O número de vezes que Passos Coelho garantiu que "este Governo não pedirá mais tempo nem mais dinheiro" à UE e FMI só deve ser comparável ao número de vezes que, durante a campanha eleitoral, garantiu que, com o PSD no Governo, não haveria aumentos de impostos. Só que se soube que, enquanto Passos Coelho garantia isso, o seu Governo ia desenvolvendo contactos para... pedir mais tempo e mais dinheiro.
O empobrecimento do país que o actual primeiro-ministro se propõe (ele próprio o confessou, num dia em que, como o outro, se achou mais pachorrento) tem sido marcado por tantos e tão lamentáveis episódios que a conversa de Vítor Gaspar com o ministro alemão das Finanças sobre a renegociação do programa da "troika", gravada pela TVI, suscitou só uma polémica mansa, logo esquecida mal surgiu a polémica seguinte.
Passos Coelho nem sequer é original; a mentira tornou-se coisa "normal" na prática política. A sua única originalidade é talvez o facto de ter sido eleito acusando o anterior primeiro-ministro de mentir.
A UE, porém, leva as aparências a sério. Assim, decidiu suspender por um mês o jornalista da TVI que apanhou Gaspar a dizer em voz baixa o contrário do que diz em voz alta. E na reunião de ontem do Eurogrupo já pôs em vigor novas regras limitativas do trabalho dos jornalistas. Era o que faltava, que os media revelassem verdades, em vez de serem câmaras de eco acríticas das declarações oficiais.
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