domingo, 30 de janeiro de 2011

Deixem lá o ministro. E os cidadãos?

(JN)


Enquanto o Parlamento discute se Rui Pereira devia ou não demitir-se por causa da confusão instalada nas eleições presidenciais, as dezenas, centenas ou milhares de cidadãos que se viram privados desse direito elementar, conquistado a ferros, exigem respostas.


Enquanto eleitora, exijo saber quantas pessoas foram impedidas de votar. Porque enquanto esse número não me for revelado nunca poderei acreditar verdadeiramente no resultado eleitoral que me foi apresentado. Questionarei sempre se poderia ter havido uma segunda volta. Questionarei sempre o meu presidente da República.

Como também exijo saber por que razão fizeram ouvidos de mercador ao director da Administração Eleitoral que, segundo o jornal "Público", em Agosto do ano passado defendeu que se enviasse aos detentores do cartão do cidadão um aviso com o novo número de eleitor e a freguesia onde deveriam votar. O mesmo, aliás, que havia sido feito nas Legislativas de 2009, que decorreram sem problemas. Este dirigente tem um nome: chama-se Jorge Miguéis e prontamente deu o peito às balas, demitindo-se.

Este facto é já suficiente para o Governo dar respostas hoje e não se escudar num tal inquérito que há-de surgir sabe-se lá quando. E para ter a noção de que o que se passou no dia 23 de Janeiro não foi um "problema técnico", mas um gravíssimo golpe na democracia. Razão pela qual só ficaria bem ao nosso primeiro-ministro um pouco de humildade, desculpando-se perante os cidadãos. O próprio, e não lembrando, como o fez ontem, que o ministro da Administração Interna já o havia feito.

E a prudência aconselharia também Silva Pereira a não dar o caso já por concluído. Porque foi precisamente isso que fez quando revelou que o problema foi "exterior ao cartão do cidadão". Fiquei então sem saber: já há resultados do inquérito e não sabemos?

Claro que os portugueses são também parte do problema porque, mais uma vez, deixaram tudo para a última hora. Mas será que foram avisados, quando solicitaram o cartão do cidadão, que o número de eleitor iria mudar? E será que todos têm acesso à Internet? De facto, somos muito Simplex e tecnológicos, só que andamos a duas velocidades...

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