sábado, 26 de fevereiro de 2011

Ironia do destino



Eis que, quando pensávamos que pior do que estávamos não era possível, apareceram os magrebinos e os árabes a fazer uma afronta a Portugal. Na luta pela liberdade e pela democracia, mesmo que pelo meio andem lá os fundamentalistas religiosos, esqueceram-se da crise portuguesa e da nossa impossibilidade de pagar barris de petróleo acima dos 100 dólares.

Na lógica ocidental da economia, ninguém tinha percebido que a Tunísia, o Egipto e a Líbia eram ditaduras, como ainda ninguém percebeu que são ditaduras os regimes do Irão e da Arábia Saudita que podem rebentar com a economia mundial se os povos que habitam estes países decidirem que também querem viver em democracia.

É uma coisa chata, mas pode acontecer que a democracia a espalhar-se pelo Mundo signifique um choque petrolífero de dimensões bíblicas. De repente, o nascimento de outras democracias pode trazer o caos às democracias já existentes. Pode até dar-se o caso de os povos democratas saírem à rua a exigirem um demagogo com mão de ferro que lhes prometa o céu na terra.

Com o Mundo a mudar a esta velocidade, na cabeça dos portugueses nada parece ter mudado. Os políticos continuam a fazer contas aos resultados das sondagens e o povo continua à espera que alguém resolva os seus problemas.

Os nossos "amigos" ditadores vão caindo um a um e quando o planeta for habitado apenas por democratas, então saberemos que os políticos não existem para resolver problemas. Existem para gerir sociedades que vão ter de aprender a organizar-se com mais justiça e mais solidariedade.

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