João Delgado (in vermelhos.net)
Luís Filipe Menezes falou hoje, na Antena 1, em defesa da supressão da folga carnavalesca, aduzindo os habituais argumentos “austeritários”, mas juntando-lhe, entusiasmado com a sua própria verve, uma nota arrebatadora: que os funcionários públicos, suprema malandragem, nem sequer aproveitam a terça-feira gorda para assistir a algum corso, dedicando-se antes a actividades diversas, não directamente relacionadas com o entrudo.
A fazer escola, a teoria “menesiana” teria interessantes efeitos, começando desde logo com o primeiro de janeiro, que só deveria ser feriado para quem provasse um estado de alcoolemia igual ou superior a 0.5, ou seja, que não passou o réveillon a ler Proust, mas sim a virar uns coquetails e espumosos próprios da época. Claro que na Páscoa só seria permitido folgar a quem recebesse o compasso em casa, podendo mesmo limitar-se esse direito aos que entregassem ao senhor prior um envelope com uma quantia superior a um valor pré-determinado.
Mutatis mutandis, os calaceiros não folgariam em Maio - podendo alargar-se o castigo aos desempregados e precários -, os monárquicos teriam trabalhinho certo em Outubro, e no Natal apenas as virgens beneficiariam de merecido descanso.
De tudo isto, poderia resultar um único aspecto positivo, o de ser proibido a canalhas como LFM comemorar o 25 de Abril!
Porque já o Sérgio nos avisava:
Se eu mandasse neles
os teus trabalhadores
seriam uns amores
greves era só
das seis e meia às sete
em frente a um cassetete
primeiro de Maio
só de quinze em quinze anos
feriado em Abril
só no dia dos enganos
e reivindicações
quanto baste ma non troppo
anda, bebe mais um copo
arranja-me um emprego
Sem comentários:
Enviar um comentário
Este blogue é gerido por Zé da Silva.
A partilha de ideias é bem vinda, mesmo que sejam muito diferentes das minhas. Má educação é que não.