Muito sinceramente, quando, aqui há tempos, alguém me falou do assunto pensei ter percebido mal e, portanto, pedi-lhe que repetisse.
O que alguém me disse, e que hoje está nos jornais, nos telejornais e na internet, foi o seguinte:
os alunos que tivessem tido insucesso no 8.º ano de escolaridade e que, por isso, estivessem a repeti-lo, completando 15 anos de idade, fariam, por auto-proposta, exames nacionais de Matemática e Português de final de 9.º ano, e exames ao nível da escola das restantes disciplinas, podendo, assim, transitar para o 10.º ano.
O que pensei ter compreendido mal nesta explicação foi a palavra INsucesso, que tomei por SUCESSO.
Efectivamente, o que percebi foi que um aluno, caso tivesse resultados muito acima da média, se destacasse em termos de aprendizagem, pudesse - como, aliás, virtualmente pode – passar para o ano seguinte. Isto é, lhe fosse permitido, mediante realização de exames, transitar para um nível de exigência que estivesse mais de acordo com as suas aquisições de conhecimentos.
A novidade estava, neste caso, no momento de transição, que seria a da passagem de ciclo.Mas não era assim, eu tinha sido bem informada:
de facto, os alunos com SUCESSO têm de percorrer todos os anos do ensino básico, enquanto os que têm INsucesso podem saltar um ano.
Não contabilizemos as questões de justiça e da imagem da mesma que são passadas aos adolescentes, bem como da função da escola, do valor do saber, do esforço e dedicação que a aprendizagem implica, etc., etc., sem eufemismos: estamos perante uma lógica… ao contrário! E não há argumento que a posso justificar, porque ela é perfeitamente injustificável.
Que melhor prova podemos encontrar para reconhecermos o triunfo do "eduquês"?
Helena Damião
(in De Rerum Natura)
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