segunda-feira, 24 de outubro de 2011

José Pacheco Pereira no seu Abrupto

 
 
Lançar o odioso sobre os funcionários públicos é uma política à Sócrates. Sócrates na sua fase de "controlo do deficit" também fez o mesmo, colocando juízes e magistrados contra o "povo", professores contra o "povo", "médicos" contra o "povo". O caso dos professores foi paradigmático: alienou os sectores da classe favoráveis à reforma, mesmo que minoritários, colocando-os do lado dos que recusavam qualquer alteração, gerou uma forte consciência corporativa e tornou as escolas ingovernáveis. Colocar os funcionários públicos como um alvo gera exactamente os mesmo efeitos.

Um funcionário público que ganha 1000 euros ilíquidos é tão "rico" ou tão "pobre" como um trabalhador do sector privado com o mesmo salário. Isto no passado, porque hoje já é mais "pobre" e discriminado. O argumento de que o seu emprego está garantido é também falacioso, principalmente quando na mesma frase se fala dos cortes salariais e da necessidade de despedimentos na função pública. Ou seja, os mesmos governantes que falam do privilégio de ter o emprego garantido no principio da frase, acabam a frase admitindo com naturalidade que afinal não é bem assim.

Já que se quer a verdade ela é simples: é mais fácil e eficaz cortar nos funcionários públicos, nos salários, nas regalias, no emprego.

Segunda verdade: os governos seguem sempre a linha de menor esforço.
 
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Terceira verdade (digo eu): há algum funcionário público que tenha apontado uma pistola a alguém para o ser ou para obter os pretensos privilégios? Se alguém souber de algum que não tenha passado pelos crivos ministeriais ou autárquicos, diga-o, por favor. Ou preferem apontar culpados que não têm culpa nenhuma?!
 

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