(Ferreira Fernandes - DN)
Anteontem, Amina Abdallah era mulher, gay e meio americana, uma carrada de razões para ter problemas na Síria, país muçulmano.
Ela tinha um blog, Rapariga Gay em Damasco, onde contava a sua esperada vida difícil.
Quando a onda de revoltas árabes chegou à Síria, o blog de Amina tornou-se porta-voz da resistência.
Na semana passada, correu que ela foi raptada por esbirros à conta do ditador local. Emoção mundial e várias páginas no Facebook - por Amina, a quem "as asas nunca serão cortadas"...
Ontem, soube-se que Amina não existe. Foi uma invenção do americano Tom MacMaster, casado, 40 anos, estudante numa universidade escocesa.
Mais uma invenção da blogosfera? Não só.
A 6 de Maio, o sério jornal inglês The Guardian publicava uma reportagem da jornalista Katherine Marsh, em Damasco, sobre Amina, de quem publicava uma foto.
A foto, sabe-se agora, foi roubada no Facebook a uma londrina.
Ontem, quando já se sabia que Amina era falsa, o Guardian dizia que a entrevista foi feita por e-mail, via que também fornecera a foto.
Mas a reportagem de 6 de Maio não falava de e-mails.
A quem leu parecia que Marsh se encontrara com Amina, apresentada até como sendo de família conhecida (os Abdallah, escreveu, "tinham familiares no governo").
Cereja em cima do bolo: Katherine Marsh é um pseudónimo (justificado pela repressão na Síria).
Ora bem, que esperávamos com tanta cortina, tanta mão cheia de nada? Factos?
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