terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A arte de errar


(Ferreira Fernandes - DN de ontem)
Ainda fevereiro não acabou e Vítor Gaspar já confessa um erro: a recessão não vai ser a que previra, mas o dobro.

E um dobro provisório (no ano passado ele teve de retocar as contas várias vezes). E depois?
Porque se há de julgar uma pessoa pelos erros, insistindo em não lhe reconhecer os méritos?
Gaspar faz erros de contas? Faz, mas conta-o devagar.
É de uma comovedora inocência dar-nos tempo para ler-lhe nos lábios os números enganados. Reconheço que os erros dele podem fazer mal a muitas pessoas, mas temos de lhe agradecer por ter ido para ministro das Finanças, onde esses males só ganham dimensão ao fim de um, dois anos...
 
 
 
Se Gaspar tivesse ido para marceneiro faria as portas das discotecas a abrir para dentro e, aí, os erros dele matariam centenas de pessoas numa madrugada. Reparem, também não foi para copiloto.
Uma vez, no Verão de 1983, um Boeing 767, da Air Canada, reabasteceu-se em Montreal. Devia ter posto 22300 quilos de fuel, mas o copiloto mandou encher 22300 libras, menos de metade.
Típico de Gaspar, se lá estivesse.
A meio caminho o avião teve de planar. Será que anunciaram devagarinho aos passageiros as perspetivas em baixa (oh, quanto!) dos depósitos?
Felizmente o avião pôde aterrar num parque industrial em Gimli, no Manitoba.
Trago este exemplo para mostrar que os erros nem sempre são trágicos.
Às vezes, até são gloriosos: Colombo enganou-se nos cálculos, supondo a Índia, descobriu a América...
 
Seria pior com Gaspar marceneiro

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