José Augusto Lopes Ribeiro
E. S. Sá de Miranda – Braga
Segundo a mitologia, Procrustes era um bandido que
vivia na estrada que ligava Mégara a Atenas e que moldava as pessoas à dimensão
dos seus dois leitos. Assim,
obrigava os transeuntes que fossem grandes a
deitarem-se na cama pequena (cortando-lhes os pés)
e aos pequenos deitava-os na
cama grande (esticando-os até ao tamanho da cama).
Analogamente, o nosso sistema educativo procura
ajustar alunos e professores a um padrão, promovendo uma uniformização que
funciona de modo centralizado e burocrático. Deste modo, pretende-se impor aos
docentes uma complexidade de tarefas e de exigências dignas de um herói
(professor, psicólogo, assistente social, pai e mãe, etc), enquanto os alunos
são inseridos numa escolaridade obrigatória, independentemente das condições
socioeconómicas, culturais, físicas, psicológicas e afetivas, sem outros
mecanismos de acompanhamento ou monitorização, sendo obrigados a realizar um
percurso na escola, que muitos rejeitam à partida.
Neste contexto, a rigidez do processo despoleta uma
enorme fricção entre os diversos intervenientes gerando disfunções na
organização da Escola, no trabalho em sala de aula e no relacionamento entre
professores, alunos e encarregados de educação. Daqui decorre uma violência
silenciosa que provoca danos colaterais como a indisciplina e a desvalorização
do trabalho docente.
A escola encontra-se, pois, paralisada e impotente
para responder a questões como esta: se a escolaridade é obrigatória, então
o que fazer com um aluno que não quer estudar, perturba as aulas e impede a
aprendizagem dos colegas?
Os docentes são hiper-responsabilizados e convidados a
encontrar soluções individuais para problemas sistémicos. A escola vai perdendo
capacidade para enfrentar os novos desafios e a atividade docente está
condenada a percorrer caminhos onde Procrustes massacra as suas vítimas
Sem comentários:
Enviar um comentário
Este blogue é gerido por Zé da Silva.
A partilha de ideias é bem vinda, mesmo que sejam muito diferentes das minhas. Má educação é que não.