Já houve quem o comparasse a Bruno Alves, jogador de futebol. Eu acho que Cavaco merece algum respeito, por isso prefiro imaginá-lo no banco. Não no BPN, mas junto a um relvado qualquer.
Se Cavaco fosse treinador de futebol não duvido que teria toda a legitimidade em ambicionar treinar um clube da Primeira Liga. Quanto mais não fosse, após um chicotada psicológica. É fácil imaginar um presidente de clube, que apenas sabe distinguir notas de euros e marcas de carros, escolhê-lo para treinar a sua equipa. Sobretudo depois de o ouvir dizer: ” Eu, quando faço uma substituição, raramente me engano, e nunca tenho dúvidas”.
Mas Cavaco nunca seria treinador para grandes rasgos técnico-tácticos. Raramente lhe ocorreria mexer na equipa.
Para Cavaco, perder o jogo, seria sempre um acaso, uma fatalidade; ganhá-lo resultaria inevitavelmente, do seu saber, do seu trabalho, da sua experiência. A culpa de qualquer volumosa derrota morreria sempre solteira. Nem era dos jogadores, e muito menos seria sua. Nem da arbitragem, nem da Federação, nem da UEFA ou da FIFA.
E se algum jogador ousasse insinuar:
- Não será do(s) mercado(s), Mister, de Inverno?
- Não! Nada disso! E se fosse não seria eu a acusá-lo(s) de nada.
Cavaco, treinador, só venceria algum campeonato se estivesse à frente do F.C. Porto.
Porquê?
Porque Cavaco não sabe inventar. Não é criativo, nem inovador. Para tudo Cavaco precisa de um livro que o oriente. Abri-lo na página que já marcou, e, perante os seus jogadores, repetir:
” Façam o que sempre dizia o grande treinador Bella Gutman: ” Passem a bola ao primeiro toque, repassem-na quando a recebem de um companheiro, e … Chutem”.
Bella Gutman para Cavaco seria, assim, uma espécie de “Constituição”, a respeitar, até à virgula e ao ponto final.
Em campo, com Cavaco no banco, nenhum jogador ousaria extrapolar um milímetro para além posição combinada.
No balneário, se algum jogador sugerisse:
” Mister, que tal hoje tentarmos uma táctica à Mourinho?”
Ai do jogador! Ai do Mourinho! A resposta viria lesta, antes de um possível desmaio:
” Oiça, ao treinador não cabe pisar o risco! Inventar estratégias! Regras são regras. E só têm que as respeitar. Os segredos do futebol estão todos escritos… na “Constituição” – ponderadamente pensada e redigida há quase meio século, por Bella Gutman.
Cunha Ribeiro
sublime...
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