sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

CRATINICES

É ler a imprensa e reparar como a Educação desapareceu do radar no que aos balanços dos acontecimentos mais importantes do ano diz respeito.
Isto num ano em que se sucederam inépcias diversas e disparates enormes no sector e em que até na avaliação do Expresso, sempre tão afável com o seu ex-colaborador, a avaliação de Nuno Crato atinge níveis mínimos históricos, suplantando pela negativa todos os seus colegas de desgoverno e olhem que anda por lá muita gente inepta.


Como foi isto possível?
Como é possível que tenha quase morrido para a opinião pública qualquer polémica numa área tutelada por um ministro  incapaz de dominar uma única área específica do seu ministério e desastroso do ponto de vista político, ao ponto de ser Poiares Maduro a assumir parte das suas funções quanto à transferência de competências para as autarquias ou a precisar do aval de um secretário de Estado qualquer para aprovar rescisões de professores?
A resposta encontra-se na quase total rendição de uma classe profissional, cansada e desiludida com insucessos sucessivos, e na incapacidade de agir de forma consequente dos seus representantes institucionais, oscilando entre a irrelevância prática e o desejo de ser parceiros à mesa (FNE) e o ensaio, realização e auto-avaliação de lutas sempre apresentadas como vencidas, apesar das sucessivas derrotas (Fenprof). Das organizações micro-corporativas formadas pelos “dirigentes escolares” restaram umas opiniões individuais e a apatia colectiva.

O ano de 2014 foi o do quase fechamento do círculo iniciado há perto de uma década, apenas faltando o foguetório final reservado para meados de 2015, em pleno período pré-eleitoral.
Nuno Crato foi o mais desastroso ministro da Educação dos últimos 20 anos, pois, ao contrário de Maria de Lurdes Rodrigues, quando assumiu a pasta tinha os professores e a opinião pública do seu lado.
Agora, resta a indiferença, pois já nem animosidade consegue verdadeiramente despertar, ao contrário da iniciadora das políticas que ele aprofundou.
Pelo caminho, perdemos todos e perdeu o país, mas só saberemos disso quando ele estiver bem longe e ao abrigo de qualquer responsabilização. Ele, os seus mandantes e mais os homens dos interesses que deixou vicejar em torno do orçamento do seu ministério


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