segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Centros escolares para o século XXI

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Só nestes dias tive conhecimento de que a reorganização da rede escolar a que temos assistido foi traçada há já cinco anos. Nessa altura, a discussão pública entre os parceiros directamente implicados – ministério da educação, pais e encarregados de educação, autarquias, professores e outros educadores, especialistas em ensino… – a ter sido feita, aconteceu em círculos restritos e dela pouco transpareceu, de modo que o país tem sido mais ou menos apanhado de surpresa.

O momento é de apreensão: autarcas que não sabem como resolver a questão dos transportes, pais e mães que mostram receios de mandar os filhos muito pequenos para longe de casa, especialistas que advertem para os múltiplos problemas que as escolas grandes levantam…

Atitude que contrasta com o imperturbável entusiasmo da tutela. Nada de positivo a salientar no funcionamento das escolas que tínhamos – algumas das quais haviam sido qualificadas como excelentes –, tudo a elogiar nos novíssimos centros e grandes escolares, como se neles estivesse a salvação para a educação nacional.

O discurso repetido até à exaustão assenta em dois argumentos:

Um argumento, mais geral, é que esses centros estão mais de acordo com as exigências da aprendizagem do século XXI. É uma grande frase, reconheço, mas só faria sentido se fossem explicadas clara e inequivocamente quais são, afinal, essas exigências.

Outro argumento, que parece concretizar o anterior mas que, em rigor, não o faz, é que tais centros garantem mais e melhores condições de sucesso aos alunos, uma vez que proporcionam uma socialização alargada, a inclusão social e vivência de cidadania, alimentação, transporte, biblioteca escolar, salas de informática, espaços para o ensino do inglês, da música e da prática desportiva.

Ainda que cada um destes aspectos mereça ser analisado em pormenor, detenho-me no seu conjunto para fazer notar que nele falta o que para alguns é essencial numa escola: assegurar, antes de mais, através da qualidade das orientações curriculares e programáticas e do ensino veiculado pelos seus professores, a aquisição de conhecimentos fundamentais, e que, nessa aquisição, se estimule a inteligência dos alunos.

Por Helena Damião

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