Nova polémica reforça teoria de que CR7 não tem perfil para liderar a equipa das quinas
JOÃO FARIA (JN de hoje)
Pior do que as suas exibições, Ronaldo mostrou mau perder, ao remeter para Queiroz as explicações sobre o afastamento luso do Mundial. Com o seu carácter de novo em xeque, a solução pode passar por lhe retirar a braçadeira de capitão.
A aparente disposição de Cristiano Ronaldo pretender resolver tudo sozinho, como se tivesse essa obrigação moral quando joga com a camisola portuguesa prejudica o seu rendimento, com reflexos no próprio comportamento, fora das quatro linhas. A perspectiva é defendida, ao JN, por João Nuno Coelho, sociólogo atento ao fenómeno desportivo. "É um peso que, em regra, limita as suas actuações por Portugal, e que é acentuado pela discutível opção de lhe entregar a braçadeira de capitão", prossegue o especialista.
"Estamos a falar de um futebolista à escala mundial, que é idolatrado em todo o lado, com a responsabilidade acrescida de ser o capitão da selecção, quando se percebe, facilmente, que não tem perfil de líder", frisa, por sua vez, Jorge Silvério, psicólogo desportivo e provedor do adepto da Liga de Clubes.
O episódio de anteontem, quando, após o jogo, na zona mista do Estádio Green Point, na Cidade do Cabo, remeteu para Carlos Queiroz as explicações sobre o afastamento de Portugal do Mundial, agravou a imagem de mau perder que lhe é frequentemente atribuída. O craque rapidamente se retractou, no site da empresa que o representa, mas os estilhaços do desabafo perduraram, reavivando a discussão sobre a legitimidade do jogador em ser capitão de equipa, situação iniciada na era Scolari e que manteve com Queiroz.
"Ele dá mostras de não ter estrutura para aguentar a fama e vacila. Já teve reacções negativas com colegas e com o público. Amua com facilidade e não vai ser fácil resolver esta problema", perspectiva João Nuno Coelho.
Como dizia ontem a Imprensa espanhola, o CR9 (do Real Madrid), parece valer mais do que o CR7 (da selecção). "O Ronaldo pode ser um jogador de excelência se realmente quiser", defende o sociólogo, lembrando que, depois de muito se ter falado na juventude do avançado, aos 25 anos "começa a parecer uma questão estrutural, difícil de gerir".
"Se ele não tivesse ido para o Manchester United, poderia ser agora outro Quaresma", acrescenta João Nuno Coelho.
Já Jorge Silvério defende que a Federação Portuguesa de Futebol devia ter nos seus quadros alguém que ajudasse Ronaldo. "Teve o gesto bonito de oferecer a Tiago o prémio de melhor em campo, com a Coreia do Norte. Isso é próprio de quem se quer afirmar, mas não se deve ser líder só às vezes. É verdade que foi escolhido para ser capitão, mas não foi treinado para isso e os reflexos estão à vista", conclui o psicólogo.
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