma disciplina tão ortodoxa como a que Bento XVI tem tentado impor.
A direita católica dificilmente apresentará um candidato alternativo a Cavaco Silva e só por milagre conseguiria derrotá-lo.
Mas isso é política partidária.
E a campanha de D. José Policarpo é teológica.
Além disso, já ganhou ao abanar a consciência dos "crentes envergonhados (...), políticos, intelectuais, profissionais da comunicação".
E, sendo os adversários Manuel Alegre e Fernando Nobre, ganhará também com a reeleição de Cavaco.
Selecção e realces de minha autoria
Devíamos ter desconfiado quando o ouvimos criticar tão frontalmente Cavaco Silva, pela aprovação do casamento homossexual.
Devíamos ter percebido que D. José Policarpo podia ter sublinhado a sua desilusão sem a centrar apenas num político tão católico como Cavaco e que, se não o fez, alguma razão terá.
Devíamos, à parte das movimentações de bastidores que surgiram, excluir a hipótese de as declarações terem sido precipitadas ou pouco reflectidas.
Quanto mais não fosse quando, na quarta-feira, indiferente ao aproveitamento político entretanto feito das suas palavras, o cardeal-patriarca voltou ao tema.
Desta vez já não personalizando no Presidente, é certo, mas lembrando que a Igreja é muito mais do que a sua hierarquia e que "os cristãos leigos (...) devem ser porta-vozes, no seio da sociedade, dos autênticos valores cristãos". Nova a crítica a Cavaco Silva? Parece pouco para tão firme e invulgar posição.
Só um objectivo maior do que o mero ataque pessoal ao mais católico dos chefes de Estado desde 1974 ou do que o desafio a Santana Lopes e a todos os que não gostam de Cavaco Silva pode justificar a determinação com que o cardeal-patriarca tem abordado o tema das presidenciais.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, tentou arrefecer a polémica, mas o impacto - e consequências - das palavras de D. José Policarpo é irreversível. No mínimo, condicionará toda a acção futura de Cavaco Silva - mesmo depois de uma eventual eleição -, em particular na gestão dos temas mais delicados para a Igreja.
[...]
"A Igreja pode meter-se não na pequena política partidária mas nas questões que dizem respeito ao bem comum."
[...]
Fica assim confirmado que D. José Policarpo está em campanha. Mas não numa campanha recente, apontada contra Cavaco Silva ou contra o islão. O cardeal- -patriarca está, isso sim, em campanha por uma Igreja mais activa na defesa da moral e dos dogmas católicos, mesmo que nem sempre seguindo uma disciplina tão ortodoxa como a que Bento XVI tem tentado impor.
A direita católica dificilmente apresentará um candidato alternativo a Cavaco Silva e só por milagre conseguiria derrotá-lo.
Mas isso é política partidária.
E a campanha de D. José Policarpo é teológica.
Além disso, já ganhou ao abanar a consciência dos "crentes envergonhados (...), políticos, intelectuais, profissionais da comunicação".
E, sendo os adversários Manuel Alegre e Fernando Nobre, ganhará também com a reeleição de Cavaco.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
M. A. Pina - À boleia da crise
Os empresários estão preocupados com a situação do país (os empresários nunca estão preocupados consigo, mas com o país) e querem "rever as bases da competitividade, nomeadamente os custos da mão-de-obra" e correr menos riscos para "contratar e despedir pessoas".
Que empresários são estes que querem ter lucro sem correr riscos?
E ser "competitivos" pagando menos e exigindo mais aos seus trabalhadores?
É sabido que Portugal é um dos países da Europa onde se trabalha mais e onde os custos laborais são mais baixos.
E sucessivos estudos internacionais demonstram que a baixa produtividade das empresas portuguesas resulta sobretudo da má qualidade da gestão e do deficiente planeamento e organização do trabalho.
Aqui, porém, os nossos empresários assobiam patrioticamente para o lado.
[...]
Que empresários são estes que querem ter lucro sem correr riscos?
E ser "competitivos" pagando menos e exigindo mais aos seus trabalhadores?
É sabido que Portugal é um dos países da Europa onde se trabalha mais e onde os custos laborais são mais baixos.
E sucessivos estudos internacionais demonstram que a baixa produtividade das empresas portuguesas resulta sobretudo da má qualidade da gestão e do deficiente planeamento e organização do trabalho.
Aqui, porém, os nossos empresários assobiam patrioticamente para o lado.
[...]
quarta-feira, 16 de junho de 2010
“Abyssus abyssum invocat” ("O abismo chama outro abismo"), Salmo de David, 1015?-975? a.C.
Excerto de um artigo de Rui Baptista no "De Rerum Natura":
[...] numa altura em que há um sistema de ensino que é tanto para jovens dotados de “massa cinzenta” como para mandriões com cabeças sem nada lá dentro.
Desta forma, sabendo ou não, todos os alunos passam de ano num sistema em que a massificação significa mediocratização, um sistema sem exames ou com exames que são uma fraude para os alunos aplicados ao mesmo tempo que são quebra-cabeças para os cábulas que nada sabem.
Uma passagem de olhos pelos enunciados dos exames de admissão aos liceus no ano de 1943 [...] demonstra que eram bem mais difíceis que os actuais exames do 9.º ano.
Gastar dinheiro e fazer perder tempo a professores e alunos com este simulacro de exames em época de crise, numa época que obriga a desumanos programas de austeridade das classes mais desfavorecidas, é um atentado a uma sociedade justa e democrática.
Com as "Novas Oportunidades" e as "Provas de Acesso ao Ensino Superior para maiores de 23 anos" é tudo um questão de (re)abrir umas tantas desacreditadas universidades privadas de papel pardo e lápis de bico rombo para Portugal apresentar uma percentagem de diplomas com a chancela de superiores mas com a qualidade de inferiores que deixarão boquiabertos os países honestos na formação da sua juventude.
É a esperteza nacional no seu melhor!
[...] numa altura em que há um sistema de ensino que é tanto para jovens dotados de “massa cinzenta” como para mandriões com cabeças sem nada lá dentro.
Desta forma, sabendo ou não, todos os alunos passam de ano num sistema em que a massificação significa mediocratização, um sistema sem exames ou com exames que são uma fraude para os alunos aplicados ao mesmo tempo que são quebra-cabeças para os cábulas que nada sabem.
Uma passagem de olhos pelos enunciados dos exames de admissão aos liceus no ano de 1943 [...] demonstra que eram bem mais difíceis que os actuais exames do 9.º ano.
Gastar dinheiro e fazer perder tempo a professores e alunos com este simulacro de exames em época de crise, numa época que obriga a desumanos programas de austeridade das classes mais desfavorecidas, é um atentado a uma sociedade justa e democrática.
Com as "Novas Oportunidades" e as "Provas de Acesso ao Ensino Superior para maiores de 23 anos" é tudo um questão de (re)abrir umas tantas desacreditadas universidades privadas de papel pardo e lápis de bico rombo para Portugal apresentar uma percentagem de diplomas com a chancela de superiores mas com a qualidade de inferiores que deixarão boquiabertos os países honestos na formação da sua juventude.
É a esperteza nacional no seu melhor!
domingo, 13 de junho de 2010
DIÁRIO DE NOTÍCIAS OU DIÁRIO DO GOVERNO?
Tenho andado a adiar o meu dever de agradecimento aos donos do famoso DIÁRIO DE NOTÍCIAS pelas dezenas de exemplares que já me foram oferecidos, nas bombas de gasolina.
Não estava nada habituado a estas benesses.
Por isso fiquei meio desconfiado da bondade desta oferta quase diária, e tentei compreender os motivos profundos de tamanha amizade de um jornal de Lisboa por um simples e anónimo mortal como eu, ainda por cima nado e criado na longínqua província.
Fui lendo (aproveitando gulosamente a oferta…) e fui compreendendo: As notícias parecem ecos de teclados ministeriais, com mensagens subliminares do governo.
A última delas vem no jornal de hoje, domingo, dia 13 de Junho de 2010, e é uma prodigiosa insinuação aos lucros chorudos e pecaminosos dos professores que – fazendo fé na notícia – “ganham milhões a corrigir os exames”!!!
Ainda bem que li a notícia.
Assim fiquei, finalmente, a perceber um fenómeno estranhíssimo que me andava a perturbar o entendimento: É que se vêem cada vez mais professores de “Ferrari” e de “porsche”; grandes mansões e “TQuatros” em condomínio fechado, onde entram e saem professores e professoras do ensino básico e secundário;
Enquanto os jogadores de futebol, gestores e administradores deste país, se deslocam em pequenos méganes, ou de “trotinette”, e vivem em apartamentos exíguos sitos nos bairros periféricos das grandes cidades.
Por isso a partir de hoje, fica aqui a minha promessa:
Jornais DN de graça?
Só se for para forrar as gavetas do armário onde guardo a ferramenta e os sapatos nas lonas, lá na garagem; ou, se sobrarem alguns, para limpar os vidros do meu magnífico “ferrari”…
Cunha Ribeiro
Não estava nada habituado a estas benesses.
Por isso fiquei meio desconfiado da bondade desta oferta quase diária, e tentei compreender os motivos profundos de tamanha amizade de um jornal de Lisboa por um simples e anónimo mortal como eu, ainda por cima nado e criado na longínqua província.
Fui lendo (aproveitando gulosamente a oferta…) e fui compreendendo: As notícias parecem ecos de teclados ministeriais, com mensagens subliminares do governo.
A última delas vem no jornal de hoje, domingo, dia 13 de Junho de 2010, e é uma prodigiosa insinuação aos lucros chorudos e pecaminosos dos professores que – fazendo fé na notícia – “ganham milhões a corrigir os exames”!!!
Ainda bem que li a notícia.
Assim fiquei, finalmente, a perceber um fenómeno estranhíssimo que me andava a perturbar o entendimento: É que se vêem cada vez mais professores de “Ferrari” e de “porsche”; grandes mansões e “TQuatros” em condomínio fechado, onde entram e saem professores e professoras do ensino básico e secundário;
Enquanto os jogadores de futebol, gestores e administradores deste país, se deslocam em pequenos méganes, ou de “trotinette”, e vivem em apartamentos exíguos sitos nos bairros periféricos das grandes cidades.
Por isso a partir de hoje, fica aqui a minha promessa:
Jornais DN de graça?
Só se for para forrar as gavetas do armário onde guardo a ferramenta e os sapatos nas lonas, lá na garagem; ou, se sobrarem alguns, para limpar os vidros do meu magnífico “ferrari”…
Cunha Ribeiro
Voltei...
Áurea Sampaio, na revista Visão no passado dia 9 de Junho:
"Outra linha definidora desta nossa "tragi-comédia" é o que se está a passar no ensino.
Como se não bastasse essa outra dimensão do problema, que é o facto de estarmos a desaparecer enquanto povo devido à baixíssima taxa de natalidade, quem nos governa só ajuda a que cada vez mais casais desistam da ideia de ter filhos.
Sem urgências nem maternidades e com cada vez menos serviços públicos de proximidade, fora dos centros mais populosos do litoral, as populações vão definhando.
Agora, foi anunciado o encerramento de mais de 900 escolas com menos de vinte alunos, quase todas do interior.
Eis uma medida que claramente brotou da mente de um daqueles génios incompreendidos que vagueiam pelas alcatifas do poder.
Em vez de remeter os génios à procedência e assim contribuir para a poupança, o Governo acolhe estas visões mesquinhas de curto prazo sem pensar no amanhã.
E o amanhã é um deserto, porque as pessoas não se resignam ao abandono e ao esquecimento.
Agora, já se percebe para que estão a ser construídas tantas auto-estradas: é para todos se virem embora mais depressa."
"Outra linha definidora desta nossa "tragi-comédia" é o que se está a passar no ensino.
Como se não bastasse essa outra dimensão do problema, que é o facto de estarmos a desaparecer enquanto povo devido à baixíssima taxa de natalidade, quem nos governa só ajuda a que cada vez mais casais desistam da ideia de ter filhos.
Sem urgências nem maternidades e com cada vez menos serviços públicos de proximidade, fora dos centros mais populosos do litoral, as populações vão definhando.
Agora, foi anunciado o encerramento de mais de 900 escolas com menos de vinte alunos, quase todas do interior.
Eis uma medida que claramente brotou da mente de um daqueles génios incompreendidos que vagueiam pelas alcatifas do poder.
Em vez de remeter os génios à procedência e assim contribuir para a poupança, o Governo acolhe estas visões mesquinhas de curto prazo sem pensar no amanhã.
E o amanhã é um deserto, porque as pessoas não se resignam ao abandono e ao esquecimento.
Agora, já se percebe para que estão a ser construídas tantas auto-estradas: é para todos se virem embora mais depressa."
terça-feira, 8 de junho de 2010
Demagogia ou talvez não...
Falta de comida já afecta 95 mil crianças por dia (título do JN).
O Pe. Américo (da Casa do Gaiato) dizia que não se prega a estômagos vazios.
Agora como se ensina o 25 de Abril, a tabuada, as letras, etc., etc. a estas 95 000 barriguitas vazias?
Talvez o Magalhães tenha desviado o almoço, ou se consolem com as canetas do quadro interactivo... Antes de encherem com tecnologias as escolas e com dinheiro os bolsos dos Sá Coutos, etc. não era melhor resolver a maçada da fome das criancinhas?
Chamem-me demagogo, chamem...
O Pe. Américo (da Casa do Gaiato) dizia que não se prega a estômagos vazios.
Agora como se ensina o 25 de Abril, a tabuada, as letras, etc., etc. a estas 95 000 barriguitas vazias?
Talvez o Magalhães tenha desviado o almoço, ou se consolem com as canetas do quadro interactivo... Antes de encherem com tecnologias as escolas e com dinheiro os bolsos dos Sá Coutos, etc. não era melhor resolver a maçada da fome das criancinhas?
Chamem-me demagogo, chamem...
segunda-feira, 7 de junho de 2010
A visão da Parque Escolar
Não, não penso que a opinião formal sobre os assuntos que respeitam à Educação devam estar reservados a quem tem o diploma em Pedagogia, mas penso que essa opinião deve estar reservada a quem tem informação sólida na área da Pedagogia.
Se se opina sobre aprendizagem ou sobre ensino ou sobre outro assunto qualquer é preciso estar-se a par da teoria e da investigação que o esclareça, com especial destaque para a que se tem por certo no momento.
É dessa informação que se retira a opinião.Isto é tanto mais verdade quanto as opiniões têm efeitos práticos, tocam a vida das pessoas, podendo beneficiá-las ou prejudicá-as.É assim na medicina, é assim na engenharia, é assim na educação.
Admito, pois, que uma pessoa formada em arquitectura possa ter uma opinião sobre educação. Mas, nas condições que referi e não noutras.Não foi por acaso que me referi a esta profissão, mas por causa das declarações sobre a educação escolar feitas por uma pessoa que a exerce.Entre as muitas ideias erradas patentes nessas declarações, caso o referido jornal não tenha cometido erros de transcrição, contam-se as seguintes:
- O ensino está a mudar, “hoje não se centra apenas no ministrar de conhecimento e competências básicas de professor para aluno”.
- A escola deve ser “descentrada da sala de aula, em que os alunos se espalham por espaços informais, com os seus computadores portáteis, cruzando-se com os professores na biblioteca e discutindo projectos".
Se a pessoa fosse uma vulgar arquitecta a trabalhar numa vulgar empresa, eu passaria à frente e não estaria, de certeza, a escrever este texto, mas acontece que esta pessoa é, nada mais nada menos, do que uma representante do conselho de administração empresa Parque Escolar, que, efectivamente, por conta do governo, meteu “mãos à obra” e pôs essas ideias em prática.
Ora, tais ideias revelam uma concepção absurda e insustentável de ensino e de escola.
Passo a explicar as minhas razões, que várias vezes já expliquei neste blogue:
- O ensino está a mudar como sempre esteve, ainda que, desejavelmente, mantenha o que lhe imprime identidade como actividade humana que é, e que o faz funcionar, de modo que os alunos aprendam.
E o que lhe imprime identidade e eficácia é precisamente o facto de o professor “ministrar” (sim, ministrar, no sentido de fornecer, proporcionar…) conhecimentos aos alunos e, nessa tarefa, estimular as suas capacidades cognitivas e levá-los adquirir princípios éticos e morais.
O ensino não tem de ir mais longe, porque o ensino é isto. Se os professores se conduzirem por esta concepção de ensino cumprem a sua função. Nobre função, acrescento, pois tem-nos permitido transmitir a herança civilizacional e ampliá-la.Por essa razão, o ensino não pode ser descentrado da sala de aula, que é o lugar privilegiado para os professores ensinarem e os alunos aprenderem. E isto porque os alunos não aprendem sozinhos nem com computadores, aprendem se e quando os professores ensinam bem, nos espaços e nos tempos adequado para isso.
Não basta os alunos “cruzarem-se” com os professores para aprenderem.
Chegada ao fim deste texto, não posso deixar de perguntar: de que valem as linhas que escrevi, que são baseadas na investigação sobre o ensino e a aprendizagem que tenho por correcta, se é esta "a visão que a Parque Escolar tem para o ensino em Portugal” e que está a aplicar em cada escola onde intervém?
(texto de Helena Damião, in De Rerum Natura)
Se se opina sobre aprendizagem ou sobre ensino ou sobre outro assunto qualquer é preciso estar-se a par da teoria e da investigação que o esclareça, com especial destaque para a que se tem por certo no momento.
É dessa informação que se retira a opinião.Isto é tanto mais verdade quanto as opiniões têm efeitos práticos, tocam a vida das pessoas, podendo beneficiá-las ou prejudicá-as.É assim na medicina, é assim na engenharia, é assim na educação.
Admito, pois, que uma pessoa formada em arquitectura possa ter uma opinião sobre educação. Mas, nas condições que referi e não noutras.Não foi por acaso que me referi a esta profissão, mas por causa das declarações sobre a educação escolar feitas por uma pessoa que a exerce.Entre as muitas ideias erradas patentes nessas declarações, caso o referido jornal não tenha cometido erros de transcrição, contam-se as seguintes:
- O ensino está a mudar, “hoje não se centra apenas no ministrar de conhecimento e competências básicas de professor para aluno”.
- A escola deve ser “descentrada da sala de aula, em que os alunos se espalham por espaços informais, com os seus computadores portáteis, cruzando-se com os professores na biblioteca e discutindo projectos".
Se a pessoa fosse uma vulgar arquitecta a trabalhar numa vulgar empresa, eu passaria à frente e não estaria, de certeza, a escrever este texto, mas acontece que esta pessoa é, nada mais nada menos, do que uma representante do conselho de administração empresa Parque Escolar, que, efectivamente, por conta do governo, meteu “mãos à obra” e pôs essas ideias em prática.
Ora, tais ideias revelam uma concepção absurda e insustentável de ensino e de escola.
Passo a explicar as minhas razões, que várias vezes já expliquei neste blogue:
- O ensino está a mudar como sempre esteve, ainda que, desejavelmente, mantenha o que lhe imprime identidade como actividade humana que é, e que o faz funcionar, de modo que os alunos aprendam.
E o que lhe imprime identidade e eficácia é precisamente o facto de o professor “ministrar” (sim, ministrar, no sentido de fornecer, proporcionar…) conhecimentos aos alunos e, nessa tarefa, estimular as suas capacidades cognitivas e levá-los adquirir princípios éticos e morais.
O ensino não tem de ir mais longe, porque o ensino é isto. Se os professores se conduzirem por esta concepção de ensino cumprem a sua função. Nobre função, acrescento, pois tem-nos permitido transmitir a herança civilizacional e ampliá-la.Por essa razão, o ensino não pode ser descentrado da sala de aula, que é o lugar privilegiado para os professores ensinarem e os alunos aprenderem. E isto porque os alunos não aprendem sozinhos nem com computadores, aprendem se e quando os professores ensinam bem, nos espaços e nos tempos adequado para isso.
Não basta os alunos “cruzarem-se” com os professores para aprenderem.
Chegada ao fim deste texto, não posso deixar de perguntar: de que valem as linhas que escrevi, que são baseadas na investigação sobre o ensino e a aprendizagem que tenho por correcta, se é esta "a visão que a Parque Escolar tem para o ensino em Portugal” e que está a aplicar em cada escola onde intervém?
(texto de Helena Damião, in De Rerum Natura)
sábado, 5 de junho de 2010
O triunfo do "eduquês"
Muito sinceramente, quando, aqui há tempos, alguém me falou do assunto pensei ter percebido mal e, portanto, pedi-lhe que repetisse.
O que alguém me disse, e que hoje está nos jornais, nos telejornais e na internet, foi o seguinte:
os alunos que tivessem tido insucesso no 8.º ano de escolaridade e que, por isso, estivessem a repeti-lo, completando 15 anos de idade, fariam, por auto-proposta, exames nacionais de Matemática e Português de final de 9.º ano, e exames ao nível da escola das restantes disciplinas, podendo, assim, transitar para o 10.º ano.
O que pensei ter compreendido mal nesta explicação foi a palavra INsucesso, que tomei por SUCESSO.
Efectivamente, o que percebi foi que um aluno, caso tivesse resultados muito acima da média, se destacasse em termos de aprendizagem, pudesse - como, aliás, virtualmente pode – passar para o ano seguinte. Isto é, lhe fosse permitido, mediante realização de exames, transitar para um nível de exigência que estivesse mais de acordo com as suas aquisições de conhecimentos.
A novidade estava, neste caso, no momento de transição, que seria a da passagem de ciclo.Mas não era assim, eu tinha sido bem informada:
de facto, os alunos com SUCESSO têm de percorrer todos os anos do ensino básico, enquanto os que têm INsucesso podem saltar um ano.
Não contabilizemos as questões de justiça e da imagem da mesma que são passadas aos adolescentes, bem como da função da escola, do valor do saber, do esforço e dedicação que a aprendizagem implica, etc., etc., sem eufemismos: estamos perante uma lógica… ao contrário! E não há argumento que a posso justificar, porque ela é perfeitamente injustificável.
Que melhor prova podemos encontrar para reconhecermos o triunfo do "eduquês"?
Helena Damião
(in De Rerum Natura)
O que alguém me disse, e que hoje está nos jornais, nos telejornais e na internet, foi o seguinte:
os alunos que tivessem tido insucesso no 8.º ano de escolaridade e que, por isso, estivessem a repeti-lo, completando 15 anos de idade, fariam, por auto-proposta, exames nacionais de Matemática e Português de final de 9.º ano, e exames ao nível da escola das restantes disciplinas, podendo, assim, transitar para o 10.º ano.
O que pensei ter compreendido mal nesta explicação foi a palavra INsucesso, que tomei por SUCESSO.
Efectivamente, o que percebi foi que um aluno, caso tivesse resultados muito acima da média, se destacasse em termos de aprendizagem, pudesse - como, aliás, virtualmente pode – passar para o ano seguinte. Isto é, lhe fosse permitido, mediante realização de exames, transitar para um nível de exigência que estivesse mais de acordo com as suas aquisições de conhecimentos.
A novidade estava, neste caso, no momento de transição, que seria a da passagem de ciclo.Mas não era assim, eu tinha sido bem informada:
de facto, os alunos com SUCESSO têm de percorrer todos os anos do ensino básico, enquanto os que têm INsucesso podem saltar um ano.
Não contabilizemos as questões de justiça e da imagem da mesma que são passadas aos adolescentes, bem como da função da escola, do valor do saber, do esforço e dedicação que a aprendizagem implica, etc., etc., sem eufemismos: estamos perante uma lógica… ao contrário! E não há argumento que a posso justificar, porque ela é perfeitamente injustificável.
Que melhor prova podemos encontrar para reconhecermos o triunfo do "eduquês"?
Helena Damião
(in De Rerum Natura)
Onde chega a miséria moral da esquerda jacobina que temos

José Manuel Fernandes – 4 de Junho de 2010
(retirado de blasfémias.net)
O texto completo pode ser encontrado em:
http://blasfemias.net/2010/06/04/onde-chega-a-miseria-moral-da-esquerda-jacobina-que-temos/
Excertos:
Quando José Sócrates, na RTP, afirmou com arrogância que não tinha de pedir desculpas a ninguém pelo aumento de impostos e cortes nas prestações sociais isso não traiu apenas o seu detestável carácter, antes surgiu como uma consequência lógica do posicionamento intelectual da velha esquerda jacobina.
[…]
O céu que caiu em cima da moleirinha atrevida do nosso primeiro-ministro há muito que estava carregado de nuvens, há muito que anunciava uma tempestade que os mais avisados tinham visto chegar. Não quis reconhecer que ela estava aí, talvez por acreditar genuinamente que as medidas do seu Governo, comprovadamente erradas e eleitoralistas, eram as melhores e as mais geniais.
[…]
Sócrates nunca sentirá que deve pedir desculpa, nem admitirá que se enganou: para ele o que corre mal é sempre efeito de conspiradores mal intencionados, como os “especuladores”, tudo o que corre bem é fruto da sua inspirada liderança. É também por isso que mente sem vergonha e nunca, ao longo da sua vida pública, e também da sua vida privada, se sentiu ou sentirá tolhido por qualquer escrúpulo ético. A sua relação doentia com todos os poderes que limitam o poder do executivo, desde os tribunais ao Parlamento, desde os jornalistas aos sindicalistas, é também filha de uma cultura política em que uns se têm por moralmente superiores, vendo todos os restantes como prisioneiros de interesses particulares. E o pior é que esta forma de estar na vida pública e na política é contagiosa.
[…]
Acreditam ser mais inteligentes, mais cultos e mais “abertos” do que os outros, e por isso devedores de apreço e consideração. Se não praticam a probidade, bem pelo contrário, acham que o seu “desinteresse” de princípio os autoriza a reivindicarem regalias extra.
[…]
Não surpreende por isso que, nos gabinetes ministeriais, sobrem os meios e se multipliquem os lugares. Não surpreende que, em ano de crise, esses gabinetes consumam mais dinheiro e que o maior aumento percentual nos seus gastos tenha sido nas rubricas de suplementos e prémios e nas despesas de representação. Como da mesma forma não surpreende que José Sócrates tenha embaraçado a nossa representação no Rio de Janeiro ao preferir ir jantar a um restaurante italiano da moda, deixando de fora dezenas de convidados da área da cultura (para “cultura” bastou-lhe a visita a Chico Buarque, mais uma vez pretextos para mentiras desavergonhadas). Como não surpreende que tenha ao serviço do seu gabinete nada menos de 12 motoristas…
[…]
(retirado de blasfémias.net)
O texto completo pode ser encontrado em:
http://blasfemias.net/2010/06/04/onde-chega-a-miseria-moral-da-esquerda-jacobina-que-temos/
Excertos:
Quando José Sócrates, na RTP, afirmou com arrogância que não tinha de pedir desculpas a ninguém pelo aumento de impostos e cortes nas prestações sociais isso não traiu apenas o seu detestável carácter, antes surgiu como uma consequência lógica do posicionamento intelectual da velha esquerda jacobina.
[…]
O céu que caiu em cima da moleirinha atrevida do nosso primeiro-ministro há muito que estava carregado de nuvens, há muito que anunciava uma tempestade que os mais avisados tinham visto chegar. Não quis reconhecer que ela estava aí, talvez por acreditar genuinamente que as medidas do seu Governo, comprovadamente erradas e eleitoralistas, eram as melhores e as mais geniais.
[…]
Sócrates nunca sentirá que deve pedir desculpa, nem admitirá que se enganou: para ele o que corre mal é sempre efeito de conspiradores mal intencionados, como os “especuladores”, tudo o que corre bem é fruto da sua inspirada liderança. É também por isso que mente sem vergonha e nunca, ao longo da sua vida pública, e também da sua vida privada, se sentiu ou sentirá tolhido por qualquer escrúpulo ético. A sua relação doentia com todos os poderes que limitam o poder do executivo, desde os tribunais ao Parlamento, desde os jornalistas aos sindicalistas, é também filha de uma cultura política em que uns se têm por moralmente superiores, vendo todos os restantes como prisioneiros de interesses particulares. E o pior é que esta forma de estar na vida pública e na política é contagiosa.
[…]
Acreditam ser mais inteligentes, mais cultos e mais “abertos” do que os outros, e por isso devedores de apreço e consideração. Se não praticam a probidade, bem pelo contrário, acham que o seu “desinteresse” de princípio os autoriza a reivindicarem regalias extra.
[…]
Não surpreende por isso que, nos gabinetes ministeriais, sobrem os meios e se multipliquem os lugares. Não surpreende que, em ano de crise, esses gabinetes consumam mais dinheiro e que o maior aumento percentual nos seus gastos tenha sido nas rubricas de suplementos e prémios e nas despesas de representação. Como da mesma forma não surpreende que José Sócrates tenha embaraçado a nossa representação no Rio de Janeiro ao preferir ir jantar a um restaurante italiano da moda, deixando de fora dezenas de convidados da área da cultura (para “cultura” bastou-lhe a visita a Chico Buarque, mais uma vez pretextos para mentiras desavergonhadas). Como não surpreende que tenha ao serviço do seu gabinete nada menos de 12 motoristas…
[…]
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Agências de "rating"
1.6.10
AGÊNCIAS DE "RATING"
Democratizado por José M. Barros . 1.6.10
in http://democraciaemportugal.blogspot.com/2010/06/agencias-de-rating.html
O Poder financeiro mundial criou uns gabinetes de crise, capazes de escalonar as dívidas e até o valor de qualquer coisa, que mexa com as finanças mundiais.
Fazendo agora uma chamada histórica, os Templários, em tempos de demanda pelos tesouros de Jerusalém e de outros, de passagem, por exemplo em Portugal, tornaram-se os primeiros banqueiros mundiais, emprestando dinheiro a monarquias e até à Igreja católica. Contudo, o rei Francês, mais colérico, pretendendo livrar-se deles, das suas chantagens e das dívidas contraídas, decretou a fogueira para todos eles. Parece que alguns fugiram com o seu tesouro, mas deixando à sua sorte o grande mestre, ou melhor, a maior parte do corpo, porque a cabeça teve outro destino!
Terão vindo por Portugal, onde D. Dinis os acolheu e protegeu da fúria papal, mas terão deixado cá o seu tesouro?
Até Salazar ordenou a investigação, a coberto de obras em alguns monumentos! É que Salazar queria ser como eles, poupando e nunca contraindo dívida. Logo, eles trataram de minar este propósito.
Agora, governam Portugal e instrumentalizam os governos da Europa!A ordem é retornar o dinheiro, para outros grandes projectos.
Mandam aos senhores governantes que saquem do povo, a coberto da crise engendrada, na forma de um plano de austeridade!
Orson Wells, porque lhes deste a ideia? Não chegou pagarmos o filme?
Pois bem, as agências de análise financeira são mensageiros e arautos da nova ordem mundial, onde os pagantes serão escravizados para as ganâncias de uns poucos egoístas, cobardes anti-sociais, que mais parecem não pertencer à espécie humana.Humanos já não são!
AGÊNCIAS DE "RATING"
Democratizado por José M. Barros . 1.6.10
in http://democraciaemportugal.blogspot.com/2010/06/agencias-de-rating.html
O Poder financeiro mundial criou uns gabinetes de crise, capazes de escalonar as dívidas e até o valor de qualquer coisa, que mexa com as finanças mundiais.
Fazendo agora uma chamada histórica, os Templários, em tempos de demanda pelos tesouros de Jerusalém e de outros, de passagem, por exemplo em Portugal, tornaram-se os primeiros banqueiros mundiais, emprestando dinheiro a monarquias e até à Igreja católica. Contudo, o rei Francês, mais colérico, pretendendo livrar-se deles, das suas chantagens e das dívidas contraídas, decretou a fogueira para todos eles. Parece que alguns fugiram com o seu tesouro, mas deixando à sua sorte o grande mestre, ou melhor, a maior parte do corpo, porque a cabeça teve outro destino!
Terão vindo por Portugal, onde D. Dinis os acolheu e protegeu da fúria papal, mas terão deixado cá o seu tesouro?
Até Salazar ordenou a investigação, a coberto de obras em alguns monumentos! É que Salazar queria ser como eles, poupando e nunca contraindo dívida. Logo, eles trataram de minar este propósito.
Agora, governam Portugal e instrumentalizam os governos da Europa!A ordem é retornar o dinheiro, para outros grandes projectos.
Mandam aos senhores governantes que saquem do povo, a coberto da crise engendrada, na forma de um plano de austeridade!
Orson Wells, porque lhes deste a ideia? Não chegou pagarmos o filme?
Pois bem, as agências de análise financeira são mensageiros e arautos da nova ordem mundial, onde os pagantes serão escravizados para as ganâncias de uns poucos egoístas, cobardes anti-sociais, que mais parecem não pertencer à espécie humana.Humanos já não são!
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