sábado, 24 de abril de 2010

Ainda "A lei da escola segundo o eduquês...

(texto retirado de "De Rerum Natura"

Transcrevemos das cartas à Directora do "Público" de hoje:

A crónica de Guilherme Valente (20.04), "A lei da escola segundo o eduquês", é uma denúncia certeira do estado miserável a que a escola portuguesa chegou.

Mergulhada num clima de indisciplina e violência, onde os alunos mais fortes impõem a sua vontade pela força e os pais já não se coíbem de fazer esperas punitivas aos professores, a escola portuguesa tornou-se incapaz de transmitir conhecimentos e formar cidadãos.

Em vez disso, atirou para a ignorância, a desqualificação e a exclusão várias gerações.

Apesar dos muitos alertas, o discurso do Ministério da Educação continuou a ser o mesmo: está tudo bem, estamos a fazer grandes progressos.

Este discurso é complementado com as intervenções da esquerda que, perante os apelos ao reforço dos poderes dos professores, logo brada "Isto não se resolve com autoritarismos...", para de seguida propor as inevitáveis equipas multidisciplinares, tidas como panaceia universal para todos os problemas do ensino.Porém, depois fica tudo na mesma. Ou será que os rankings internacionais que tão mal classificam a escola portuguesa estão todos errados?

Por isso aplaudo a coragem do cronista ao criticar o prof. Daniel Sampaio, tido como o maior especialista em assuntos educativos e detentor das soluções para o problema. Porque, sem pôr em causa a competência profissional do ilustre psiquiatra, o prof. Daniel Sampaio também acaba por corroborar o discurso que foi retirando a autoridade aos professores e tolerou, quando não legitimou, comportamentos de vandalismo e violência.

Nos Estados Unidos, os adolescentes que há semanas atrás levaram uma colega ao suicídio foram acusados pelo Ministério Público.

Em Portugal, o mais importante é não haver sentimentos de culpa, afirmar que "isto não se resolve com autoritarismos" e, sobretudo, criar boas equipas multidisciplinares. Até que a próxima tragédia aconteça.

Quantos mais alunos, ou professores, terão de morrer para Portugal se comportar como um país civilizado?

João Cerqueira, Viana do Castelo

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