Sophia de Mello Breyner Andresen
Camões e a tença
Irás ao Paço. Irás pedir que a
tença
Seja paga na data combinada
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não
responde
País que tu nomeias e não nasce
Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou seu ser
inteiramente
E aqueles que invocaste não te
viram
Porque estavam curvados e
dobrados
Pela paciência cuja mão de
cinza
Tinha apagado os olhos no seu
rosto
Irás ao Paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas
paciência
Este país que te mata lentamente.
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Este blogue é gerido por Zé da Silva.
A partilha de ideias é bem vinda, mesmo que sejam muito diferentes das minhas. Má educação é que não.