segunda-feira, 20 de junho de 2011

Crato ministro






Antes de todas as dúvidas e até mesmo antes de todas as discordâncias ao que já lhe ouvimos, Nuno Crato tem duas enormes qualidades para o lugar que ocupará daqui a dias.

Por um lado, com o seu percurso sólido e cientificamente reconhecido, é alguém genuinamente preocupado (por vezes, horrorizado) com a degradação das "aprendizagens" escolares e com a complacência criminosa do Estado perante a ignorância. Tem pensado sobre o assunto a partir da perspectiva certa.

Por outro lado, Crato não está contaminado pelas superstições "pedagógicas" - o que é uma benção.

Por isso, o novo ministro, se quiser ser consequente, vai encontrar resistências fortíssimas, mesmo que operem de um modo surdo. Resistências de um enorme aparelho "burocrático" e "ideológico" instalado há décadas. Refiro-me a problemas sérios, não àquelas "questões" que costumam excitar os blogs da direita e enraivecer os "socráticos" que esperneiam por aí. Trata-se de vícios burocratizantes e de perversões ideológicas que têm actuado (alimentados politicamente por acção e omissão dos responsáveis políticos da Educação) minando (no duplo sentido) a Escola.

Contrariar e, depois, minorar (já não digo acabar com) isso vai ser uma tarefa muitíssimo difícil, vai ser uma guerra.

Não tenho dúvidas que as dificuldades dos alunos serão instrumentalizadas demagogicamente pelos adversários de Crato (como Sócrates fez com os utentes das Novas Oportunidades) e, a cada esquina, aparecerá um "especialista" denunciando a "ignorância" desta ou daquela medida do ministro.
por Carlos Botelho (in "O cachimbo de Magritte)

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