terça-feira, 19 de março de 2013

Os Bombos da Festa do Costume

(Paulo Guinote, no seu blogue)
 

Veio a troika. Veio nova avaliação.

O Governo falhou previsões, falhou metas, falhou tudo, excepto empobrecer o país.

Aplicou fórmulas e modelos errados, com o apoio e encorajamento da dita troika.

Falhou. Assim como a própria troika, entidade quase mítica formada por gente certificada como competente e inteligente de três organismos internacionais, falhou de forma calamitosa.

Ordenaram cortes, congelamentos, despedimentos disfarçados de outras designações.

  • Reduziram apoios sociais,
  • diminuíram compensações,
  • aumentaram
  • empobreceram a maioria do país,
enquanto mantinham incólumes os grandes interesses e negócios.

O défice continuou mais ou menos onde estava.

Há que encontrar a solução.

Qual é?

Mais cortes, mais congelamentos, mais despedimentos, agora com o nome de rescisões.

A fórmula que falhou, repetida.
 



Os principais alvos?

Os do costume… os professores.

Que eram cerca de 150.000 e andam agora abaixo dos 120.000, uma redução de 20% na sua versão mais generosa, muito acima dos míticos números da redução do número de alunos, que um dia Nuno Crato ficou em 14%.

Sobre a redução salarial efectiva nos últimos anos nem é bom falar… anda bem acima dos 25% em troca de maior carga lectiva.

Mais por muito menos.

Mas num universo acima de meio milhão de funcionários do Estado, os tais 120.000 devem fornecer metade dos sacrificados no altar de Gaspar e Seilasié ou se não é. Dizem que é preciso partirem mais 10.000 das escolas, que é para salvar o país.

Que país?

Que país existe depois de tudo isto?

Um país de campos de golfe, concertos de verão, ministros equivalente, nomeações de coleguinhas da senhora ministra, liberais de aviário, escondidos em gabinetes, sorvendo subsídios em nome de um empreendedorismo medido em semestres.

Enquanto se continua a, com crescente urgência, dizimar a classe profissional mais odiada pela nossa classe política… os bombos da festa desde 2005, os professores do ensino público, objecto da mais perversa operação de engenharia profissional das últimas décadas.

Enquanto a tutela se rende aos interesses de grupos particulares, ávidos dos dinheiros do Estado que dizem detestar, dividida entre secretários especializados em estabelecer “pontes” e “entendimentos” e um ministro ausente em parte incerta.

Se a Educação não existe sem alunos, será que existirá contra os professores?

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