(ANDRÉ MACEDO - DN)
Há exactamente 46 anos, um visionário chamado Robert Plinskin decretou a morte dos ovos.
Disse ele: "As mais recentes análises de mercado estabelecem, sem sombra de dúvida, que o ovo é um produto triste e lamentável. Os ovos não vão, obviamente, continuar a vender-se: não se seguram sozinhos, rolam facilmente, partem-se depressa, exigem pacotes especiais, são todos parecidos uns com os outros, são difíceis de abrir e não se empilham nas prateleiras." A lista de argumentos deste guru do marketing era arrasadora: os ovos estavam fritos.
Ler um relatório da Moody's ou de outra agência de rating sobre Portugal tem mais ou menos o mesmo efeito: o País passou o prazo de validade, está a viver com dinheiro emprestado, sobrevive com tempo que já não lhe pertence. Morre a crédito. Fatias de grandes empresas estão a ser vendidas à pressa para gerar receitas imediatas para abater na impressionante dívida pública. A lista de desgraças continua, pressiona e esmaga. O desemprego deixou de ser um número frio e distante que só interessa aos economistas. Agora morde os calcanhares a todos. Respira sobre cada um de nós. Há sempre um amigo, um irmão, um departamento da empresa onde trabalhamos, um concorrente, um restaurante onde íamos, alguém, seja ele quem for, que já foi apanhado na tenaz que avança. Ou alguém que sente, pressente ou adivinha que pode ser atingido a qualquer momento. A lista de horrores e defeitos e problemas e lamúrias e tristezas não acaba - cresce de dia para dia. Os mais novos, os mais pobres e os mais velhos são os que mais sofrem.
E, no entanto, os ovos não acabaram. A profecia revelou-se terrivelmente estúpida - a morte do ovos?! O mesmo pode acontecer com a praga de gafanhotos antecipada pela Moody's e, de certa forma, confirmada pelo ministro das Finanças: nove trimestres seguidos de recessão profunda. Será mesmo assim, inevitável? Há uma regra universal que diz assim: no mundo, o bom não desaloja o mau; mas o enérgico desaloja sempre o passivo. Portugal, por culpa própria, é um ovo rachado que está a servir de repasto aos mercados e de má consciência a uma União Europeia sem rumo e liderança. Sabemos isso. Não vale a pena repetir as habituais banalidades sobre a autoconfiança. Não resulta. Não chega. Também sabemos que não temos dinheiro, por isso temos mesmo de ter ideias, boas ideias, ideias que mobilizem, produzam e indiquem o caminho. Pior do que não ter presente, é não ter futuro. O futuro faz--se, também, da gestão de expectativas. Passos Coelho tem aqui alguma coisa a fazer. Nem oito nem oitenta
Ler um relatório da Moody's ou de outra agência de rating sobre Portugal tem mais ou menos o mesmo efeito: o País passou o prazo de validade, está a viver com dinheiro emprestado, sobrevive com tempo que já não lhe pertence. Morre a crédito. Fatias de grandes empresas estão a ser vendidas à pressa para gerar receitas imediatas para abater na impressionante dívida pública. A lista de desgraças continua, pressiona e esmaga. O desemprego deixou de ser um número frio e distante que só interessa aos economistas. Agora morde os calcanhares a todos. Respira sobre cada um de nós. Há sempre um amigo, um irmão, um departamento da empresa onde trabalhamos, um concorrente, um restaurante onde íamos, alguém, seja ele quem for, que já foi apanhado na tenaz que avança. Ou alguém que sente, pressente ou adivinha que pode ser atingido a qualquer momento. A lista de horrores e defeitos e problemas e lamúrias e tristezas não acaba - cresce de dia para dia. Os mais novos, os mais pobres e os mais velhos são os que mais sofrem.
E, no entanto, os ovos não acabaram. A profecia revelou-se terrivelmente estúpida - a morte do ovos?! O mesmo pode acontecer com a praga de gafanhotos antecipada pela Moody's e, de certa forma, confirmada pelo ministro das Finanças: nove trimestres seguidos de recessão profunda. Será mesmo assim, inevitável? Há uma regra universal que diz assim: no mundo, o bom não desaloja o mau; mas o enérgico desaloja sempre o passivo. Portugal, por culpa própria, é um ovo rachado que está a servir de repasto aos mercados e de má consciência a uma União Europeia sem rumo e liderança. Sabemos isso. Não vale a pena repetir as habituais banalidades sobre a autoconfiança. Não resulta. Não chega. Também sabemos que não temos dinheiro, por isso temos mesmo de ter ideias, boas ideias, ideias que mobilizem, produzam e indiquem o caminho. Pior do que não ter presente, é não ter futuro. O futuro faz--se, também, da gestão de expectativas. Passos Coelho tem aqui alguma coisa a fazer. Nem oito nem oitenta
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