Almeida Santos disse...
O presidente do PS considerou hoje que o esforço pedido hoje pelo Executivo com novas medidas de austeridade “não são sacrifícios incomportáveis” e que “o povo tem que sofrer as crises como o Governo as sofre”.
Estará “che-che”, com a doença do Al (quê) ou talvez fora do prazo de validade. Mário Soares, ao menos, disfarça bem!
“Não são sacrifícios incomportáveis” ???!!! Talvez para ele… Já agora, dito pelo próprio AS, a sua reforma andará pelos 700 contos (3500 euros, mas encontra-se 4400 euros noutras fontes). Seja como for é um insulto alguém com aquele dinheiro por mês embelezar os sacrifícios dos outros...
“O povo tem que sofrer como o governo sofre” ???!!! O tanas, homenzinho! O governo sofre???!!! É tão fácil governar com o dinheiro dos outros!...
Fiquem com uns momentos visualmente musicais
http://www.youtube.com/watch?v=jkIqEjXxaqk
http://www.youtube.com/watch?v=U44gilmizJY
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
A derrota do Buçaco
(retirado de De Rerum Natura)
Ontem assinalaram-se os 200 anos da batalha do Buçaco, que marcou o início do fim das invasões francesas. Eis o relato da coluna dos vencidos, feito pelo militar francês M. Guingret (in "Campanhas do Exército de Portugal. 1810", Livros Horizonte, 2010, introdução de António Ventura, p. 48):
"Durante o Inverno, suportei noites bem terríveis na Alemanha e na Polónia, mas a noite em que deixámos a posição do Buçaco é uma das épocas da minha vida em que me senti mais duramente afectado. A marcha lenta e grave do nosso exército, ocupado com o transporte dos seus numerosos feridos em macas, oferecia o aspecto de uma longa fila de carros fúnebres. O silêncio sombrio e triste da obscuridade era perturbado pelo barulho surdo e lúgubre das rodas da artilharia. Soldados maltratados esforçavam-se em vão por conter a expressão dos seus sofrimento; os gritos dilacerantes de dor, meio comprimidos pelos esforços de coragem, escapavam-se, em intervalos, do fundo das suas entranhas e faziam estremecer de compaixão até o coração menos sensível. Os cadáveres daqueles a quem a morte pusera termo ao sofrimento no meio desta marcha aflitiva, depostos na borda das valetas, serviam para fazer o reconhecimento da estrada, através da escuridão, às tropas que nos seguiam. os gritos agudos das aves de rapina que fugiam do meu refúgio e abandonavam os ninhos à medida que avançávamos, e de algumas que acompanhavam audaciosamente o exército, cobiçando a sua presa, acrescentavam algo ainda de mais sinistro a este cenário"
Ontem assinalaram-se os 200 anos da batalha do Buçaco, que marcou o início do fim das invasões francesas. Eis o relato da coluna dos vencidos, feito pelo militar francês M. Guingret (in "Campanhas do Exército de Portugal. 1810", Livros Horizonte, 2010, introdução de António Ventura, p. 48):
"Durante o Inverno, suportei noites bem terríveis na Alemanha e na Polónia, mas a noite em que deixámos a posição do Buçaco é uma das épocas da minha vida em que me senti mais duramente afectado. A marcha lenta e grave do nosso exército, ocupado com o transporte dos seus numerosos feridos em macas, oferecia o aspecto de uma longa fila de carros fúnebres. O silêncio sombrio e triste da obscuridade era perturbado pelo barulho surdo e lúgubre das rodas da artilharia. Soldados maltratados esforçavam-se em vão por conter a expressão dos seus sofrimento; os gritos dilacerantes de dor, meio comprimidos pelos esforços de coragem, escapavam-se, em intervalos, do fundo das suas entranhas e faziam estremecer de compaixão até o coração menos sensível. Os cadáveres daqueles a quem a morte pusera termo ao sofrimento no meio desta marcha aflitiva, depostos na borda das valetas, serviam para fazer o reconhecimento da estrada, através da escuridão, às tropas que nos seguiam. os gritos agudos das aves de rapina que fugiam do meu refúgio e abandonavam os ninhos à medida que avançávamos, e de algumas que acompanhavam audaciosamente o exército, cobiçando a sua presa, acrescentavam algo ainda de mais sinistro a este cenário"
Odiar é pecado! Por isso, tirem-me o homem da frente...
Isto deve ser delirium tremens...!!!
"José Sócrates entra com a pior coisa que podia fazer, que era a capitulação perante os professores!"
"Os professores passaram todos a ganhar mais automaticamente e vão ser todos classificados com Muito Bom e Óptimo, como é evidente!"
Miguel Sousa Tavares, em mais um momento brilhante na SIC. Infelizmente Rodrigo Guedes de Carvalho nada fez para contradizer este génio iluminado da nossa praça.
Incrível a desfaçatez com que fala, realmente como se soubesse o que está a dizer. Não sabe nem de longe, sequer. Disse asneira sobre asneira e o mais grave é que esta escarrada mentira passou incólume para a opinião pública!
(texto retirado de http://peroladecultura.blogspot.com/2010/09/isto-deve-ser-delirium-tremens.html )
Ver:
Miguel Sousa Tavares no seu habitual pior estilo
"José Sócrates entra com a pior coisa que podia fazer, que era a capitulação perante os professores!"
"Os professores passaram todos a ganhar mais automaticamente e vão ser todos classificados com Muito Bom e Óptimo, como é evidente!"
Miguel Sousa Tavares, em mais um momento brilhante na SIC. Infelizmente Rodrigo Guedes de Carvalho nada fez para contradizer este génio iluminado da nossa praça.
Incrível a desfaçatez com que fala, realmente como se soubesse o que está a dizer. Não sabe nem de longe, sequer. Disse asneira sobre asneira e o mais grave é que esta escarrada mentira passou incólume para a opinião pública!
(texto retirado de http://peroladecultura.blogspot.com/2010/09/isto-deve-ser-delirium-tremens.html )
Ver:
Miguel Sousa Tavares no seu habitual pior estilo
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Dúvida
Os portugueses estarão condenados a ter ou o PS ou o PSD a decidir por nós (ou seja: por eles!), no governo do país?
Bom governo
A semana que agora começa será marcada por sucessivos apelos ao bom senso e ao entendimento entre PS e PSD.
Suponho que, apesar das ameaças e amuos da semana passada, assim acontecerá.
E seremos portanto chamados a pagar mais impostos.
E com eles continuar a financiar derrapagens em obras públicas de utilidade duvidosa e esquemas bancários fraudulentos.
Porque o que é importante não é ser bem governado, importante, pelos vistos, é ter um Orçamento.
(Rafael Barbosa - JN de hoje)
Suponho que, apesar das ameaças e amuos da semana passada, assim acontecerá.
E seremos portanto chamados a pagar mais impostos.
E com eles continuar a financiar derrapagens em obras públicas de utilidade duvidosa e esquemas bancários fraudulentos.
Porque o que é importante não é ser bem governado, importante, pelos vistos, é ter um Orçamento.
(Rafael Barbosa - JN de hoje)
domingo, 26 de setembro de 2010
A mentira
(Jorge Brito Pereira - Diário Económico)
É mentira que os responsáveis do PS tinham razões para acreditar, durante a campanha eleitoral das últimas eleições legislativas (Setembro de 2009), que era possível cumprir o programa de obras públicas previsto no Programa do Governo e simultaneamente consolidar as contas públicas.
Assim como é mentira pretender que, um ano depois, é possível equilibrar as contas públicas sem cortar fortemente nas despesas do Estado.
E é mentira que seja possível diminuir a despesa sem afectar de forma relevante as despesas sociais com cortes que, face ao aumento exponencial da dívida e do seu serviço, se afiguram cada dia mais radicais e monstruosos.
É mentira por isso que seja possível sair deste ciclo vicioso em que entramos sem reformar o nosso Estado social.
E é mentira que, em qualquer caso, seja possível reequilibrar as contas públicas no próximo par de anos à custa de cortes na despesa, ou seja, sem novo aumento de impostos.
E é mentira que um novo aumento de impostos possa ser feito sem afectar gravemente a classe média e a capacidade do nosso sector privado gerar profundidade à economia.
Já agora, é mentira que a despesa e o ‘deficit' estejam em 2010 inferiores ao que estavam no período homólogo de 2009.
E é por isso mentira que o endividamento público esteja controlado e que seja razoável esperar que o limite do ‘deficit' previsto no PEC 2 seja cumprido a não ser que ocorra um milagre (espontâneo ou induzido) na receita.
E é também mentira que a situação orçamental não seria muito mais favorável se o Governo tivesse introduzido as portagens nas SCUT quando isso, há vários anos, começou a ser defendido.
E é mentira que no último trimestre de 2009 fosse responsável defender o que a este propósito consta do Programa do Governo.
Já agora, e porque o mundo não muda assim tão depressa, é também mentira que o mundo tenha mudado em Maio deste ano e que se passasse a justificar um aumento de impostos que antes não se justificava.
E é também mentira que os números do desemprego no último trimestre tenham o que quer que seja de positivo - temos o quarto maior desemprego da OCDE e a tendência é de agravamento desde o início da década de 90.
E é mentira que quando foi adjudicado o troço do TGV entre o Caia e o Poceirão (Dezembro de 2009) não se sabia que alguns meses depois não existiriam condições para adjudicar o troço entre Lisboa e o Caia.
E, salvo novo milagre, é mentira que em Novembro as coisas sejam diferentes e possa ser lançado um novo concurso.
De todas as coisas más que aconteceram à política portuguesa nas últimas décadas, a banalização da mentira é certamente a pior.
A mentira destrói qualquer viabilidade de construção de uma relação positiva dos cidadãos com os poderes públicos, corrói a confiança nos políticos até ao grau zero, mina o optimismo no futuro e, sobretudo, cria comportamentos desmobilizados e irresponsáveis nos governados.
A mentira faz com que os políticos pareçam tolos e, sobretudo, faz com que não pareçam honestos - apenas adia a necessidade de confronto com a verdade, fazendo depois com que esse confronto doa muito mais, como uma dor de dentes que não é tratada.
Por tudo isto, continuar a dar a entender que é patriótico alimentar uma confiança cega na nossa economia e que é contra os nossos interesses confrontar-nos com a verdade é uma das coisas mais irresponsáveis que ouvi.
(imagens retiradas da internet)
sábado, 25 de setembro de 2010
É o que dá contornar a verdade
Churchill escreveu um dia que "os homens tropeçam por vezes na verdade, mas a maior parte torna a levantar-se e continua depressa o seu caminho, como se nada tivesse acontecido". Governo e Oposição tanto contornaram a verdade que agora levaram com ela de frente, qual soco em seco no estômago.
Aquilo a que assistismos nos dois últimos dias é pouco digno do Homem. O futuro do país decide-se numa indecorosa chantagem: se o PSD não aprovar o Orçamento do Estado para 2011, o Governo pura e simplesmente bate com a porta. Que é como quem diz, abre a porta ao Fundo Monetário Internacional.
Obcecados com a táctica política, para ver quem cai primeiro, PS e PSD mostram um total desrespeito pelos portugueses. E são esses que vão pagar os contornos à verdade. Pagando mais impostos, ganhando cada vez menos, empobrecendo dia após dia. Porque alguém (ou alguns) se lembrou de ser irresponsável.
Teixeira dos Santos joga o papel do odioso - como, aliás, qualquer ministro das Finanças. Questiona a Oposição sobre onde poderá cortar quatro mil milhões de euros do lado da despesa. Pois claro que não consegue, porque ainda ontem o seu colega António Mendonça veio reafirmar a firmeza do Governo em levar por diante a ligação em alta velocidade Lisboa-Madrid - que, com a terceira travessia sobre o Tejo incluída, fica por qualquer coisa como quatro mil milhões.
Mas o que o ministro das Finanças não explicou é por que razão tem de cortar naquela ordem de grandeza. Ora, o Governo não aprovou, em grande sentido de Estado ao lado do PSD, o austero PEC II? Onde, por exemplo, aumentou o IVA em um ponto percentual, criou uma taxa adicional sobre o IRS, alterou ou acabou com diversas prestações sociais, subiu as cativações e congelou as admissões de pessoal? E isso gerou o quê? Zero?
Merecemos, de facto, conhecer a execução do PEC II para, de uma vez por todas, ficarmos a saber qual a dimensão do buraco em que estamos metidos. Até lá, o nível da nossa democracia cai a olhos vistos, para regozijo dos investidores internacionais, que a cada dia que passa ficam mais ricos com a nossa irresponsabilidade.
(Joana Amorim - JN de hoje)
Aquilo a que assistismos nos dois últimos dias é pouco digno do Homem. O futuro do país decide-se numa indecorosa chantagem: se o PSD não aprovar o Orçamento do Estado para 2011, o Governo pura e simplesmente bate com a porta. Que é como quem diz, abre a porta ao Fundo Monetário Internacional.
Obcecados com a táctica política, para ver quem cai primeiro, PS e PSD mostram um total desrespeito pelos portugueses. E são esses que vão pagar os contornos à verdade. Pagando mais impostos, ganhando cada vez menos, empobrecendo dia após dia. Porque alguém (ou alguns) se lembrou de ser irresponsável.
Teixeira dos Santos joga o papel do odioso - como, aliás, qualquer ministro das Finanças. Questiona a Oposição sobre onde poderá cortar quatro mil milhões de euros do lado da despesa. Pois claro que não consegue, porque ainda ontem o seu colega António Mendonça veio reafirmar a firmeza do Governo em levar por diante a ligação em alta velocidade Lisboa-Madrid - que, com a terceira travessia sobre o Tejo incluída, fica por qualquer coisa como quatro mil milhões.
Mas o que o ministro das Finanças não explicou é por que razão tem de cortar naquela ordem de grandeza. Ora, o Governo não aprovou, em grande sentido de Estado ao lado do PSD, o austero PEC II? Onde, por exemplo, aumentou o IVA em um ponto percentual, criou uma taxa adicional sobre o IRS, alterou ou acabou com diversas prestações sociais, subiu as cativações e congelou as admissões de pessoal? E isso gerou o quê? Zero?
Merecemos, de facto, conhecer a execução do PEC II para, de uma vez por todas, ficarmos a saber qual a dimensão do buraco em que estamos metidos. Até lá, o nível da nossa democracia cai a olhos vistos, para regozijo dos investidores internacionais, que a cada dia que passa ficam mais ricos com a nossa irresponsabilidade.
(Joana Amorim - JN de hoje)
Eu também dou...
Eu dou 5% do meu salário de bom grado para ver o engenheiro, o PSP, os Vitalinos, os Vitais, os Mendonças, os Assis, os Sousas Pintos, os Coelhones, esses todos, pela borda fora.
Se levarem convosco mais umas alternativas, tipo Carrilho, [e PPCs acrescento eu, Zé da Silva] até chego aos 10% e ofereço os meus Tintins repetidos (as revistas, não os outros, que tenho a quantidade correcta) como brinde.
Como dizia hoje ao fim da tarde o José Manuel Fernandes na TVI24, o problema não é um acordo entre o Governo e a oposição ou o PSD, mas alguém fazer um acordo (excepto os sindicatos de professores) com José Sócrates, pois ele manda um subordinado [sic] contar uma conversa em privado, mal ela parece ir acabar mal.
Paulo Guinote
(imagem retirada de bardoalcides.blogspot.com )
E a dança continua...
O Presidente da República, Cavaco Silva, convocou os partidos com assento parlamentar para discutir a situação política, económica e social na terça e quarta-feira.
Se fosse algo mesmo grave, tipo alínea do Estatuto dos Açores, haveria comunicação solene ao país já esta noite. Sendo apenas uma possível situação de bancarrota, há tempo para mais uma ronda de conversas…
E a dança continua…
Paulo Guinote
Se fosse algo mesmo grave, tipo alínea do Estatuto dos Açores, haveria comunicação solene ao país já esta noite. Sendo apenas uma possível situação de bancarrota, há tempo para mais uma ronda de conversas…
E a dança continua…
Paulo Guinote
Carlos Queirós
Não sou apreciador de Carlos Queirós como treinador “principal” de futebol. Ele tem tido sucesso como treinador de jovens e como treinador adjunto. Como “principal” não me lembro de um grande sucesso.
Neste caso que anda nos últimos tempos nas notícias e nas bocas da gente – a tal perturbação do controlo anti-doping – eu defendo-o e acho que ele tem muita razão.
Parece que ninguém contesta que Carlos Queirós, nem ele, teve excessos de linguagem, mesmo com Pinto da Costa a dizer que “filho da puta” nem sempre é insultuoso, mostrando, virando-se para um jornalista do Correio da Manhã “Ó filho da puta, estás bom?”. E mesmo entre mãe e filho. É verdade e sou testemunha disso nas estreitas ruas da Ribeira do Porto. E mesmo com Carlos Queirós a mandar, nem sei o nome do sujeito, fazer análises na origem do seu ser materno.
Ora, não deve ser preciso, penso, ser muito inteligente para concluir que se fora TÃO TÃO TÃO grave o comportamento e atitudes de Carlos Queirós ele deveria ser imediatamente demitido e nem fazia as malas para a África do Sul…
Mas não! Deixou-se ir o homem, na África do Sul Portugal não se saiu muito bem, mas também não foi muito mal – caramba! fomos eliminados pelos campeões mundiais!!!
Eis senão quando: o indescritível Secretário de Estado do Desporto saca do varapau, como homem de Fafe que é, e proclama aos quatro ventos, sete nortadas e quarenta e oito brisas que o Queirós é um criminoso – não foram estas as palavras, mas era isso que quereriam dizer. Que o homem (LD) tem assomos de vaidade e presunção acho que ninguém nega. Recordo, no tempo do primeiro governo de Sócrates, ter lido que Laurentino Dias tinha 8 – oito! – fotografias suas na página inicial do site da sua Secretaria de Estado. Mas com vaidade ou sem vaidade o homem não tinha nada que se meter neste assunto, ainda que algo se tivesse passado na estrutura da sua Secretaria. Mas, enfim!, o homem é o seu responsável e não tinha que vir a terreiro dizer o que disse. E parece que isto não vai ficar por aqui.
Na pesquisa que fiz sobre este assunto, descobri este texto de 2005 no Abnóxio, de Ademar Santos:
Dias com Pimenta...
O Público transcreve hoje um pequeno excerto de uma conversa telefónica entre Pimenta Machado e Laurentino Dias.
Pimenta pede a Laurentino que, junto da Polícia Judiciária, descubra quem o denunciou.
Laurentino promete que tentará.
Pimenta garante a Laurentino que a célula do PS na Judiciária é superior à do PSD.
Laurentino regista a informação, mas não parece surpreendido.
A conversa ocorreu em Julho de 2002, era então Pimenta Machado presidente do Vitória de Guimarães e Laurentino Dias, deputado do PS (na oposição).
Hoje, três anos passados, Pimenta Machado aguarda, em liberdade, o julgamento e Laurentino Dias, no governo, tutela o futebol, perdão, o desporto.
As voltas que a bola dá...
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
De analfabetos com aulas de dança
É uma das nossas grandes certezas: a necessidade de aprendizagem, de educação, o progresso do nosso conhecimento através do ensino paciente e metódico. Mas a educação é um problema e, evidentemente, um problema político sério. Quase sempre, reduz-se qualquer insuficiência individual a uma questão de falta de educação e de ensino. Rousseau foi um pensador importante por isso mesmo. O seu Émile tornou-se uma obra tão ou mais transformadora que o Capital de Marx. O que nos disse Rousseau é que a desigualdade, a imperfeição e o conflito entre pessoas só se podem atenuar através de uma educação pública e igualizadora. Por isso, a educação do jovem Émile segue um programa optimista e abstracto. Émile não aprende com o passado, não aprende para triunfar sobre os outros, para resistir à violência ou para preservar um mérito. É educado para ser um bom cidadão, igual a outros. É educado para essa harmonia social que é a igualdade entre todos os seres humanos, superadora da alienação e das diferenças. O programa de Émile é, no entanto, uma ilusão. A primeira ilusão que comanda a nossa esperança na aprendizagem universal é a educação igualitária. A verdade é que a educação não consiste necessariamente numa experiência feliz ou vitoriosa. Porque os nossos limites são revelados por aquilo que aprendemos e não aprendemos.
[…]
Paradoxalmente ou não, o ser humano tem um irrefreável impulso de querer saber mais e mais sobre os assuntos que lhe interessam. A oferta é ampla Podemos aprender design de moda e as técnicas orientais de sublimação. Aprender o feng-shui ou receitas vegetarianas. Aprender a suportar a conjugalidade e a neurose. A arte da paternidade e a técnica do parto. Línguas previsíveis ou esotéricas. A dançar e a escrever. Numa história do escritor americano Donald Barthelme, Snow White, uma mulher aplica-se com esmero a estudar as seguintes disciplinas: A mulher moderna: os seus privilégios e responsabilidades, guitarra clássica, os poetas ingleses, as bases da psicologia, a pintura a óleo.
Na verdade, conhecemos bem esta mulher. Ela não se educa para nada, a não ser para o seu próprio prazer emotivo. É uma vítima dos seus desejos e da vulgarização da educação. Esta sua aprendizagem não é nada e, provavelmente, ela nem a usa. Limita-se a exprimir a sua personalidade, o seu "eu" sentimental e carente de informação.
Na era do ensino emotivo, vivemos entre estes dois extremos: a igualdade e a individualidade. Mas não estamos, curiosamente, nem mais iguais, nem mais autênticos. Nem ainda mais educados. Estamos mais sozinhos. Esta educação construída à nossa imagem representa toda uma nova ignorância e criou uma legião de analfabetos. De analfabetos com aulas de dança."
Pedro Lomba (Publico de hoje)
[…]
Paradoxalmente ou não, o ser humano tem um irrefreável impulso de querer saber mais e mais sobre os assuntos que lhe interessam. A oferta é ampla Podemos aprender design de moda e as técnicas orientais de sublimação. Aprender o feng-shui ou receitas vegetarianas. Aprender a suportar a conjugalidade e a neurose. A arte da paternidade e a técnica do parto. Línguas previsíveis ou esotéricas. A dançar e a escrever. Numa história do escritor americano Donald Barthelme, Snow White, uma mulher aplica-se com esmero a estudar as seguintes disciplinas: A mulher moderna: os seus privilégios e responsabilidades, guitarra clássica, os poetas ingleses, as bases da psicologia, a pintura a óleo.
Na verdade, conhecemos bem esta mulher. Ela não se educa para nada, a não ser para o seu próprio prazer emotivo. É uma vítima dos seus desejos e da vulgarização da educação. Esta sua aprendizagem não é nada e, provavelmente, ela nem a usa. Limita-se a exprimir a sua personalidade, o seu "eu" sentimental e carente de informação.
Na era do ensino emotivo, vivemos entre estes dois extremos: a igualdade e a individualidade. Mas não estamos, curiosamente, nem mais iguais, nem mais autênticos. Nem ainda mais educados. Estamos mais sozinhos. Esta educação construída à nossa imagem representa toda uma nova ignorância e criou uma legião de analfabetos. De analfabetos com aulas de dança."
Pedro Lomba (Publico de hoje)
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
O conto do vigário
A notícia ontem divulgada pela TSF de que "a polícia finlandesa está à procura de um vigarista identificado como tendo uma cara muito parecida com a de Durão Barroso e que enganou uma pessoa numa cidade a 70 quilómetros de Helsínquia" não mereceria por cá comentários não acontecesse, há uns anos, alguém com uma cara igualmente muito parecida com a do actual presidente da Comissão Europeia ter enganado milhares de pessoas numa cidade a 1600 quilómetros de Lisboa.
Estava acompanhado de três indivíduos com caras muito parecidas com as de George W. Bush, Tony Blair e José Maria Aznar, todos tendo então impingido ao Mundo a existência de depósitos gigantescos de armas de destruição maciça no Iraque, usando isso como pretexto para a invasão daquele país e para uma guerra que ainda dura e causou já centenas de milhares de mortos.
Parece que o vigarista finlandês convenceu um transeunte "a comprar fatos e outra roupa de luxo que tinham sobrado de uma passagem de moda", ficando-lhe com 200 euros.
Por isso tem a Polícia à perna.
Ninguém anda atrás dos quatro da Base das Lajes.
Nem a sua consciência.
(Manuel António Pina - JN)
Estava acompanhado de três indivíduos com caras muito parecidas com as de George W. Bush, Tony Blair e José Maria Aznar, todos tendo então impingido ao Mundo a existência de depósitos gigantescos de armas de destruição maciça no Iraque, usando isso como pretexto para a invasão daquele país e para uma guerra que ainda dura e causou já centenas de milhares de mortos.
Parece que o vigarista finlandês convenceu um transeunte "a comprar fatos e outra roupa de luxo que tinham sobrado de uma passagem de moda", ficando-lhe com 200 euros.
Por isso tem a Polícia à perna.
Ninguém anda atrás dos quatro da Base das Lajes.
Nem a sua consciência.
(Manuel António Pina - JN)
Aeroportos...
FMI não prevê aterrar na Portela (dos jornais).
A dúvida está se vão para o Porto, Faro, ou aquele, ali ao lado, como é?, ah! Figo Maduro!
A dúvida está se vão para o Porto, Faro, ou aquele, ali ao lado, como é?, ah! Figo Maduro!
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Obviamente demitido
A vida partidária tornou-se há muito a via privilegiada (até porque, em muitos casos, única) de ascensão social e económica de gente sem qualificações que a distingam senão a capacidade, altamente apreciada, para obedecer e balir sempre em consonância com o rebanho.
A AR dá emprego a centenas de eunucos do género dos que,
"em vénias malabares à luz do dia
lambuzam de saliva os maiorais",
e que, se alguma vez tiveram uma ideia própria, só a partilharam, como um pecado vergonhoso, com a família e amigos chegados.
A carreira diplomática também.
Como o cônsul em Bordéus caído em desgraça por ter salvo milhares de judeus das câmaras de gás nazis em desobediência às instruções de Salazar, Manuel Maria Carrilho, embaixador na UNESCO, caiu em desgraça quando, no ano passado, não votou (acordou com o ministro que o fizesse o número dois da missão) no censor egípcio Farouk Osni para o cargo de director-geral da organização.
Agora deu uma entrevista ao "Expresso" onde fica à vista que (ó horror!) tem pensamento próprio, distinto da vulgata propagandística do PS.
Ontem soube pela LUSA que foi demitido.
Manuel António Pina (JN)
A AR dá emprego a centenas de eunucos do género dos que,
"em vénias malabares à luz do dia
lambuzam de saliva os maiorais",
e que, se alguma vez tiveram uma ideia própria, só a partilharam, como um pecado vergonhoso, com a família e amigos chegados.
A carreira diplomática também.
Como o cônsul em Bordéus caído em desgraça por ter salvo milhares de judeus das câmaras de gás nazis em desobediência às instruções de Salazar, Manuel Maria Carrilho, embaixador na UNESCO, caiu em desgraça quando, no ano passado, não votou (acordou com o ministro que o fizesse o número dois da missão) no censor egípcio Farouk Osni para o cargo de director-geral da organização.
Agora deu uma entrevista ao "Expresso" onde fica à vista que (ó horror!) tem pensamento próprio, distinto da vulgata propagandística do PS.
Ontem soube pela LUSA que foi demitido.
Manuel António Pina (JN)
domingo, 19 de setembro de 2010
Marinho Pinto
A justiça dos homens
12/09/2010
Há dois mil anos, na Palestina, um Nazareno inocente foi condenado à morte por uma multidão de pessoas fanatizadas naquele que é até hoje o mais famoso julgamento da história da humanidade. O que mais me impressiona nesse julgamento não é o facto de o arguido estar inocente, pois sempre houve e haverá inocentes condenados; também não é a brutalidade da sentença, pois a pena máxima sempre foi a preferida das multidões; não é sequer a certeza irracional da turba sobre a culpabilidade do acusado, pois todas as multidões (as massas, como dizem alguns) são sempre irracionais e só têm certezas (por mim fujo sempre delas, seja nos estádios de futebol, seja nas procissões políticas ou sindicais, seja nas manifestações públicas de qualquer religião).
O que ainda hoje me impressiona naquele julgamento é o facto de, então, ninguém ter erguido a voz para defender o arguido ou sequer para manifestar dúvidas sobre a sua culpa. Ele, que pouco tempo antes arrebatava multidões, ele que fora a esperança para milhares de seguidores, de repente, estava ali sozinho, sem defesa, perante uma multidão que, embriagada com as suas próprias certezas, ululava pela execução da sentença que ela própria proferira.
O próprio julgador, que tinha os poderes para impedir a injustiça, cedeu às suas exigências e, apesar das dúvidas que chegou a manifestar, optou por lavar as mãos e entregar o acusado aos justiceiros. E mesmo aqueles que o sabiam inocente, não foram capazes de um gesto em sua defesa. Todos, por medo, vergonha ou cobardia, se calaram. E até os seus seguidores mais próximos negaram que o conheciam. E tudo isso aconteceu, não pela inexorabilidade de um desígnio profético, mas porque os senhores do Templo queriam a sua condenação a todo o custo e trabalharam para isso, manipulando e intoxicando a opinião pública de então. Dessa forma conseguiram o duplo objectivo de fanatizar uma parte da sociedade e calar os que tinham dúvidas ou acreditavam na sua inocência do acusado.
Casos semelhantes surgiram aos milhões ao longo da história da humanidade e repetem-se ainda hoje um pouco por todo o mundo, sempre com a intolerância e o fanatismo a aniquilar o direito de defesa dos acusados. Desde os inocentes que arderam nas fogueiras da Inquisição até aos condenados dos processos de Moscovo ou de Praga, para já não falar nos decapitados ou fuzilados de todas as revoluções e contra-revoluções, todos foram vítimas daquelas certezas absolutas que fanatizam as pessoas, por vezes até as mais generosas.
Por isso eu só acredito na justiça dos homens quando ela é feita no respeito por princípios que a relativizam e lhe impõem, como regra fundamental, o respeito absoluto por todas as pessoas envolvidas.
Por isso eu só acredito na justiça quando os que a administram respeitam os direitos de defesa e não os tentam esvaziar com alegações espúrias de excessos de garantismo.
Por isso eu só acredito na justiça quando ela é feita no lugar próprio que são os tribunais, por magistrados e advogados independentes e não nos órgãos de comunicação social por justiceiros de ocasião ou em instâncias não soberanas.
Por isso eu só acredito na justiça quando ela aceita sem dramatismos que é preferível inocentar um culpado do que condenar um inocente.
Por isso eu só acredito na justiça quando, em todos os seus trâmites, ela respeita o princípio da presunção de inocência até ao momento em que um veredicto de culpabilidade se torne definitivo por já não poder ser objecto de recurso ordinário.
Por isso eu só acredito na justiça quando ela é feita não em nome das vítimas, mas sim em nome dos bens jurídicos ofendidos com o crime e para reafirmar solenemente a validade desses bens, sem cedências a qualquer fundamentalismo justiceiro.
Por isso eu só acredito na justiça quando, havendo lugar ao ressarcimento moral das vítimas, ele não se faça através da humilhação pública dos condenados, sejam eles quem forem.
Por isso eu só acredito na justiça quando ela procura a verdade dos factos através de provas produzidas no próprio processo com respeito pelo princípio do contraditório e não com a informação tendenciosa de órgãos de comunicação social.
Por mim sempre lutei por esses princípios e, seja como bastonário da OA, seja como advogado ou como simples cidadão, nunca deixarei de erguer a minha voz em protesto contra a sua violação.
Marinho Pinto
12/09/2010
Há dois mil anos, na Palestina, um Nazareno inocente foi condenado à morte por uma multidão de pessoas fanatizadas naquele que é até hoje o mais famoso julgamento da história da humanidade. O que mais me impressiona nesse julgamento não é o facto de o arguido estar inocente, pois sempre houve e haverá inocentes condenados; também não é a brutalidade da sentença, pois a pena máxima sempre foi a preferida das multidões; não é sequer a certeza irracional da turba sobre a culpabilidade do acusado, pois todas as multidões (as massas, como dizem alguns) são sempre irracionais e só têm certezas (por mim fujo sempre delas, seja nos estádios de futebol, seja nas procissões políticas ou sindicais, seja nas manifestações públicas de qualquer religião).
O que ainda hoje me impressiona naquele julgamento é o facto de, então, ninguém ter erguido a voz para defender o arguido ou sequer para manifestar dúvidas sobre a sua culpa. Ele, que pouco tempo antes arrebatava multidões, ele que fora a esperança para milhares de seguidores, de repente, estava ali sozinho, sem defesa, perante uma multidão que, embriagada com as suas próprias certezas, ululava pela execução da sentença que ela própria proferira.
O próprio julgador, que tinha os poderes para impedir a injustiça, cedeu às suas exigências e, apesar das dúvidas que chegou a manifestar, optou por lavar as mãos e entregar o acusado aos justiceiros. E mesmo aqueles que o sabiam inocente, não foram capazes de um gesto em sua defesa. Todos, por medo, vergonha ou cobardia, se calaram. E até os seus seguidores mais próximos negaram que o conheciam. E tudo isso aconteceu, não pela inexorabilidade de um desígnio profético, mas porque os senhores do Templo queriam a sua condenação a todo o custo e trabalharam para isso, manipulando e intoxicando a opinião pública de então. Dessa forma conseguiram o duplo objectivo de fanatizar uma parte da sociedade e calar os que tinham dúvidas ou acreditavam na sua inocência do acusado.
Casos semelhantes surgiram aos milhões ao longo da história da humanidade e repetem-se ainda hoje um pouco por todo o mundo, sempre com a intolerância e o fanatismo a aniquilar o direito de defesa dos acusados. Desde os inocentes que arderam nas fogueiras da Inquisição até aos condenados dos processos de Moscovo ou de Praga, para já não falar nos decapitados ou fuzilados de todas as revoluções e contra-revoluções, todos foram vítimas daquelas certezas absolutas que fanatizam as pessoas, por vezes até as mais generosas.
Por isso eu só acredito na justiça dos homens quando ela é feita no respeito por princípios que a relativizam e lhe impõem, como regra fundamental, o respeito absoluto por todas as pessoas envolvidas.
Por isso eu só acredito na justiça quando os que a administram respeitam os direitos de defesa e não os tentam esvaziar com alegações espúrias de excessos de garantismo.
Por isso eu só acredito na justiça quando ela é feita no lugar próprio que são os tribunais, por magistrados e advogados independentes e não nos órgãos de comunicação social por justiceiros de ocasião ou em instâncias não soberanas.
Por isso eu só acredito na justiça quando ela aceita sem dramatismos que é preferível inocentar um culpado do que condenar um inocente.
Por isso eu só acredito na justiça quando, em todos os seus trâmites, ela respeita o princípio da presunção de inocência até ao momento em que um veredicto de culpabilidade se torne definitivo por já não poder ser objecto de recurso ordinário.
Por isso eu só acredito na justiça quando ela é feita não em nome das vítimas, mas sim em nome dos bens jurídicos ofendidos com o crime e para reafirmar solenemente a validade desses bens, sem cedências a qualquer fundamentalismo justiceiro.
Por isso eu só acredito na justiça quando, havendo lugar ao ressarcimento moral das vítimas, ele não se faça através da humilhação pública dos condenados, sejam eles quem forem.
Por isso eu só acredito na justiça quando ela procura a verdade dos factos através de provas produzidas no próprio processo com respeito pelo princípio do contraditório e não com a informação tendenciosa de órgãos de comunicação social.
Por mim sempre lutei por esses princípios e, seja como bastonário da OA, seja como advogado ou como simples cidadão, nunca deixarei de erguer a minha voz em protesto contra a sua violação.
Marinho Pinto
Laurentino Dias Super Star
“Um português sabe que a crise é grave quando se vê obrigado a arranjar um segundo emprego. E sabe que a crise é gravíssima quando vê que há membros do Governo que fazem o mesmo. Como Laurentino Dias, que agora acumula o lugar de secretário de Estado do Desporto com o de comentador de futebol. Mesmo sem utilizar o jargão indecifrável de Luís Fretas Lobo ou o histerismo sóbrio dos comentadores do Dia Seguinte, Laurentino Dias é o analista do momento. Uma espécie de Rui Santos com o cabelo desfrisado. Depois dos autarcas/dirigentes, agora temos os membros do Governo/comentadores. Para quando os deputados/ fiscais-de-linha?
[…]
Mas onde Laurentino tem sobressaído é na cobertura do processo Carlos Queiroz. Como a Guerra do Golfo para José Rodrigues dos Santos, está o “C*** da mãe de Luís Horta Gate” para Laurentino Dias. È a grande oportunidade da sua vida para brilhar. Ora validando sentenças, ora perorando sobre recolhas de chichi, ora sugerindo estratégias à FPF, Laurentino não pára de atirar bolas para o pinhal. É uma espécie de chuteira falante.
Poderão dizer que esse é o trabalho de um secretário de Estado do Desporto. Talvez. Mas só se, por exemplo, entre as funções do secretário de Estado da Agricultura estiver a obrigação de entrar em minha casa à hora do jantar e censurar-me por não papar legumes suficientes.
O que sucede é que a Secretaria de Estado do Desporto é o órgão oficial com que o Governo se associa aos êxitos desportivos. É a UHU dos balneários. Depois de uma vitória, lá aparece o secretário de Estado a colar-se aos vencedores. Laurentino Dias é aquele dedo maroto que vai rapar o chocolate ao fundo do tacho, para que o Governo se lambuze com os restos do bolo. […].
Só que, quando a selecção não tem bons resultados, não serve de muito. Isso talvez explique a forma enérgica com que Laurentino Dias se empenha em despedir Queiroz”, et cetera.
José Diogo Quintela, “O Rui Santos do cabelo desfrisado”, publicado na revista Pública (12/09/2010).
[…]
Mas onde Laurentino tem sobressaído é na cobertura do processo Carlos Queiroz. Como a Guerra do Golfo para José Rodrigues dos Santos, está o “C*** da mãe de Luís Horta Gate” para Laurentino Dias. È a grande oportunidade da sua vida para brilhar. Ora validando sentenças, ora perorando sobre recolhas de chichi, ora sugerindo estratégias à FPF, Laurentino não pára de atirar bolas para o pinhal. É uma espécie de chuteira falante.
Poderão dizer que esse é o trabalho de um secretário de Estado do Desporto. Talvez. Mas só se, por exemplo, entre as funções do secretário de Estado da Agricultura estiver a obrigação de entrar em minha casa à hora do jantar e censurar-me por não papar legumes suficientes.
O que sucede é que a Secretaria de Estado do Desporto é o órgão oficial com que o Governo se associa aos êxitos desportivos. É a UHU dos balneários. Depois de uma vitória, lá aparece o secretário de Estado a colar-se aos vencedores. Laurentino Dias é aquele dedo maroto que vai rapar o chocolate ao fundo do tacho, para que o Governo se lambuze com os restos do bolo. […].
Só que, quando a selecção não tem bons resultados, não serve de muito. Isso talvez explique a forma enérgica com que Laurentino Dias se empenha em despedir Queiroz”, et cetera.
José Diogo Quintela, “O Rui Santos do cabelo desfrisado”, publicado na revista Pública (12/09/2010).
Ainda Alçada
“Apostada em aproximar-se dos alunos, [Isabel] Alçada tentou ser um".
João Pereira Coutinho, "Correio da Manhã", 19-09-2010
João Pereira Coutinho, "Correio da Manhã", 19-09-2010
sábado, 18 de setembro de 2010
Politicamente incorrecto?
De uma vez por todas: continuamos a assobiar para o lado e a fazer de conta que estes gajos do governo e do PS é que são bons?
Tolhe-se de medo nas escolas. Os directores, cheios de poder oferecido em troca de status e de beija-mão, são ou uns mais burros que se travestiram de pequenos directores, quais reitores de antigamente (os reitores que passaram por mim eram muito melhores que estes ditadoreszecos!...) ou uns que experimentaram o sabor do poder e gostaram ou, ainda, outros que, cheios de boa vontade, pensam poder educar nas suas escolas e mudar o mundo.
Só o medo é que não nos deixa falar. Foi montada uma teia diabólica nas escolas: não há democracia! Os directores são omnipoderosos! Os elementos intermédios, tipo coordenadores de departamento e de directores de turma, são escolhidos pelos directores e respondem apenas perante eles. Já não são representantes dos seus colegas professores, mas apenas representantes do director, melhor dizendo, agentes do director. O grau de liberdade do professor tende para zero. Quando uma ministra (sem qualquer qualificação para o ser, a não ser, porventura, o cartão partidário e o sorriso aventureiro) aponta, sem saber, coitada, por mal informada por qualquer das eventuais víboras que poluem o ministério da educação, para metas de sucesso estatístico estamos conversados.
Quando a ministra e o primeiro-ministro falam de sucesso, por má-fé, aldrabice política ou ignorância, falam apenas em passar de ano ou atingir o fim de um ciclo, não falam do SABER REALMENTE.
Não se iludam pais e sociedade em geral: os meninos podem passar de ano, mas são na sua maioria uns ignorantes. E os culpados não são os professores, nem sequer os ditadores, desculpem: os directores, yesmen das ordens ministeriais: são mesmo os políticos que, sem dúvida, quais salazares em miniatura, preferem o povo inculto e insubmisso ( e escusam as virgens habituais de chorar que este escriba devia ser queimado no cadafalso da Inquisição do largo do Rato ).
Aproveitemos a democracia, enquanto nos deixam tê-la, para dizer o que nos vai na alma.
Zé da Silva.
Tolhe-se de medo nas escolas. Os directores, cheios de poder oferecido em troca de status e de beija-mão, são ou uns mais burros que se travestiram de pequenos directores, quais reitores de antigamente (os reitores que passaram por mim eram muito melhores que estes ditadoreszecos!...) ou uns que experimentaram o sabor do poder e gostaram ou, ainda, outros que, cheios de boa vontade, pensam poder educar nas suas escolas e mudar o mundo.
Só o medo é que não nos deixa falar. Foi montada uma teia diabólica nas escolas: não há democracia! Os directores são omnipoderosos! Os elementos intermédios, tipo coordenadores de departamento e de directores de turma, são escolhidos pelos directores e respondem apenas perante eles. Já não são representantes dos seus colegas professores, mas apenas representantes do director, melhor dizendo, agentes do director. O grau de liberdade do professor tende para zero. Quando uma ministra (sem qualquer qualificação para o ser, a não ser, porventura, o cartão partidário e o sorriso aventureiro) aponta, sem saber, coitada, por mal informada por qualquer das eventuais víboras que poluem o ministério da educação, para metas de sucesso estatístico estamos conversados.
Quando a ministra e o primeiro-ministro falam de sucesso, por má-fé, aldrabice política ou ignorância, falam apenas em passar de ano ou atingir o fim de um ciclo, não falam do SABER REALMENTE.
Não se iludam pais e sociedade em geral: os meninos podem passar de ano, mas são na sua maioria uns ignorantes. E os culpados não são os professores, nem sequer os ditadores, desculpem: os directores, yesmen das ordens ministeriais: são mesmo os políticos que, sem dúvida, quais salazares em miniatura, preferem o povo inculto e insubmisso ( e escusam as virgens habituais de chorar que este escriba devia ser queimado no cadafalso da Inquisição do largo do Rato ).
Aproveitemos a democracia, enquanto nos deixam tê-la, para dizer o que nos vai na alma.
Zé da Silva.
Isabel no País das Maravilhas
A ministra da Educação sacudiu a comunidade educativa com um suplemento de alma em forma de alocução vídeo que promete mudar o curso dos processos de aprendizagem em Portugal. Assim uma espécie de "se é pai, aluno ou professor, não esteja ansioso, deprimido ou irritado agora que a escola vai começar, porque há um sem-número de coisas giras para saber e fazer durante este ano lectivo". Querem saber quais? Isabel Alçada consegue sintetizar algumas em apenas 4,53 minutos de homilia.
Você que é pai, professor ou aluno sabia, por exemplo, que estudar é um "desporto do cérebro"? Mas é, porque a garbosa ministra da Educação já falou "com muitos meninos sobre isto". Falou porque ela gosta muito de ir às escolas falar com os meninos. É ela que o diz.
A vós, os da comunidade educativa, alguma vez vos passou pela lembrança que "o dia tem 24 horas e essas horas podem ser usadas de várias maneiras"? Ah, pois é, por esta é que vocês não esperavam.
E os pais, mesmo os mais informados, que lêem um jornal desportivo por dia, vêem o "Opinião Pública", da Sic-Notícias, e até têm Facebook no escritório, sabiam que os meninos têm de "dormir bem" e tomar o pequeno--almoço para melhorar o rendimento escolar? Vá, toca de proibir a ganapada de ver o "5 para a meia-noite" e de os obrigar a tragar o pãozinho e a frutinha matinais ou, em alternativa, os cereais com leite meio-gordo.
Mas se dúvidas houvesse quanto à bondade e eficácia comunicacional desta intervenção paternalista e completamente deslocada da realidade, depressa se dissiparam com a tirada final de Isabel Alçada: "Quem estuda e quem obtém boas notas e bons resultados está a beneficiar-se e ele próprio" e a contribuir, em larga medida, para a felicidade não só dos pais, mas também dos professores. Em última análise, de acordo com o prognóstico pouco reservado de Isabel Alçada, para a felicidade de todos os portugueses.
Não tomo Isabel Alçada como uma mulher pouco inteligente ou desinformada sobre o panorama escolar. Mas o que ela conseguiu com esta mensagem surrealista foi apenas ridicularizar a figura institucional de ministra da Educação e tornar uma coisa séria, como o ano escolar e os vários problemas a ele associados, num caricatural vídeo do Youtube a que os alunos portugueses provavelmente vão assistir no intervalo de um videoclip da Lady Gaga e de um golo esquisito da liga de futebol turca.
No afã de ser pedagógica e ter graça, Isabel Alçada apenas conseguiu transformar a escola portuguesa numa anedota.
Pedro Ivo Carvalho - JN
Você que é pai, professor ou aluno sabia, por exemplo, que estudar é um "desporto do cérebro"? Mas é, porque a garbosa ministra da Educação já falou "com muitos meninos sobre isto". Falou porque ela gosta muito de ir às escolas falar com os meninos. É ela que o diz.
A vós, os da comunidade educativa, alguma vez vos passou pela lembrança que "o dia tem 24 horas e essas horas podem ser usadas de várias maneiras"? Ah, pois é, por esta é que vocês não esperavam.
E os pais, mesmo os mais informados, que lêem um jornal desportivo por dia, vêem o "Opinião Pública", da Sic-Notícias, e até têm Facebook no escritório, sabiam que os meninos têm de "dormir bem" e tomar o pequeno--almoço para melhorar o rendimento escolar? Vá, toca de proibir a ganapada de ver o "5 para a meia-noite" e de os obrigar a tragar o pãozinho e a frutinha matinais ou, em alternativa, os cereais com leite meio-gordo.
Mas se dúvidas houvesse quanto à bondade e eficácia comunicacional desta intervenção paternalista e completamente deslocada da realidade, depressa se dissiparam com a tirada final de Isabel Alçada: "Quem estuda e quem obtém boas notas e bons resultados está a beneficiar-se e ele próprio" e a contribuir, em larga medida, para a felicidade não só dos pais, mas também dos professores. Em última análise, de acordo com o prognóstico pouco reservado de Isabel Alçada, para a felicidade de todos os portugueses.
Não tomo Isabel Alçada como uma mulher pouco inteligente ou desinformada sobre o panorama escolar. Mas o que ela conseguiu com esta mensagem surrealista foi apenas ridicularizar a figura institucional de ministra da Educação e tornar uma coisa séria, como o ano escolar e os vários problemas a ele associados, num caricatural vídeo do Youtube a que os alunos portugueses provavelmente vão assistir no intervalo de um videoclip da Lady Gaga e de um golo esquisito da liga de futebol turca.
No afã de ser pedagógica e ter graça, Isabel Alçada apenas conseguiu transformar a escola portuguesa numa anedota.
Pedro Ivo Carvalho - JN
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
agenda liberal num país pobre
A revisão constitucional do PSD deixa claros os objectivos de Passos Coelho.
Uma agenda liberal num país pobre ou é propaganda de um louco ou programa de um autista.
Uma coisa é certa: quanto mais diz ao que vem mais longe estará Passos de lá chegar.
Daniel Oliveira
Uma agenda liberal num país pobre ou é propaganda de um louco ou programa de um autista.
Uma coisa é certa: quanto mais diz ao que vem mais longe estará Passos de lá chegar.
Daniel Oliveira
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Sem comentários
Os alunos do ensino secundário integrados no Escalão A da Acção Social Escolar vão receber este ano lectivo mais cinquenta cêntimos de comparticipação na compra dos livros escolares, segundo um despacho do Ministério da Educação.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
domingo, 12 de setembro de 2010
A Educação tem de ser prioridade
A aposta na educação e na qualificação dos nossos jovens, nomeadamente com o incentivo à frequência do ensino superior, tem de ser a mãe de todas as prioridades. Como se viu ainda esta semana, de acordo com os dados de um relatório da OCDE, Portugal ocupa o 16.º lugar no ranking de investimento anual por aluno. Apesar da satisfação manifestada pela ministra da Educação (é um facto que há sempre quem esteja pior do que nós), a verdade é que na comparação do investimento em termos de percentagem do PIB, Portugal está quase 1% abaixo da média dos países desta organização.
Serve esta análise para dizer que, no que respeita ao investimento a fazer, há ainda uma margem de obrigação do Estado para cumprir as metas da OCDE. Porém, há que ter a noção plena de que o objectivo tem de ser qualitativo e não apenas estatístico. Ou seja, não serve de nada ao desenvolvimento do País dizer que a taxa de entrada no ensino superior é das mais elevadas da Europa, se a esta realidade não estiver associada uma outra: a da qualidade e a das necessidades do mercado.
Ao Estado tem pois que competir, por um lado, a homologação de cursos superiores de qualidade mantendo um elevado padrão de exigência ao nível do ensino. E por outro, perceber que áreas estão mais carenciadas de técnicos especializados, capazes de exportar conhecimento e habilitações que estejam à altura das mais prestigiadas escolas internacionais. Aos estudantes compete perceber a outra face da realidade. Quando se opta por um determinado curso, a escolha faz-se sempre em função ou do sonho ou das saídas profissionais. O ideal é poder conjugar estes dois critérios. Mas na impossibilidade de o fazer há que escolher um destes dois caminhos: ou ser pragmático e optar pelas garantias oferecidas pelo mercado de trabalho ou assumir os riscos da opção pelo ideal.
(do Editorial do DN)
Serve esta análise para dizer que, no que respeita ao investimento a fazer, há ainda uma margem de obrigação do Estado para cumprir as metas da OCDE. Porém, há que ter a noção plena de que o objectivo tem de ser qualitativo e não apenas estatístico. Ou seja, não serve de nada ao desenvolvimento do País dizer que a taxa de entrada no ensino superior é das mais elevadas da Europa, se a esta realidade não estiver associada uma outra: a da qualidade e a das necessidades do mercado.
Ao Estado tem pois que competir, por um lado, a homologação de cursos superiores de qualidade mantendo um elevado padrão de exigência ao nível do ensino. E por outro, perceber que áreas estão mais carenciadas de técnicos especializados, capazes de exportar conhecimento e habilitações que estejam à altura das mais prestigiadas escolas internacionais. Aos estudantes compete perceber a outra face da realidade. Quando se opta por um determinado curso, a escolha faz-se sempre em função ou do sonho ou das saídas profissionais. O ideal é poder conjugar estes dois critérios. Mas na impossibilidade de o fazer há que escolher um destes dois caminhos: ou ser pragmático e optar pelas garantias oferecidas pelo mercado de trabalho ou assumir os riscos da opção pelo ideal.
(do Editorial do DN)
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Professores, os escravos do ministério
(um artigo de Henrique Raposo - Expresso)
Ante o relatório da OCDE, José Sócrates esqueceu um pormenor: os nossos professores são escravos. E Sócrates continua a esquecer aquilo que não pode aparecer nesses relatórios da OCDE: um aluno de 12º ano não sabe escrever.
I. José Sócrates, o propagandista-que-por-acaso-é-o-nosso-primeiro-ministro, lançou por aí uns foguetes pedagógicos depois de ver um relatório da OCDE sobre a educação. Consta que a educação em Portugal melhorou. Pois claro, com um ministério da educação a fabricar falsas estatísticas através do facilitismo, eu aposto que Portugal ainda vai passar a Suécia. As nossas crianças não sabem escrever ou fazer uma simples conta, mas, força Sócrates, tu consegues .
II. Mas, enquanto a Ministra Alçada apanhava as canas do eng., outras pessoas fizeram outras contas. Por exemplo, Paulo Guinote viu aqui uma coisa: os professores portugueses trabalham mais 100 horas do que a média europeia. Não são 10. São 100. Eu não percebi se estas horas são apenas horas passadas nas salas de aula ou se já incluem as horas infindáveis que um professor gasta a preencher papéis e fichas para o ministério.
III. Em todo o caso, interessa fixar isto: se o excesso de trabalho fosse em prol dos alunos, o problema não seria grave. Mas, na verdade, o excesso de trabalho dos professores representa trabalho escravo, representa a subalternização do professor em relação aos pedagogos do ministério da educação. Como já escrevi 1234 vezes, o nosso maior problema é este centralismo do Ministério da Educação. E esse centralismo autoritário (e herdeiro de Salazar) é visível na forma como Lisboa controla as escolas no Fundão, Faro ou Bragança. Um absurdo intolerável. Mas este absurdo intolerável não se vê apenas nesta parte burocrática e administrativa. Também se vê na parte pedagógica. Os desgraçados dos professores têm de preencher fichas e fichinhas intermináveis. Para quê? Para que os pedagogos centralistas controlem tudo. Para que a senhora ministra tenha dados bonitinhos para apresentar à OCDE. Resultado? Sempre que se fala com um professora, a desilusão é sempre a mesma: "eu não sou uma professora, sou uma burocrata do ministério".
IV. Um partido que pretenda, de facto, resolver este assunto tem de atacar os pedagogos do ministério e não os professores que estão nas escolas. Temos de tirar poder ao ministério. Temos de dar esse poder às escolas e aos professores. É preciso retirar poder a estes pedagogos pós-moderninhos que têm mestrados e doutoramentos naquela pseudo-ciência (ciências da educação? É assim que se diz?) e que têm, acima de tudo, um cartão da cor política certa. Quantos boys and girls vivem nas catacumbas do ministério da educação? Quantas horas os professores perdem a preencher as fichinhas dos boys and girls que andam a destruir o futuro dos jovens portugueses há duas ou três décadas? Sem poder sobre o ministério, os professores nunca vão conseguir fazer aquilo que têm de fazer: ensinar sem facilitismos.
Ante o relatório da OCDE, José Sócrates esqueceu um pormenor: os nossos professores são escravos. E Sócrates continua a esquecer aquilo que não pode aparecer nesses relatórios da OCDE: um aluno de 12º ano não sabe escrever.
I. José Sócrates, o propagandista-que-por-acaso-é-o-nosso-primeiro-ministro, lançou por aí uns foguetes pedagógicos depois de ver um relatório da OCDE sobre a educação. Consta que a educação em Portugal melhorou. Pois claro, com um ministério da educação a fabricar falsas estatísticas através do facilitismo, eu aposto que Portugal ainda vai passar a Suécia. As nossas crianças não sabem escrever ou fazer uma simples conta, mas, força Sócrates, tu consegues .
II. Mas, enquanto a Ministra Alçada apanhava as canas do eng., outras pessoas fizeram outras contas. Por exemplo, Paulo Guinote viu aqui uma coisa: os professores portugueses trabalham mais 100 horas do que a média europeia. Não são 10. São 100. Eu não percebi se estas horas são apenas horas passadas nas salas de aula ou se já incluem as horas infindáveis que um professor gasta a preencher papéis e fichas para o ministério.
III. Em todo o caso, interessa fixar isto: se o excesso de trabalho fosse em prol dos alunos, o problema não seria grave. Mas, na verdade, o excesso de trabalho dos professores representa trabalho escravo, representa a subalternização do professor em relação aos pedagogos do ministério da educação. Como já escrevi 1234 vezes, o nosso maior problema é este centralismo do Ministério da Educação. E esse centralismo autoritário (e herdeiro de Salazar) é visível na forma como Lisboa controla as escolas no Fundão, Faro ou Bragança. Um absurdo intolerável. Mas este absurdo intolerável não se vê apenas nesta parte burocrática e administrativa. Também se vê na parte pedagógica. Os desgraçados dos professores têm de preencher fichas e fichinhas intermináveis. Para quê? Para que os pedagogos centralistas controlem tudo. Para que a senhora ministra tenha dados bonitinhos para apresentar à OCDE. Resultado? Sempre que se fala com um professora, a desilusão é sempre a mesma: "eu não sou uma professora, sou uma burocrata do ministério".
IV. Um partido que pretenda, de facto, resolver este assunto tem de atacar os pedagogos do ministério e não os professores que estão nas escolas. Temos de tirar poder ao ministério. Temos de dar esse poder às escolas e aos professores. É preciso retirar poder a estes pedagogos pós-moderninhos que têm mestrados e doutoramentos naquela pseudo-ciência (ciências da educação? É assim que se diz?) e que têm, acima de tudo, um cartão da cor política certa. Quantos boys and girls vivem nas catacumbas do ministério da educação? Quantas horas os professores perdem a preencher as fichinhas dos boys and girls que andam a destruir o futuro dos jovens portugueses há duas ou três décadas? Sem poder sobre o ministério, os professores nunca vão conseguir fazer aquilo que têm de fazer: ensinar sem facilitismos.
O ENCERRAMENTO DAS ESCOLAS
Hoje «o superior interesse das crianças» é o chavão com que os mais cínicos enchem a boca para justificar aquilo que não é nem do interesse das crianças, nem dos pais, nem do país.
Santana-Maia Leonardo
Advogado – Abrantes
Santana-Maia Leonardo
Advogado – Abrantes
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Centros escolares para o século XXI
[…]
Só nestes dias tive conhecimento de que a reorganização da rede escolar a que temos assistido foi traçada há já cinco anos. Nessa altura, a discussão pública entre os parceiros directamente implicados – ministério da educação, pais e encarregados de educação, autarquias, professores e outros educadores, especialistas em ensino… – a ter sido feita, aconteceu em círculos restritos e dela pouco transpareceu, de modo que o país tem sido mais ou menos apanhado de surpresa.
O momento é de apreensão: autarcas que não sabem como resolver a questão dos transportes, pais e mães que mostram receios de mandar os filhos muito pequenos para longe de casa, especialistas que advertem para os múltiplos problemas que as escolas grandes levantam…
Atitude que contrasta com o imperturbável entusiasmo da tutela. Nada de positivo a salientar no funcionamento das escolas que tínhamos – algumas das quais haviam sido qualificadas como excelentes –, tudo a elogiar nos novíssimos centros e grandes escolares, como se neles estivesse a salvação para a educação nacional.
O discurso repetido até à exaustão assenta em dois argumentos:
Um argumento, mais geral, é que esses centros estão mais de acordo com as exigências da aprendizagem do século XXI. É uma grande frase, reconheço, mas só faria sentido se fossem explicadas clara e inequivocamente quais são, afinal, essas exigências.
Outro argumento, que parece concretizar o anterior mas que, em rigor, não o faz, é que tais centros garantem mais e melhores condições de sucesso aos alunos, uma vez que proporcionam uma socialização alargada, a inclusão social e vivência de cidadania, alimentação, transporte, biblioteca escolar, salas de informática, espaços para o ensino do inglês, da música e da prática desportiva.
Ainda que cada um destes aspectos mereça ser analisado em pormenor, detenho-me no seu conjunto para fazer notar que nele falta o que para alguns é essencial numa escola: assegurar, antes de mais, através da qualidade das orientações curriculares e programáticas e do ensino veiculado pelos seus professores, a aquisição de conhecimentos fundamentais, e que, nessa aquisição, se estimule a inteligência dos alunos.
Por Helena Damião
Só nestes dias tive conhecimento de que a reorganização da rede escolar a que temos assistido foi traçada há já cinco anos. Nessa altura, a discussão pública entre os parceiros directamente implicados – ministério da educação, pais e encarregados de educação, autarquias, professores e outros educadores, especialistas em ensino… – a ter sido feita, aconteceu em círculos restritos e dela pouco transpareceu, de modo que o país tem sido mais ou menos apanhado de surpresa.
O momento é de apreensão: autarcas que não sabem como resolver a questão dos transportes, pais e mães que mostram receios de mandar os filhos muito pequenos para longe de casa, especialistas que advertem para os múltiplos problemas que as escolas grandes levantam…
Atitude que contrasta com o imperturbável entusiasmo da tutela. Nada de positivo a salientar no funcionamento das escolas que tínhamos – algumas das quais haviam sido qualificadas como excelentes –, tudo a elogiar nos novíssimos centros e grandes escolares, como se neles estivesse a salvação para a educação nacional.
O discurso repetido até à exaustão assenta em dois argumentos:
Um argumento, mais geral, é que esses centros estão mais de acordo com as exigências da aprendizagem do século XXI. É uma grande frase, reconheço, mas só faria sentido se fossem explicadas clara e inequivocamente quais são, afinal, essas exigências.
Outro argumento, que parece concretizar o anterior mas que, em rigor, não o faz, é que tais centros garantem mais e melhores condições de sucesso aos alunos, uma vez que proporcionam uma socialização alargada, a inclusão social e vivência de cidadania, alimentação, transporte, biblioteca escolar, salas de informática, espaços para o ensino do inglês, da música e da prática desportiva.
Ainda que cada um destes aspectos mereça ser analisado em pormenor, detenho-me no seu conjunto para fazer notar que nele falta o que para alguns é essencial numa escola: assegurar, antes de mais, através da qualidade das orientações curriculares e programáticas e do ensino veiculado pelos seus professores, a aquisição de conhecimentos fundamentais, e que, nessa aquisição, se estimule a inteligência dos alunos.
Por Helena Damião
Gentalha socialista
Por mais quilómetros de estrada que façamos, por onde ele passa, o afecto, o carinho, a admiração e reconhecimento estão sempre presentes na atitude das pessoas.
Esta frase imbecil podia ter sido escrita por um reles propagandista de Estaline, Hitler ou de qualquer outro bandido que ainda anda por aí a infernizar a vida de muita gente.
Podia, mas não foi. As palavras são de um senhor que é do Secretariado do PS e chefe de gabinete do secretário-geral. É evidente que valem o que valem. Mas dizem muito do estado a que chegou o partido fundado por Mário Soares. O culto da personalidade, o medo e a subserviência são marcas óbvias da liderança do engenheiro relativo.
Acompanhadas, obviamente, de uma enorme tacanhez e pobreza de espírito. Pobre povo que tem de aturar gentalha desta.
Por:António Ribeiro Ferreira (correioindiscreto@cmjornal.pt)
Esta frase imbecil podia ter sido escrita por um reles propagandista de Estaline, Hitler ou de qualquer outro bandido que ainda anda por aí a infernizar a vida de muita gente.
Podia, mas não foi. As palavras são de um senhor que é do Secretariado do PS e chefe de gabinete do secretário-geral. É evidente que valem o que valem. Mas dizem muito do estado a que chegou o partido fundado por Mário Soares. O culto da personalidade, o medo e a subserviência são marcas óbvias da liderança do engenheiro relativo.
Acompanhadas, obviamente, de uma enorme tacanhez e pobreza de espírito. Pobre povo que tem de aturar gentalha desta.
Por:António Ribeiro Ferreira (correioindiscreto@cmjornal.pt)
sábado, 4 de setembro de 2010
Fechar escolas: a Sinfonia do Ministério da Educação
Primeiro Andamento:
Em Julho de 2010, é criado um grupo de trabalho conjunto dos ministérios das Finanças e da Educação para rever a afectação de recursos humanos e materiais às escolas
Segundo Andamento
O Ministério da Educação anuncia que vai fechar as escolas estatais com menos de 21 alunos. Sem apresentar estudos que sustentem a decisão, invoca razões pedagógicas e de socialização. O presidente do Observatório Geral de Educação demite-se, reclamando um esclarecimento verdadeiro aos cidadãos.
O Ministério da Educação anuncia também a fusão de várias escolas e a criação de Mega Agrupamentos, mais uma vez sem apresentação de dados que justifiquem a medida.
Ouvem-se reacções negativas de pais e encarregados de educação, mas logo o Estado Educador – iluminado e benfeitor – se apressa a responder que os pais não estão em condições de avaliar estas opções.
Curiosamente, e com financiamento estatal, no Reino Unido prepara-se legislação que irá permitir aos pais e professores abrirem escolas de pequena dimensão; na Finlândia, as escolas pequenas são exemplos de sucesso; e, na Suécia, um conjunto de cidadãos pode requerer a abertura de uma escola se reunir um mínimo de 20 alunos interessados.
Terceiro Andamento
A comunicação social informa que o Ministério da Educação já decidiu quais as escolas a encerrar e a fundir em Mega Agrupamentos. A ‘lista negra’ não é divulgada publicamente.
Os pais abrangidos recebem um aviso em casa com indicação da escola onde os seus filhos foram colocados, como se o ensino fosse uma benesse que o Ministério da Educação proporciona às crianças e a escolha do tipo de educação não fosse um direito inalienável das famílias.
Quarto Andamento
Surgem denúncias de que as escolas do Estado – ditas escolas públicas – estão a seleccionar alunos, chegando mesmo a obrigar alguns, sobretudo provenientes de famílias de menores recursos, a mudar de escola.
Entretanto, várias famílias que, por incapacidade financeira, não conseguem manter os seus filhos no ensino privado não encontram vaga na escola estatal da sua área de residência.
Face ao exposto, não será legítimo concluir que, ao invés da propalada equidade e qualidade, o verdadeiro motivo das opções de política educativa tomadas ao longo do Verão pelo Ministério da Educação, nas costas dos pais e das escolas, foram motivos estritamente financeiros?
Se estas políticas afectam, sobretudo, aqueles que menos podem contra a voragem da burocracia e centralismo do Ministério da Educação, não significa isto que o Estado está a abdicar de garantir o direito a uma educação de qualidade a todas as crianças e jovens, apenas para manter a sua posição de controlo e monopólio do ensino?
Que triste Sinfonia esta que todos escutamos em vésperas da abertura do novo ano lectivo...
Alexandra Pinheiro
Fórum para a Liberdade de Educação
Em Julho de 2010, é criado um grupo de trabalho conjunto dos ministérios das Finanças e da Educação para rever a afectação de recursos humanos e materiais às escolas
Segundo Andamento
O Ministério da Educação anuncia que vai fechar as escolas estatais com menos de 21 alunos. Sem apresentar estudos que sustentem a decisão, invoca razões pedagógicas e de socialização. O presidente do Observatório Geral de Educação demite-se, reclamando um esclarecimento verdadeiro aos cidadãos.
O Ministério da Educação anuncia também a fusão de várias escolas e a criação de Mega Agrupamentos, mais uma vez sem apresentação de dados que justifiquem a medida.
Ouvem-se reacções negativas de pais e encarregados de educação, mas logo o Estado Educador – iluminado e benfeitor – se apressa a responder que os pais não estão em condições de avaliar estas opções.
Curiosamente, e com financiamento estatal, no Reino Unido prepara-se legislação que irá permitir aos pais e professores abrirem escolas de pequena dimensão; na Finlândia, as escolas pequenas são exemplos de sucesso; e, na Suécia, um conjunto de cidadãos pode requerer a abertura de uma escola se reunir um mínimo de 20 alunos interessados.
Terceiro Andamento
A comunicação social informa que o Ministério da Educação já decidiu quais as escolas a encerrar e a fundir em Mega Agrupamentos. A ‘lista negra’ não é divulgada publicamente.
Os pais abrangidos recebem um aviso em casa com indicação da escola onde os seus filhos foram colocados, como se o ensino fosse uma benesse que o Ministério da Educação proporciona às crianças e a escolha do tipo de educação não fosse um direito inalienável das famílias.
Quarto Andamento
Surgem denúncias de que as escolas do Estado – ditas escolas públicas – estão a seleccionar alunos, chegando mesmo a obrigar alguns, sobretudo provenientes de famílias de menores recursos, a mudar de escola.
Entretanto, várias famílias que, por incapacidade financeira, não conseguem manter os seus filhos no ensino privado não encontram vaga na escola estatal da sua área de residência.
Face ao exposto, não será legítimo concluir que, ao invés da propalada equidade e qualidade, o verdadeiro motivo das opções de política educativa tomadas ao longo do Verão pelo Ministério da Educação, nas costas dos pais e das escolas, foram motivos estritamente financeiros?
Se estas políticas afectam, sobretudo, aqueles que menos podem contra a voragem da burocracia e centralismo do Ministério da Educação, não significa isto que o Estado está a abdicar de garantir o direito a uma educação de qualidade a todas as crianças e jovens, apenas para manter a sua posição de controlo e monopólio do ensino?
Que triste Sinfonia esta que todos escutamos em vésperas da abertura do novo ano lectivo...
Alexandra Pinheiro
Fórum para a Liberdade de Educação
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