quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Em nosso nome

(JN)



Não me incomoda que os EUA tenham os meus dados biográficos e biométricos ou o meu ADN. Eu próprio lhos forneceria se os EUA mos pedissem e calhasse de estar para aí virado. Incomoda-me (porque, que diabo!, os dados afinal são "meus") é que o Governo, a quem confiei esses dados para fins específicos como o BI (felizmente ou infelizmente não tenho, mas nesta altura já não estou certo de nada, cadastro criminal), os ceda, venda, empreste ou de qualquer forma negoceie sem me dar cavaco.


O acordo entre o Governo português e os EUA para cedência dos meus dados pessoais (e dos seus, leitor, e dos de todos os portugueses) vai agora à AR que, em minha representação, mesmo sem que eu lhe tenha passado mandato para tal, lhe dará a bênção democrática. E lá seguirão fotografia, impressão digital, nome, data de nascimento, residência, filiação e até um escasso metro e 67 de altura, tudo supostamente "meu", a caminho da Califórnia sem eu nisso ser tido nem achado. Se ao menos pudesse trocar a foto! Na do BI pareço um terrorista curdo e isso já em tempos me causou problemas em Berlim quando tentei comprar um frasco de álcool numa farmácia ("Vocês, no Curdistão, não usam 'after shave'?", quis saber, desconfiado, o farmacêutico).


Um cidadão ou empresa que fizessem o que o Governo se prepara para fazer acabariam em tribunal por crime de abuso de confiança. Mas os governos estão acima das leis, não estão?

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