domingo, 5 de dezembro de 2010

Selvajarias


(JN)

[...]

A decisão do Governo açoriano, liderada por um socialista, facto só assinalável por o Governo central ter a mesma cor, de compensar alguns funcionários públicos pelo corte que Governo da República determinou nos salários do funcionalismo público é muito mais do que uma afronta ao Governo de Sócrates. A circunstância de se tratar de uma compensação, de uma reposição de valores e não de uma isenção, inscreve-se na categoria da "habilidade", a que estávamos habituados por parte de Alberto João Jardim, na Madeira, e que Carlos César agora replica nos Açores.

Tudo isto será legal, democrático, constitucional.

Mas é perfeitamente selvagem na medida em que desrespeita uma norma tomada em tempo de crise, abrindo demagogicamente uma excepção que mostra com toda a evidência que, sendo todos nós iguais, há uns mais iguais do que outros. E que mostra como em tempo de crise há sempre ratos prontos a abandonar o navio mandando às malvas a solidariedade.



O pior que isto tem é que vivemos num país em que se abrem demasiadas excepções. Mas é bom que quem abre tais excepções, vá sabendo que fica à margem da consideração geral, que se expõe à classificação de dirigente não desejável numa democracia e que se integra por vontade própria, expressa em actos execráveis, na categoria de cidadão de segunda, isto é, incapaz de um comportamento medianamente ético.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Este blogue é gerido por Zé da Silva.
A partilha de ideias é bem vinda, mesmo que sejam muito diferentes das minhas. Má educação é que não.