sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Faroeste





Na linha do comboio objectos vários impedem a passagem das composições. De repente um grupo armado com barras de ferro e o rosto tapado dirige-se para os vagões e pilha-os. Às vezes assaltam também os passageiros e vandalizam as carruagens.

Poderia ser a cena tantas vezes vista nos westerns,mas não é.

Porque os assaltos a comboios a que me refiro têm acontecido recentemente em França, sobretudo na zona de Marselha. O último destes ataques teve lugar já neste mês de Julho de 2011, mas desde 2004 que em França se registam assaltos deste género a comboios.




Quantas notícias tivemos em Portugal sobre estes ataques? Praticamente nenhuma.
Uma outra breve sobre o roubo de cabos que, em França, tem sido responsável por atrasos na circulação ferroviária e mais nada. Ataques a comboios franceses só são noticiados se ocorrerem no Líbano ou no Iraque (entendendo-se aqui por comboios as colunas de camiões militares).

À semelhança do que acontece com o terrorismo, também a imagem de bandos provenientes daquilo que os franceses designam como “cidades sensíveis” assaltando comboios não é compatível com aquilo que se convencionou noticiar sobre a Europa e com a imagem que os europeus têm da Europa.

E por isso, quase invariavelmente, os passageiros e funcionários destas composições, após estes assaltos declaram que parecia o faroeste. Dava jeito que fosse lá longe e no passado, mas é aqui bem próximo no tempo e no espaço.

*PÚBLICO - Helena F. Matos - lido em Blasfémias - 3 Agosto, 2011 – 10:44

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