sábado, 11 de junho de 2011

O poder do exemplo



(DN)


Poupar mais, trabalhar melhor e promover a solidariedade social é a fórmula para sair do aperto no qual se encontra o País.

O relatório de estabilidade financeira, publicado pelo Banco de Portugal, é bem revelador do que tem de ser feito. Por mais que custe, o que já está em marcha é a redução do endividamento das famílias e do Estado através da redução dos seus gastos de consumo.

Quanto às famílias de classe média alta, que mantêm capacidade para fazer poupanças, nos tempos mais próximos o essencial é reduzir novos créditos, controlar os seus consumos correntes, eliminando gastos automáticos sem sentido, e aumentar a taxa de poupança face aos seus rendimentos.

Se o malparado do crédito hipotecário se mantém em níveis reduzidos (pagar a casa continua a ser uma prioridade para as famílias endividadas), já o incumprimento de créditos ao consumo cresce a olhos vistos, o que se torna insustentável.

(Neste contexto, não deixa de ser chocante continuar a assistir a anúncios de crédito ao consumo, nos quais se vê um casal felicíssimo por ter contraído um empréstimo com juros anuais superiores a 9%!).

Quanto às empresas, o facto de os créditos malparados atingirem preocupantes 4,7%, em subida rápida, traduz as grandes dificuldades de tesouraria, para além de problemas da procura, que milhares de microempresas e PME estão a enfrentar.

Ninguém paga a horas, os prazos vão-se dilatando, mas as obrigações fiscais mantêm-se nos prazos legais. O Estado devia usar uma parte do dinheiro fornecido pelos parceiros externos para pagar atrasados aos seus fornecedores, para iniciar um ciclo de aceleração de pagamentos entre privados.

E o valor do exemplo, na sobriedade dos gastos visíveis no aparelho do Estado e nos gestos de reforço do apoio social a quem vai sofrer com o progressivo esfriamento da economia - as famílias de desempregados -, é mais importante do que nunca.

O difícil desafio que se apresenta ao próximo Governo é o de promover a poupança das famílias, cortar os gastos do Estado sem rotura das redes sociais e incentivar a actividade económica, mesmo quando o dinheiro para novos investimentos escasseia.

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