domingo, 20 de fevereiro de 2011

Águas de bacalhau



A Bélgica está há mais de 250 dias sem governo. Ultrapassou o Iraque num recorde mundial que ninguém quer deter. Os belgas não se entendem porque uns falam francês, outros flamengo e uns poucos alemão. É um país pequeno com grandes divisões. Um país onde os socialistas francófonos preferem os liberais francófonos aos socialistas flamengos.


Os belgas estão em gestão corrente há oito meses e o FMI está mais longe da Bélgica do que de Portugal. Por cá, só o presidente da República é que está em gestão corrente, à espera do dia 9 de Março para recuperar o controlo do botão vermelho, o tal que dá acesso a lançar a bomba atómica (dissolução da Assembleia da República e convocação de novas eleições).


Os partidos estão muito activos, lançam moções de censura condenadas ao fracasso, ameaçam voltar à carga, preparam programas de governo, vão ter congressos e já pensam na campanha eleitoral.


Desde o primeiro PEC que o governo rosa está ligado à máquina laranja. A larga maioria dos políticos e dos comentadores políticos sabe que se o PSD desligar a máquina este governo morre. Está tudo à espera do dia.


"Nem o pai morre, nem a gente almoça" ou "Está tudo em águas de bacalhau" são expressões que os belgas não podem utilizar porque são expressões muito lusitanas, mas lá como cá dava muito jeito que os políticos trabalhassem em nome do povo que os elegeu.


Decidam-se. Se querem derrubar o Governo e pedir ao povo que escolha outra vez, não façam contas ao resultado do partido. O país precisa ou não precisa de uma clarificação?

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