sábado, 1 de outubro de 2011

O pão e o pau

(JN)

A propósito dos sacrifícios que o Governo vem impondo a trabalhadores, pensionistas, pobres e desempregados, Francisco Van Zeller, ex-patrão dos patrões, manifestou-se certo de que (disse-lho um passarinho) "não podemos evitar que haja manifestações na rua".
Se não "éramos um povo de molengas". "Já viu o ridículo que era este povo aceitar os sacrifícios e não ir para a rua, não fazer um desfile?" "Parecíamos parvos ou mortos."
Passos Coelho parece ter a mesma opinião e não acreditar que o Ministério da Caridade, por mais movimentos nacionais femininos que crie, resolva o assunto. Por isso, falando em Campo Maior no encerramento da "Festa do povo", deixou um solene aviso ao dito povo: "Pode haver quem se entusiasme com as redes sociais e com aquilo que vê lá fora, esperando trazer o tumulto para as ruas de Portugal", mas esses descobrirão "que também sabemos decidir".



E não foi preciso esperar muito para o ver "decidir": no Orçamento para 2012, o Ministério das polícias (vulgo da Administração Interna) é o único que, além de não sofrer cortes, será ainda reforçado com mais 400 milhões de euros. Parece, pois, que é com mais polícias e mais dinheiro para as polícias, que o Governo pensa resolver o problema de (citando fonte do executivo) "mais desemprego, mais carências e menos prestações sociais".


O povo é pobre e mal agradecido, sobretudo se lhe tiram o pão e, por isso, o melhor é preparar o pau.

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