segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Simples e curtos



(arranjo do texto por Zé da Silva; texto original publicado no JN)

Desta vez não haverá conferências de imprensa nem mais um "animador sinal" para anunciar ao país. Um relatório do GAVE do Ministério da Educação revela que os alunos portugueses são, afinal, incapazes
* de estruturar um texto [ou]
* de explicar um raciocínio básico, [bem como de "desempenhar tarefas tão simples como, por exemplo,]
* interpretar um texto poético,
* solucionar um exercício matemático com mais de duas etapas ou * enfrentar um enunciado que não seja simples e curto".


Segundo o GAVE (que avaliou alunos do 8º ao 12º ano de 1 700 escolas), a coisa ainda vai quando as respostas só "requerem selecção", como pôr cruzinhas em respostas múltiplas; o problema é quando é preciso "justificar as respostas", construir um raciocínio ou quando as respostas exigem várias etapas de resolução.


Ainda não se extinguira o foguetório com que o Governo recebeu, há dias, o estudo do PISA colocando Portugal na média educativa europeia por virtude da queda de reprovações e subida de notas nos últimos anos, quando o balde de água fria vem do próprio Ministério: "Pais, alunos e escolas devem preocupar-se mais com o que os estudantes aprendem e menos com os resultados".

"Pais, alunos e escolas" e talvez também Governo. As aparências estatísticas podem melhorar-se a pôr cruzinhas e a passar toda a gente. Mas não será decerto com uma geração de "simples e curtos" que o país terá alguma coisa parecido com um futuro.

1 comentário:

  1. O problema é que isto está já enraizado... A presidente da Sociedade da Língua Portuguesa, Elsa Santos, afirma que, no caso do Português, a falta de exigência desde há 30 anos fez com que já nem os professores actuais possuam bases para ensinar. A questão do raciocínio matemático é deveras preocupante: Há uma enorme dificuldade em utilizar leves ferramentas matemáticas que mesmo eu, nunca dado às exactidões de cálculo, por lhes reconhecer utilidade e aplicação quotidiana, jamais esqueci...

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