(Ferreira Fernandes - DN - 2013-01-25)
Porque me
doem as cruzes, a figadeira já não é a mesma e... e... ai, queres ver que me
esqueci do que estava a dizer... ah, já me lembro! Porque há razões para isso,
só agora vou escrever sobre um assunto que veio à baila há duas semanas.
Carlos
Peixoto, deputado pela Guarda, deitou crónica no jornal i. Onde escreveu:
"A nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha."
E
acabou assim:
"Se assim não for, envelhecemos e apodrecemos com o País."
O resto do texto era sobre não nascerem portugueses suficientes, o que é facto,
mas escrito por ângulo insultuoso para os idosos. Daí as tais duas frases em
que aos velhos o deputado colou as seguintes ideias:
contaminar, peste e
apodrecer.
Ele disse e foi silêncio.
Na semana seguinte, Peixoto disse que quem
aceita
"o casamento homossexual pode também vir a aceitar o casamento
entre irmãos, primos diretos ou pais e filhos...".
Foi um escândalo.
Ora
num país que já foi governado por D. Maria I, casada com o tio, o que deu com
que o seu filho, D. João VI, fosse primo direito dela e sobrinho-neto do pai,
D. Pedro III, comparações tão tolas como a do Peixoto deveriam levar ao
sorriso.
Mas foi um escândalo, porque com a sua tolice Carlos Peixoto
indispôs-se com poderoso lobby.
Já o insulto à peste dos apodrecidos velhos
passou incólume...
E Carlos Peixoto apresentar-se-á fresco às próximas
eleições, na jovem Guarda, terra de ganapada, maternidades prenhes e liceus à
cunha.
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