sábado, 18 de junho de 2011

Um presidente instantâneo

 

Interessa-me pouco que Fernando Nobre venha a ser ou não presidente instantâneo da AR mesmo que, por via disso, se torne em segunda figura do Estado e lhe passe a caber substituir o presidente da República em caso de impedimento ou vacatura do cargo.

Nessa matéria estou como Alexandre O'Neill: seja Nobre ou seja outro o presidente, "acaso o nosso destino, tac!, vai mudar?".

Ao longo dos anos, abundantes figuras e figurões chegaram à vida política portuguesa, aí permaneceram uns tempos e partiram sem deixar memória ou rasto.

Curiosamente, ao contrário de outras instituições, a presidência da AR tem sido exercida por figuras não só com um longo passado parlamentar como, provavelmente também em virtude da natureza pouco conflitual da função, consensuais dentro e fora do hemiciclo.





Ora Nobre chegará (se chegar, a procissão ainda vai no adro) a presidente da AR sem qualquer experiência parlamentar, com um nebuloso e errático passado político, notável não propriamente pela coerência, e em resultado de uma negociata pré-eleitoral de bastidores.

Por muitos motivos, designadamente o próprio desprestígio dos partidos, a AR é provavelmente hoje a instância política mais desprestigiada da democracia portuguesa e só a imagem dos seus presidentes tem obstado a que esse desprestígio seja ainda maior.

Aquilo de que a AR menos precisará neste momento é de um presidente ainda com menos prestígio do que ela.

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