(JN)
Por princípio, os meus cães não passam a porta de entrada dos quartos. No primeiro dia em que chegaram a casa (foram adotados e já eram grandes) aprenderam algumas regras e essa ficou clara. Erraram à primeira, tentaram uma segunda e terceira vez, mas depois perceberam. E corre bem, exceto se... as minhas filhas os deixarem entrar... Com esta falha no sistema, passou a haver duas regras diferentes. E por vezes sentem-se perdidos... Os 'fiéis amigos' precisam de liderança para se sentirem bem. O programa
exibido na SIC Mulher, "Encantador de cães", demonstra isso permanentemente:
eles respeitam uma ordem se a compreenderem e ganharem algo com isso. É um jogo
de afetos e contrapartidas. Algo que não é muito diferente da nossa vida
coletiva.
- perdeu a confiança coletiva, como as sondagens demonstram.
- Perdeu credibilidade quando confirmou os seus compadres para os lugares do costume no aparelho empresarial do Estado,
- perdeu decência quando manteve Miguel Relvas,
- e perdeu a noção da direção da viagem através do simbólico caso TSU.
É preciso que o Estado gaste menos? É.
Que os portugueses usem menos o Estado? Também.
Que haja crescimento económico? Essencial.
Mas isto só se pode fazer com uma equipa que mantenha o sentido de Estado, a ética política, a dignidade. Só um entristecido presidente da República não o compreende em tempo útil, da forma mais simples: chamando à responsabilidade o seu PSD. Há uma cadeia de comando externa no núcleo duro do Governo que trai a memória fundacional do PPD/PSD.
Repare-se: a nossa recessão continua a acentuar-se, pouco de estrutural mudou nas contas públicas exceto a carga fiscal superlativa e, verdadeiramente, o nosso sucesso é comprado fora.
Os juros mais baixos da nossa dívida resultam essencialmente das muito largas garantias que o Banco Central Europeu passou a dar aos países em aflição - além da evidência de que as dívidas são incobráveis em ambientes recessivos prolongados.
A folha de Excel não produz efeitos sem o fenómeno aleatório da psicologia social, difícil de apurar pelos macroeconomistas.
A natureza humana faz com que a economia seja uma ciência social sobre gestão de expectativas. De pessoas. O que ganham. O que perdem. Para onde vão. Até os nossos amigos cães, à sua escala, percebem isso. Pena: o Governo "Goldman Sachs" é demasiado racional para isso.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Este blogue é gerido por Zé da Silva.
A partilha de ideias é bem vinda, mesmo que sejam muito diferentes das minhas. Má educação é que não.