Ouvi, um destes dias, num programa de que já me não lembra o nome e a propósito de Miguel Sousa Tavares (MST), alguém recordar o episódio dos “inúteis mais bem pagos do país serem os professores” que, pelos vistos, ele não disse mas que, na altura, muita gente aceitou que ele pudesse ter dito tal era o desprezo que ele destilava publicamente pelos professores. Quem apanhou com as favas foi uma professora de Barcelos que provavelmente nem foi a autora do dito, mas o reproduziu na Internet.
Pois no tal programa era coitadinho do Miguel para aqui e para acolá. E veio-me à memória um escrito dele (este inquestionável - “O Público”, 08.04.2005) sobre os dias sem trabalho dos professores. Disse ele:
" se nos pusermos a fazer contas aos dias sem trabalho, chegamos a estes números extraordinários: 90 dias de férias de Verão, 15 de Páscoa, 15 de Natal, 7 de Carnaval, 7 de feriados, 104 fins-de-semana.Total:131 dias de aulas e 234 de folgas".
Quem escreveu isto ou é burro (o que é difícil de acreditar em MST!...) ou é mal-intencionado. Primeiro enganou-se a fazer as contas: 90+15+15+7+7+104 = 238 e não 234. Depois aldrabou o pessoal contando duas vezes os mesmos dias (por exemplo, contou duas vezes os sábados e domingos que calhavam em férias). Depois ainda, ignorou (e tinha obrigação de não ter ignorado ou o homem não é advogado, jornalista, etc. ?) que o trabalho dos professores não se esgota nos dias de aulas. Lembro-me de ter lido um esboço de resposta de MST em que (cito de cor) considerava os seus erros como a prova da ineficácia do sistema de ensino.
Na minha opinião o que MST escreveu é muito mais grave, porque distorce factos, do que a atribuição de um boato a uma pessoa (e eu não defendo a difusão de boatos!...) – foi aquela a infeliz visada, como poderiam ter sido dezenas de milhares de outras pessoas.
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