(Ferreira Fernandes - DN)
O ministro do
Orçamento francês, Jérôme Cahuzac saiu, há semanas, do Governo de François
Hollande.
Um site de jornalismo de investigação, o Mediapart, revelara que ele
possuiu durante anos, até 2010, uma conta no banco suíço UBS, que nunca foi
declarado ao fisco.
Para um ministro do Orçamento, mesmo para pecado passado,
era um forte abuso, sobretudo em tempos em que os cidadãos não são poupados
(também em França) à austeridade.
Cahuzac demitiu-se, mas "isso não mudava
nada à sua inocência nem ao carácter caluniador das acusações", disse ele
no comunicado em que abandonava o cargo.
O Governo suspirou de alívio (as
sondagens não têm andado boas para Hollande) e agradeceu o sacrifício de Jérôme
Cahuzac.
Já têm acontecido assim a políticos, momentos maus, atitude nobre e,
no futuro, o reconhecimento pelo seu gesto (mesmo que nada viesse depois a
desmentir ou confirmar os factos iniciais da sua queda).
Acontece, porém, que
talvez estejamos em novos tempos, a ira dos debaixo já não deixa que as coisas
se arrastem até ao esquecimento.
A investigação (jornais e juízes) continuaram:
e, sim, era verdade a história da conta suíça.
Ontem, Cahuzac confessou-se "arrasado
de vergonha."
Mas, neste ponto, já era uma confissão indecente.
Há um
lição a tirar: por estes tempos, os homens públicos rezem para não serem
apanhados em falcatruas e, sendo, confessem logo. Os tempos não estão para
vamos lá ver se isto passa. Pelo menos algures.
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