terça-feira, 2 de agosto de 2011

A tentação totalitária


 (JN)

O"Der Spiegel" publica uma notícia a vários títulos inquietante, não só dando conta do recrudescimento nazi na Alemanha mas ainda do meio que as autoridades alemãs ponderam para evitar que os país neo-nazis instilem as suas ideias nos filhos: retirar-lhes as crianças.

Relatórios policiais têm revelado a existência na Alemanha de numerosas escolas e campos de férias organizados como os da Juventude Hitleriana onde os filhos de neo-nazis estudam o "Mein Kampf", são estimulados a admirar "heróis" como Hitler, Goering e Goebbels, cantam canções nazis e aprendem o ódio aos judeus e outras "raças inferiores".

Sou dos que pensam que o Estado democrático tem o dever de proteger as crianças de serem sujeitas a uma educação fundada em valores monstruosos como os da superioridade rácica e da violência xenófoba. Mas não posso deixar de pensar que tirar os filhos aos pais e pô-los sob tutela do Estado seria o que fariam (e fizeram) os nazis e de me interrogar se, como no sermão de Niemoller, a seguir aos filhos dos nazis não viriam os dos comunistas, depois os dos muçulmanos, depois os dos ateus, e por aí fora.

Julgo que existem razões para temermos pelo sistema democrático quando as democracias cedem à tentação totalitária para se defenderem. Como disse o primeiro-ministro norueguês quando dos atentados de Oslo e Utoya, a resposta das democracias contra os demónios totalitários só pode ser mais democracia.

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